Militares de Mianmar mataram pelo menos 6.700 rohingyas, afirma ONG
Alkis Konstantinidis - 11.dez.2017/Reuters | ||
Rohingyas tentam se abrigar da chuva enquanto esperam por cobertores em campo em Bangladesh |
As autoridades de Mianmar mataram pelo menos 6.700 pessoas em sua a��o militar contra os rohingyas, etnia mu�ulmana perseguida no pa�s asi�tico, iniciada em agosto, segundo relat�rio que ser� divulgado nesta quinta-feira (14) pela organiza��o M�dicos Sem Fronteiras.
A ofensiva no Estado de Rakhine, no sudoeste birman�s, levou � fuga de cerca de 620 mil pessoas para o vizinho Bangladesh, segundo a ONU, o que equivale a 60% dos rohingyas que viviam na regi�o. As Na��es Unidas e os EUA acusam as autoridades de Mianmar de limpeza �tnica.
Foi com base no relato desses refugiados que a M�dicos Sem Fronteiras fez sua pesquisa em seis acampamentos no distrito bengal�s de Cox's Bazar que t�m popula��o estimada de 608.108 pessoas, das quais 83% chegaram a partir de 25 de agosto, quando come�ou a a��o militar.
A partir da amostragem feita com 2.434 fam�lias, a organiza��o estima que 9.000 pessoas morreram em Rakhine durante a opera��o militar, incluindo os 6.700 mortos de forma violenta.
Das v�timas diretas dos militares, 69,4% foram baleadas, enquanto as demais foram alvo de outros atos violentos, como queima de pessoas trancadas em casas, sequestros, decapita��es e viol�ncia sexual.
Um em cada dez mortos pelas for�as birmanesas era crian�a menor de cinco anos. Nesse grupo, 60% morreram baleadas. A organiza��o avalia, por�m, que os n�meros estejam subestimados porque n�o contabilizam os mortos cujas fam�lias ainda est�o em Mianmar.
"O que descobrimos foi assombroso, tanto pelo n�mero de pessoas que relataram que um membro da fam�lia morreu devido � viol�ncia quanto por causa das maneiras terr�veis pelas quais elas disseram que os parentes foram mortos ou gravemente feridos", disse o diretor m�dico da M�dicos sem Fronteiras, Sidney Wong.
As entrevistas foram realizadas entre 27 de maio e 30 de outubro, mas a maioria das mortes ocorre depois do in�cio da ofensiva das for�as birmanesas em Rakhine.
Para a organiza��o, o massacre � uma prova de que os membros da etnia isl�mica n�o devem voltar a Mianmar, como prev� um acordo assinado entre as autoridades birmanesas e de Bangladesh.
"Os rohingyas n�o devem ser for�ados a retornar, e sua seguran�a e direitos precisam ser garantidos antes que tais planos possam ser seriamente considerados", avalia a M�dicos sem Fronteiras.
O relat�rio � divulgado um dia depois de a Comit� Internacional da Cruz Vermelha estimar que 180 mil rohingyas permanecem na �rea mais conflagrada de Rakhine, onde continuam as tens�es entre a minoria mu�ulmana e a maioria budista.
Segundo a entidade, os budistas impedem os rohingyas de reabrir seus estabelecimentos comerciais. Cerca de 150 mil receberam ajuda humanit�ria da Cruz Vermelha.
Livraria da Folha
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenci�rio
- Livro analisa comunica��es pol�ticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis