O juiz federal argentino Claudio Bonadio, que investiga acusa��es de obstru��o de Justi�a e de encobrimento de investiga��es contra a gest�o Cristina Kirchner, pediu nesta quinta-feira (7) a retirada do foro privilegiado da ex-presidente, hoje senadora.

Ele tamb�m ordenou a pris�o preventiva de alguns membros da c�pula do gabinete kirchnerista e restringiu a circula��o de outros.

O primeiro a ser detido foi o ex-secret�rio legal e t�cnico Carlos Zaninni, bra�o direito de Cristina, levado pela pol�cia de sua casa em R�o Gallegos (Patag�nia), no meio da madrugada.

Tamb�m foi determinada a pris�o preventiva do ex-chanceler Hector Timerman, s� que este em regime domiciliar, devido a seu estado de sa�de. Al�m disso, receberam proibi��es de sair do pa�s o ex-chefe de intelig�ncia Oscar Parrilli e o deputado kirchnerista Andr�s Larroque.

Eles s�o acusados de livrar de investiga��es iranianos supostamente vinculados ao atentado contra a Associa��o Mutual Israelita Argentina (AMIA), que matou 86 pessoas em 1994.

Essa anistia teve como contrapartida a assinatura de um tratado de com�rcio entre Argentina e Ir� —depois considerado inconstitucional.

O caso ganhou repercuss�o internacional, uma vez que muitos dos que estavam na lista dos acusados eram procurados pela Interpol. O governo foi criticado pela oposi��o e alegava estar atuando dessa maneira devido � crise econ�mica e � necessidade de atrair investimentos estrangeiros ao pa�s.

A acusa��o que fundamentou as decis�es do juiz Bonadio procede da den�ncia que o promotor Alberto Nisman (1963-2015) leria para o Congresso nacional um dia depois de ter sido encontrado morto em seu apartamento.

Per�cia recente d� conta de que Nisman foi assassinado, embora n�o se tenha estabelecido quem o teria matado e quem teria sido o mandante.

Ap�s a morte de Nisman, por�m, a pr�pria Cristina, ent�o presidente, determinou que a den�ncia fosse levada adiante e investigada.

FUTURO DE KIRCHNER

A situa��o da ex-presidente agora ficou um pouco mais complicada. Al�m do caso de encobrimento e obstru��o de Justi�a, ela � acusada de especular com o d�lar de posse de informa��o privilegiada, de enriquecimento il�cito no per�odo em que ela e o marido, N�stor, estiveram no poder (2003-2015), de tr�fico de influ�ncia e de lavagem de dinheiro por meio dos hot�is que pertencem � fam�lia, no sul do pa�s.

Se considerada culpada na causa da AMIA, poder� tamb�m ser acusada de trai��o � p�tria, crime cuja pena vai de dez anos a pris�o perp�tua.

"Me acusar de trai��o � um desvario judicial", disse a senadora, em entrevista coletiva na qual atacou seu sucessor na Casa Rosada. "Mauricio Macri � o condutor da orquestra e Bonadio executa a partitura, que tem como objetivo assustar e aniquilar a popula��o, os movimentos sociais e a oposi��o."

Como foi eleita em outubro e tomou posse no Senado na semana passada, Cristina s� poder� ir a julgamento por qualquer dessas causas na eventualidade de seu foro privilegiado ser retirado.

O primeiro passo j� foi dado, por meio de um pedido de Bonadio ao Congresso. Este, agora, deve formar uma comiss�o que tem at� 60 dias para deliberar se leva ou n�o o caso para vota��o do Parlamento.

Se essa consulta ocorrer e for decidido que a ex-presidente n�o tem mais o foro privilegiado, poder� ent�o ir presa preventivamente e responder os processos em que est� envolvida.

Tamb�m na quinta, foram presos outros l�deres de agrupa��es kirchneristas que teriam participado do toma l�, d� c� com o Ir�. Espera-se que, a partir desta sexta-feira (8), prestem novas declara��es � Justi�a.

A oposi��o kirchnerista reagiu � ordem judicial. O deputado Agust�n Rossi disse que se trata de "uma tentativa de aniquilar a oposi��o, uma persegui��o pol�tica, e por tr�s dela est� Mauricio Macri".

Agrupa��es kirchneristas planejavam para as 20h (21h de Bras�lia), na Pra�a de Maio, uma manifesta��o contra as pris�es.