Comunistas marcham em Moscou para lembrar centen�rio da Revolu��o
Sergei Karpukhin/Reuters | ||
Manifestantes participam de marcha comunista em Moscou na ter�a (7) para celebrar efem�ride |
A Revolu��o Bolchevique de Outubro de 1917 completa um s�culo nesta ter�a (7) sem grandes eventos na R�ssia, pa�s ber�o do levante. A data foi intencionalmente ignorada pelo governo, esquecida pela popula��o e timidamente celebrada pelos comunistas.
O Partido Comunista da Federa��o Russa (KPRF) organizou uma marcha no centro de Moscou reunindo os correligion�rios russos e os estrangeiros que viajaram at� a R�ssia para a celebra��o da efem�ride.
Al�m da onipresente bandeira vermelha comunista, as bandeiras do Brasil e da Catalunha foram as mais presentes na marcha do centen�rio da Revolu��o Bolchevique. As delega��es de It�lia, Gr�cia, Turquia, Argentina, Chile, China, Cuba e Vietn� tamb�m eram numerosas.
Os p�steres de Vladimir L�nin (1870-1924) disputavam em popularidade com os do ditador Josef St�lin (1878-1953), do guerrilheiro Che Guevara (1928-67) e, em menor escala, do fil�sofo socialista Karl Marx (1818-83).
A Prefeitura de Moscou fixou um limite de 5.000 participantes para a manifesta��o, mas o espa�o reservado para ela n�o estava completamente cheio, apesar da presen�a de comitivas comunistas de todo o mundo.
As pautas pol�ticas nacionais foram lembradas durante o encontro. Os comunistas brasileiros, por exemplo, aproveitaram a marcha para demonstrar descontentamento com o governo Temer. Os gritos de "Fora, Temer" ecoaram diversas vezes.
Em entrevista � TV estatal russa, o deputado estadual Eliomar Coelho (PSOL-RJ) disse que "n�s vivemos em um mundo comandado pelas pol�ticas neoliberais, que n�o est�o resolvendo problema nenhum do mundo". Para ele, a luta dos bolcheviques continua v�lida. A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) tamb�m est� na capital russa.
Em seu perfil em redes sociais, ela disse que "a luta oper�ria � mais necess�ria do que nunca", lembrando que "faltam quatro dias para o in�cio da reforma trabalhista no Brasil".
Os espanh�is criticaram a maneira como o governo central est� gerindo a crise catal�. "Libertem todos os presos pol�ticos catal�es", pedia uma das faixas.
SAUDOSISMO
Os comunistas russos gritavam "R�ssia sem Putin" ou palavras de ordem contra a corrup��o dos governos federal e regional.
"O governo est� roubando nosso dinheiro, e estamos perdendo as conquistas sovi�ticas. Nossa educa��o e nossa sa�de nunca estiverem t�o deterioradas", afirmou a sexagen�ria Olga Lementova, que carregava um p�ster de St�lin e uma imagem religiosa. "Durante o comunismo, a vida era melhor e sem estes ladr�es."
O Partido Comunista russo � o segundo maior do pa�s, mas n�o faz uma oposi��o consistente ao partido governista R�ssia Unida, de Vladimir Putin.
Durante o per�odo em que existiu a Uni�o Sovi�tica (1922-91), o 7 de novembro era um feriado popular e o governo organizava um pomposo desfile militar na Pra�a Vermelha. A data festiva foi mantida nos primeiros anos ap�s o fim da URSS.
Desde 2005, sob o governo Putin, 7 de novembro passou a ser dia �til, e o desfile da gl�ria da revolu��o foi substitu�do por uma parada militar patri�tica, reencenando o 7 de novembro de 1941, quando o Ex�rcito Vermelho marchou sobre a pra�a hom�nima antes de rumar para o front de combate com os nazistas, na Segunda Guerra Mundial.
O feriado da Revolu��o Bolchevique foi ent�o transformado em data de celebra��o da vit�ria sovi�tica contra os nazistas. Para que os russos n�o ficassem sem o dia de descanso, o governo instituiu um novo feriado —Dia da Unidade, em 4 de novembro, que celebra uma vit�ria militar do s�culo 17.
A m�dia russa seguiu o tom cr�tico e desinteressado do Kremlin em rela��o ao centen�rio da eclos�o do movimento.
O jornal oficial "Rossiskaya Gazeta" publicou um artigo de opini�o em que se diz que L�nin criou um projeto alternativo global, mas que "o projeto acabou sendo um grande fracasso".
O "Fontanka", ve�culo online russo, destacou que, em S�o Petersburgo, o Partido Comunista russo celebrou a revolu��o hospedada em hot�is gr�-finos e com banquetes.
A revista russa "Ogonyok" diz que "o golpe de outubro n�o foi uma revolu��o, mas uma contrarrevolu��o". Para o ve�culo, a Revolu��o de Outubro anulou as conquistas pol�ticas e sociais que a R�ssia havia conseguido antes e depois de fevereiro de 1917.
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