Ataque mostra que estabilidade na Som�lia era ilus�ria
Quando o presidente Mohamed Abdullahi Mohamed foi eleito em fevereiro deste ano, parecia que finalmente a Som�lia poderia deixar de ser um "Estado fracassado".
O pa�s passara 20 anos sem um governo funcional e grande parte do territ�rio estava em guerra. Mohamed —conhecido pelo apelido Farmaajo, derivado da palavra queijo em italiano, formaggio— era um candidato popular e aparentemente menos corrupto.
Diferentemente do que ocorreu em outras elei��es, em fevereiro n�o houve nenhuma grande manifesta��o —ou atentado— da fac��o terrorista Al Shabaab em repres�lia ao pleito.
Esperan�osos, muitos exilados somalis come�aram a voltar para o pa�s.
O governo do Qu�nia se aproveitou da onda de otimismo para acelerar a repatria��o de refugiados somalis vivendo em Dadaab, um dos maiores campos de refugiados do mundo, com 240 mil pessoas.
Segundo o governo queniano, a Som�lia estava se tornando um pa�s est�vel e podia agora receber de volta seus cidad�os - apesar da seca que mais uma vez amea�ava espalhar a fome no pa�s e dos protestos do alto comissariado da ONU para refugiados.
Por causa da seca, 700 mil pessoas tiveram de fugir de suas casas em busca de �gua e alimentos em 2017 (em 2011, 250 mil morreram de fome).
O atentado do s�bado (14) —atribu�do � Al Shabaab, embora a mil�cia ainda n�o tenha reivindicado a autoria— mostra que a estabilidade na Som�lia � ilus�ria.
Desde 2011, tropas da Uni�o Africana travam uma batalha contra os extremistas do Al Shabaab, com ajuda de ataques a�reos e de drones americanos.
O Al Shabaab surgiu como um bra�o jovem do governo da Uni�o dos Tribunais Isl�micos, que controlava a capital Mogad�cio em 2006, antes de ser derrubado por tropas et�opes. O grupo passou a ser uma mil�cia independente e combater o governo somali e as tropas da Uni�o Africana.
Os extremistas tamb�m fazem atentados no Qu�nia —em 2015, na universidade de Garissa, deixaram 148 mortos.
Os extremistas vivem de cobran�a de propinas de contrabando em caminh�es.
Feisal Omar - 14.10.2017/Reuters | ||
Civis carregam corpo de homem morto em explos�o em Mogad�cio, na Som�lia |
Adeptos do wahhabismo, vers�o fundamentalista do Isl� disseminada pelos sauditas, imp�em a sharia, a lei radical isl�mica, onde est�o presentes. Mulheres ad�lteras eram apedrejadas e acusados de roubo podiam ter as m�os cortadas. Originalmente, a maioria dos somalis seguia a vertente sufista do islamismo, mais liberal.
As tropas africanas, com apoio dos americanos, haviam conseguido enfraquecer a Al Shabaab no �ltimos anos. Em 2011, os extremistas controlavam 55% do territ�rio do pa�s, e no final de 2016, estavam restritos a cerca de 10% do pa�s. As mil�cias recuaram das grandes cidades e estavam confinadas na zona rural do pa�s.
Mas, nos �ltimos meses, a fac��o voltou a ganhar terreno e conquistou v�rias cidades nos sub�rbios de Mogad�cio, al�m de manter sua presen�a no sul e leste do pa�s. O ataque de s�bado, maior da hist�ria da Som�lia, demonstra que a Al Shabaab est� longe de ser derrotada.
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