Rebeldes declaram cessar-fogo para conter crise humanit�ria em Mianmar
Munir Uz Zaman/France-Presse | ||
Rhohingyas buscam alimentos em um dos campos de refugiados em Bangladesh |
Insurgentes rhohingya declararam cessar-fogo unilateral de um m�s, a partir de domingo (10), para que grupos de ajuda consigam amenizar a crise humanit�ria que se instalou no noroeste de Mianmar.
Desde de o dia 25 de agosto, quando 150 rebeldes do grupo Ex�rcito de Salva��o Arakan Rohingya atacaram 30 postos policiais e uma base do Ex�rcito e militares lan�aram uma contraofensiva, cerca de 300 mil rhohingyas fugiram para Bangladesh e 30 mil civis n�o mu�ulmanos foram deslocados dentro de Mianmar.
A maior parte daqueles que buscam ref�gio pertencem � minoria rohingya, de religi�o mu�ulmana. Com maioria budista, Mianmar � marcado pela influ�ncia de monges radicais que denunciam os mu�ulmanos como uma amea�a.
Em comunicado, os rebeldes disseram encorajar "fortemente todos os atores humanit�rios a retomar a assist�ncia �s v�timas, independentemente de origem �tnica ou religiosa, durante o per�odo de cessar-fogo".
O governo local havia restringido o acesso de grupos humanit�rios, acusados pelo governo de Mianmar de alimentar insurgentes.
"A ONU (Organiza��o das Na��es Unidas) e as ONGs n�o foram bem-vindas em Rakhine. Eles n�o s�o capazes de operar e garantir a seguran�a de seus funcion�rios e volunt�rios", disse Joy Singhal, da Federa��o Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
Em entrevistas realizadas em Bangladesh pelo Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR), rohingyas contaram que casas queimadas, estupros, torturas, assassinatos, deten��es ilegais e desapari��es for�adas s�o pr�ticas recorrentes. S� nas �ltimas duas semanas, milhares de moradias foram queimadas em dezenas de aldeias, o que for�ou a fuga da popula��o.
Por outro lado, o comando militar birman�s culpa os rebeldes por terem incendiado as casas e nega haver opress�o contra a minoria.
Segundo dados oficiais de Mianmar, mais de 430 pessoas morreram at� o momento, incluindo 370 "terroristas" rohingyas –como foram chamados pelo governo.
PERSEGUIDOS
Os rohingyas s�o uma minoria de f� mu�ulmana que se concentra no Estado de Rakhine, no noroeste de Mianmar. J� foram considerados pela ONU como a "minoria mais perseguida do mundo".
De maioria budista, Mianmar � marcado pela influ�ncia de monges radicais que denunciam rohingyas como amea�a. Muitos birmaneses alegam que eles s�o uma etnia implantada durante a coloniza��o brit�nica, que trouxe milhares de trabalhadores mu�ulmanos de Bangladesh.
Uma lei de 1982 retirou a cidadania do rohingyas.
Como ap�tridas, eles n�o t�m acesso a servi�os b�sicos, como educa��o e sa�de, e s�o proibidos de votar. Em Rakhine, a lei os pro�be de ter mais que dois filhos e os obriga a fazer trabalhos for�ados.
Desde o aumento da viol�ncia no Estado de Rakhine, em outubro de 2016, Aung San Suu Kyi tem sido criticada pela comunidade internacional por n�o denunciar a persegui��o aos rohingya.
No ano passado, v�rios laureados com o Nobel -Malala Yousafzai, Desmond Tutu e 11 outros- assinaram carta aberta "alertando para um potencial genoc�dio".
Em entrevista � BBC em abril deste ano, Suu Kyi afirmou que o termo "limpeza �tnica" era "muito forte" para descrever a situa��o. Em outras ocasi�es, repetiu o argumento da junta de que os rohingya estariam vivendo ilegalmente em Mianmar.
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