Brasil ficar� de fora do Conselho de Seguran�a da ONU ao menos at� 2033
O Brasil vai ficar ao menos at� 2033 fora do Conselho de Seguran�a das Na��es Unidas, porque n�o apresentou candidatura nos �ltimos anos. Mais alta inst�ncia da ONU, o grupo tem como objetivo cuidar da seguran�a e da paz internacionais.
A aus�ncia simboliza uma mudan�a radical na pol�tica externa brasileira. No governo de Luiz In�cio Lula da Silva (2003-2010), a diplomacia tinha ambi��es de mediar a paz entre israelenses e palestinos e chegou a apresentar uma proposta de acordo, em conjunto com a Turquia, para resolver a quest�o do programa nuclear do Ir�.
Li Muzi - 28.fev.2017/Xinhua | ||
Membros do Conselho de Seguran�a da ONU vota san��es ao regime s�rio por uso de armas qu�micas |
J� sob Dilma Rousseff (2011-2016), n�o houve nem sequer interesse de fazer parte do Conselho. "O Brasil foi do 80 para o 8", diz um funcion�rio do governo.
O Conselho tem cinco vagas permanentes, ocupadas por China, Reino Unido, Estados Unidos, Fran�a e R�ssia. Outras dez vagas s�o rotativas e alocadas por regi�o —5 para �frica e �sia, 1 para o Leste Europeu, 2 para Am�rica Latina e Caribe e 2 para Europa Ocidental e outros.
Cada regi�o chega a um consenso e apresenta um candidato para um mandato de dois anos. As candidaturas s�o apresentadas com muitos anos de anteced�ncia.
A �ltima vez que o Brasil ocupou uma das vagas rotativas foi no bi�nio 2010-2011. Desde alguns anos antes disso, o pa�s n�o apresentou mais candidatura e, como resultado, n�o ter� "vaga" pelo menos at� 2033, segundo a Folha apurou.
O assunto foi discutido no s�bado (11), na primeira reuni�o entre o rec�m-empossado chanceler Aloysio Nunes Ferreira e o alto escal�o do Itamaraty.
"� um sintoma do encolhimento do pa�s no cen�rio internacional", afirma outro funcion�rio. "Por um misto de descaso e barbeiragem, o Brasil perde capacidade de influenciar o �rg�o de maior for�a na ONU."
Com isso, o pa�s ficar� ausente do Conselho por 22 anos —per�odo mais longo do que os 20 anos de aus�ncia no �rg�o entre 1968 e 1988 (veja quadro abaixo), boa parte deles sob ditadura militar.
"Mas na ditadura o pa�s n�o se candidatou porque n�o queria que o tema da tortura viesse � tona", diz Matias Spektor, colunista da Folha e professor de Rela��es Internacionais da FGV.
"� p�ssimo o Brasil ficar de fora por tanto tempo; temos tradi��o em participar, e a cadeira rotativa nos permite expressar nossa concep��o de ordem internacional."
Entre outras atribui��es, o CS imp�e san��es a pa�ses, como j� fez com o Ir� diversas vezes, por causa do programa nuclear iraniano; determina o envio de for�as de paz, como ocorreu no Congo e Haiti, e pode abrir caminho para invas�es militares, como na L�bia em 2011.
PLEITO BRASILEIRO
Uma das principais bandeiras da pol�tica externa brasileira nos �ltimos anos era justamente a reforma do CS para ampliar o n�mero de membros permanentes e torn�-lo "mais leg�timo e representativo". S� os membros permanentes t�m poder de vetar resolu��es do �rg�o.
O Brasil tem um pleito hist�rico de ser um membro permanente num CS ampliado, com o argumento de que a mudan�a refletiria melhor a atual import�ncia dos pa�ses emergentes.
A aus�ncia do Brasil nos assentos rotativos do CS n�o afeta diretamente esse pleito, mas tampouco ajuda. Se o Brasil n�o manifesta nem o interesse por uma vaga tempor�ria, fica dif�cil levar a s�rio a press�o por reforma do CS, dizem observadores.
Existe uma possibilidade para o Brasil estar no CS antes de 2033 —algum outro pa�s da Am�rica Latina desistir de sua candidatura. Mas isso teria de ser negociado.
Procurado, o Itamaraty n�o respondeu aos questionamentos da Folha at� a conclus�o desta edi��o.
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Editoria de Arte/Folhapress | ||
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