Em cerim�nia simples, governo e Farc assinam novo acordo na Col�mbia
O governo colombiano e as Farc (For�as Armadas Revolucion�rias da Col�mbia) assinaram, na manh� desta quinta (24), o novo acordo de paz, renegociado ap�s o tratado original ter sido rejeitado nas urnas em plebiscito, no �ltimo dia 2 de outubro.
A cerim�nia ocorreu no Teatro Col�n, em Bogot�, fechada e apenas para convidados e representantes dos chamados "pa�ses de garantia" e "pa�ses acompanhantes" (Cuba, Noruega, Venezuela e Chile). N�o houve convites para presidentes de pa�ses da regi�o.
Cesar Carrion/AFP Photo | ||
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Juan Manuel Santos assina acordo de paz com as Farc no teatro Col�n, em Bogot� |
Muito mais r�pida e solene (durou pouco menos de uma hora), a cerim�nia contrastou com a imensa festa de dois dias da assinatura do primeiro acordo, em 26 de setembro, em Cartagena, poucos dias antes de que o mesmo fosse derrotado pelas urnas.
Aos gritos de "Sim, se pode", foram recebidos no palco os integrantes das equipes negociadoras do governo e das Farc. O primeiro a assinar o documento foi o l�der da guerrilha, Rodrigo "Timochenko" Londo�o.
Em seu discurso, disse que "a guerrilha n�o quer usar mais as armas e sim as palavras para transmitir suas ideias". Disse que, ao ouvir os distintos grupos de defensores do "n�o" chegou � conclus�o de que � necess�rio implementar um di�logo nacional que elimine "n�o s� a viol�ncia, mas tamb�m os estigmas e a intoler�ncia". E defendeu "o direito de dissentir, mas de forma civilizada."
"Timochenko" tamb�m fez um pedido ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump, para que o processo de paz "siga contando com o apoio de Washington".
Depois, foi a vez do presidente colombiano e Nobel da Paz Juan Manuel Santos, que tamb�m assinou o documento e, em seu dicurso, refor�ou mais de uma vez que, ap�s a derrota em 2 de outubro, ouviu todas as vozes dissonantes que votaram pelo "n�o", de l�deres pol�ticos a religiosos e tinha a convic��o de ter levado em conta todas as suas preocupa��es.
"Tenho certeza de que este � um acordo melhor, porque incorpora a imensa maioria dos desejos dos colombianos, mas preserva os objetivos essenciais do acordo de Cartagena."
Num recado aos que criticam o acordo por supostamente promover a impunidade, pois n�o prev� penas de pris�o de nenhum tipo, reafirmou que os "crimes de lesa humanidade ser�o julgados e haver� condena��es", e acrescentou ainda que "as v�timas ser�o reparadas com os bens que as Farc conseguiram de forma il�cita".
Depois, afirmou que entregar� ao Congresso o acordo e espera que este o referende ainda na semana que vem, sem determinar o dia. N�o foram dados detalhes tamb�m se a vota��o ser� por maioria simples ou se ser� usado um mecanismo de "fast track", ou seja, de aprova��o r�pida, inclu�do no Ato Institucional pela Paz, aprovado pelo Congresso no ano passado e referendado pela Justi�a.
Tamb�m em resposta aos cr�ticos que pediam um novo plebiscito, Santos diz reconhecer no Congresso "a representa��o m�xima da sociedade colombiana. S�o pol�ticos eleitos pelo voto e representam diretamente o povo."
Pediu tamb�m que os parlamentares aprovem o acordo rapidamente porque h� uma "urg�ncia pela paz, Com o fim do cessar-fogo, estamos vendo desmoronar nosso esfor�o com epis�dios de viol�ncia. N�o podemos deixar que a guerra retorne".
O presidente ainda anunciou que, assim que o acordo for aprovado pelo Congresso, as Farc se dirigir�o aos acampamentos designados previamente para sua concentra��o, enquanto esperam julgamento ou libera��o.
Come�ar�, ent�o, a entrega de armas em tr�s fases. "Em 150 dias, todas as armas das Farc estar�o em poder das Na��es Unidas", afirmou, no que foi amplamente aplaudido.
GRUPO DO N�O
Quatro horas depois, em sess�o no Congresso, o senador e ex-presidente �lvaro Uribe, l�der do "n�o", fez um discurso dizendo que seu partido, o Centro Democr�tico, participar� dos debates no Congresso e tentar� "buscar um mecanismo de participa��o cidad� para honrar a defesa das observa��es que o governo n�o quis aceitar."
O grupo do "n�o" est� contr�rio ao novo acordo. Apesar de reconhecer que algumas de suas exig�ncias foram aceitas —como as limita��es da atua��o dos tribunais especiais e a exig�ncia de que a guerrilha entregue um invent�rio de bens— consideram que suas principais reivindica��es n�o foram atendidas.
"As raz�es pelas quais o �n�o� ganhou n�o foram contempladas", disse Uribe. Os pontos a que se refere s�o a exig�ncia de que os ex-guerrilheiros condenados devem cumprir algum tipo de pena de pris�o; que s� possam concorrer a cargos ap�s cumprirem penas; e que o narcotr�fico seja considerado crime de lesa humanidade.
"� preciso lembrar que o �n�o� ganhou. E ganhou apesar do papa, do Obama, da ONU. � preciso respeitar essa voz das urnas", completou.
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