Em meio a transi��o, Trump d� sinais amb�guos sobre gays e homofobia
Donald Trump � homof�bico? Sim e n�o. O empres�rio, que j� disse ser um "tradicionalista" com "amigos gays fabulosos", emite sinais amb�guos sobre o tema.
Em sua primeira entrevista como presidente eleito, no domingo (13), disse n�o ter problemas com o casamento gay e que n�o v� por que mexer num direito j� garantido pela Suprema Corte.
Cogita fazer de Richard Grennel o primeiro gay declarado no alto escal�o da pol�tica externa. A dias da elei��o, posou com uma bandeira do arco-�ris cedida pelo movimento "LGBT for Trump". Em abril, em plena disputa por votos conservadores nas pr�vias republicanas, concordou que transg�neros usem o banheiro que quiserem, quest�o que pautava batalhas legais em v�rios Estados do pa�s.
Foi al�m: Caitlyn Jenner, ex-atleta ol�mpico e ex-padrastro de Kim Kardashian, era bem-vinda no sanit�rio feminino da Trump Tower. Declarou t�-la conhecido como Bruce, "um dos maiores bonit�es que voc� vai ver", e ativistas s� implicaram com o uso do masculino para se referir � transexual.
Mas a comunidade LGBT tem motivos para temer o presidente Trump. A come�ar pelas companhias: seu vice, Mike Pence, j� comparou casais do mesmo sexo a "colapso social". Como governador de Indiana, Pence sancionou uma "lei de liberdade religiosa" que permitia a donos de estabelecimentos negar atendimento a gays por motivos de f� maior (voltou atr�s ap�s empresas contr�rias � ideia amea�arem deixar o Estado).
H� tamb�m a quest�o da Suprema Corte, palavra final sobre muitas quest�es morais que racham a popula��o, como a decis�o de legalizar o casamento gay, em 2015.
Hoje est� meio a meio: quatro ju�zes progressistas e quatro conservadores. Trump ter� poder de indicar algu�m para uma cadeira vaga h� nove meses, ap�s a morte de um membro (republicanos no Congresso, onde s�o maioria, se recusaram a chancelar o nome apontado pelo presidente Barack Obama).
Com tr�s outros ju�zes entre 78 e 83 anos, � poss�vel que Trump escolha novos membros -e ele j� deixou clara a inten��o de povoar a Corte com conservadores.
Entre os casos que poder�o chegar ao tribunal, um tramita hoje no Estado de Washington: um dono de floricultura que se negou a fazer arranjos para um casamento de dois homens.
O presidente eleito j� disse que repele o casamento gay "do ponto de vista b�blico", mas foi a alguns deles.
Dennis Heiderich, 25, organizou um ato em defesa do republicano na avenida Paulista, em S�o Paulo, onde segurou o cartaz "Gays for Trump". Gosta da ret�rica linha-dura contra "radicais isl�micos", sobretudo ap�s o atentado que matou 49 gays numa boate em Orlando.
Tamb�m defende seu vice. "Pence se op�s �s tentativas da milit�ncia esquerdista de transformar LGBTs numa classe privilegiada. Por que um homem que se sente mulher teria direito de violar uma regra milenar de conviv�ncia como a separa��o de banheiros por sexo?"
Presidente da ONG LGBT Network, David Kilmick, 49, diz que discursos assim "sinalizam que ainda temos muito o que fazer".
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