For�as Armadas fazem tentativa de golpe contra governo na Turquia
As For�as Armadas da Turquia anunciaram nesta sexta (15) que passaram a controlar o governo, em golpe de Estado contra o presidente, Recep Tayyip Erdogan, que pediu a seus seguidores que saiam �s ruas e desafiem os militares.
O an�ncio � feito depois de o Ex�rcito fechar acessos a Ancara e a Istambul, interromper o tr�fego a�reo nas duas cidades e tomar o controle de pr�dios e de meios de comunica��o do governo.
Em nota lida por um �ncora da TV estatal, o grupo autointitulado Conselho de Paz no Pa�s afirmou que agiu devido ao "crescimento do terrorismo e do regime autocr�tico", em refer�ncia a Erdogan, h� 13 anos no poder, e "para proteger a ordem democr�tica e os direitos humanos".
Ao comentar a situa��o de pessoas ligadas ao atual presidente, o conselho militar afirmou que far� um "julgamento justo daqueles que tra�ram o pa�s". Toque de recolher e lei marcial foram declarados em toda a Turquia.
Segundo autoridades norte-americanas, no entanto, n�o est� claro quem est� no controle do governo local.
Tr�s horas depois de os militares ocuparem as ruas, Erdogan se manifestou pela primeira vez. Ele usou o aplicativo de celular FaceTime para mandar uma mensagem ao pa�s, que foi transmitida pelo canal de TV CNN T�rk.
No discurso, disse que os respons�veis pelo golpe s�o "um grupo minorit�rio" das For�as Armadas e conclamou os turcos a irem �s ruas das principais cidades do pa�s.
Erdogan ainda afirmou que o l�der religioso Fettullah G�len, opositor a seu governo, est� por tr�s do golpe. Nos �ltimos anos, o presidente acusou o cl�rigo diversas vezes de organizar a��es contra ele.
O Hizmet, ligado a G�len, nega qualquer envolvimento na a��o.Por volta das 3h (21h em Bras�lia), o presidente chegou a Istambul, onde foi recebido por milhares de seguidores. Na chegada ao aeroporto Mustafa Kemal Atat�rk, voltou a pedir por resist�ncia.
"N�o h� poder maior que o poder do povo. Deixem que fa�am o que quiserem nas pra�as e nos aeroportos", disse, na sa�da do terminal, onde prometeu penalizar os respons�veis por tentar tir�-lo do poder.
"Uma minoria dentro das For�as Armadas felizmente foi incapaz de atormentar a unidade turca. O que foi feito � uma rebeli�o e uma trai��o. Eles v�o pagar muito caro por sua trai��o � Turquia", disse no sagu�o.
Cofundador do Partido Justi�a e Desenvolvimento, Erdogan foi eleito primeiro-ministro em 2003. Sob seu comando, o pa�s tornou-se a maior economia e uma das principais for�as no Oriente M�dio.
Seu per�odo como chefe de governo terminou em 2014, quando seu partido o impediu de tentar um quarto mandato. No ano passado, ele foi eleito presidente em primeiro turno e aumentou os poderes do cargo, antes meramente representativos.
O secret�rio de Estado americano, John Kerry, e o chanceler russo, Sergei Lavrov, disseram durante encontro em Moscou que os pa�ses esperam que a situa��o seja resolvida sem viol�ncia, enquanto o presidente norte-americano, Barack Obama, divulgou comunicado em que pede apoio de todos os partidos turcos ao governo de Erdogan, "eleito democraticamente".
Os Estados Unidos, a Fran�a e a R�ssia pediram a seus cidad�os que fiquem em casa. Os tr�s principais partidos de oposi��o a Erdogan —Partido Republicano do Povo (CHP), Partido Democr�tico do Povo (HDP) e Partido do Movimento Nacionalista (MHP)— se colocaram contra o golpe, apesar das diferen�as pol�ticas com o presidente.
OCUPA��O
Desde o in�cio da noite desta sexta as tropas militares impedem o acesso � capital do pa�s, Ancara, e cercam os principais pr�dios do governo.
A ag�ncia de not�cias estatal Anadolu informou que houve tiros no quartel-general em Ancara, incluindo disparos efetuados a partir de um helic�ptero. O ataque, realizado por militares, matou 17 policiais. Segundo a ag�ncia, o chefe do Estado-Maior, Hulusi Akar, � mantido ref�m.
Tamb�m na capital, houve disparos feitos a partir de helic�pteros contra os pr�dios da sede da pol�cia, dos servi�os de intelig�ncia do governo, da televis�o estatal e do controle do sat�lite Turksat.
Em Istambul, os militares fecharam os acessos ao aeroporto internacional Mustafa Kemal Atat�rk, alvo de um atentado em 28 de junho, e as pontes que conectam os lados europeu e asi�tico da cidade —soldados atiraram em quem tentasse atravessar a ponte do B�sforo.
O tr�fego a�reo nas duas cidades tamb�m foi interrompido, e as tropas invadiram o pr�dio da TV TRT, em Ancara, motivo pelo qual o canal estatal n�o transmite not�cias sobre o golpe. Os acessos ao Facebook e ao Twitter foram limitados.
Mesmo com as restri��es e o toque de recolher, milhares de manifestantes pr� e contra Erdogan foram �s ruas de Ancara e Istambul. At� o momento foram registrados confrontos entre os dois grupos ou repress�o militar a qualquer um dos atos.
Bulent Kilic/AFP | ||
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Militares inspecionam carros em uma das pontes que atravessam o estreito de B�sforo, em Istambul |
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