ONU pede que Su�cia e Reino Unido indenizem Julian Assange por cerco
O Grupo de Trabalho sobre Deten��o Arbitr�ria da ONU pede que a Su�cia e o Reino Unido indenizem o fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, por ele ter sido impedido de deixar a Embaixada do Equador em Londres.
Em 2012, o australiano recebeu ordem de deporta��o para a Su�cia, onde � acusado de abuso sexual e estupro. Para ele, a medida � uma manobra para envi�-lo aos EUA para ser julgado pelo vazamento de documentos confidenciais.
Niklas Halle'n/AFP | ||
![]() |
||
Fundador do WikiLeaks, Julian Assange, aparece no balc�o da Embaixada do Equador em Londres |
Devido ao risco de deporta��o, ele pediu asilo ao Equador em junho daquele ano, que foi concedido pelas autoridades de Quito dois meses depois. Por�m, n�o p�de sair do pr�dio por causa do cerco feito pela pol�cia brit�nica.
Em relat�rio divulgado nesta sexta-feira (5), o �rg�o considerou o cerco uma pris�o arbitr�ria feita pelos dois pa�ses, pedindo que sejam respeitadas a integridade f�sica e a liberdade de movimento de Assange.
O grupo argumenta que a decis�o deve ser cumprida porque os dois pa�ses assinaram tratados internacionais de direitos humanos e contra a pris�o arbitr�ria. Dentre eles, a Declara��o Universal de Direitos Humanos, da qual Su�cia e Reino Unido s�o signat�rios.
As opini�es do �rg�o tamb�m s�o consideradas refer�ncia a institui��es como a Corte Europeia de Direitos Humanos, da qual ambos os pa�ses fazem parte. Os pa�ses consideram, por�m, que a decis�o n�o � de cumprimento obrigat�rio.
Em resposta ao grupo de trabalho da ONU, o Minist�rio das Rela��es Exteriores da Su�cia afirmou que n�o concorda com o pedido de indeniza��o e que Assange n�o est� preso de forma arbitr�ria.
"Assange escolheu, de forma volunt�ria, estar na embaixada equatoriana, e as autoridades suecas n�o t�m nenhum controle sobre sua decis�o. Sua liberdade n�o foi cerceada por nenhuma decis�o ou medida adotadas pela Su�cia."
Na quinta (4), a Promotoria da Su�cia disse que a declara��o da ONU n�o tem impacto na investiga��o. Os promotores tentam interrogar o fundador do WikiLeaks desde mar�o de 2015, mas o acordo com o Equador s� saiu em dezembro e a declara��o de Assange ainda n�o ocorreu.
A resposta das autoridades brit�nicas foi a mesma. "Ele nunca esteve preso arbitrariamente no Reino Unido. De fato, ele est� evitando voluntariamente uma pris�o legal ao decidir ficar na embaixada equatoriana", afirmou a Chancelaria.
ENTREVISTA
Em entrevista coletiva por videoconfer�ncia nesta sexta, Assange afirmou que o relat�rio da ONU sobre o cerco � embaixada � a prova de sua inoc�ncia.
"Corresponde agora � Su�cia e ao Reino Unido em conjunto implementar o veredicto. O efeito diplom�tico [de n�o aceitar a decis�o] � que vai ser dif�cil trat�-los a s�rio como atores internacionais", disse.
"N�s conseguimos uma vit�ria significativa. Sinto muito a falta da minha fam�lia. Isso [a decis�o da ONU] trouxe de volta o sorriso ao meu rosto."
Antes, Melinda Taylor, uma de suas advogadas de defesa, disse que seu cliente foi submetido � tortura mental devido aos tr�s anos e sete meses que est� abrigado na Embaixada do Equador em Londres.
Duas horas depois da videoconfer�ncia, ele foi � varanda da embaixada para acenar a manifestantes que pediam sua libera��o. "Que momento doce. Esta � uma vit�ria ineg�vel", comemorou, mostrando uma c�pia do relat�rio.
Em entrevista ao canal Telesur, o chanceler do Equador, Ricardo Pati�o, disse que j� � hora de liberarem Assange. J� o juiz Baltasar Garz�n, que acompanha o caso, considerou o cerco uma viola��o da Conven��o contra a Tortura da ONU.
O fundador do WikiLeaks nega ter cometido os crimes sexuais de 2010. No ano anterior, o site come�ou a divulgar mais de 400 mil documentos do governo americano, a maioria sobre as guerras no Iraque e no Afeganist�o.
Dentre os segredos revelados, est�o o v�deo de um ataque americano a um alvo civil em 2007, que levou � morte de dezenas de pessoas em Bagd�. Outros mostravam cr�ticas pouco diplom�ticas a diversos pa�ses, incluindo o Brasil.
Olivia Harris - 19.ago.2012/Reuters | ||
![]() |
||
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, em 2012; �rg�o da ONU considera cerco uma pris�o arbitr�ria |
Ele teme ter o mesmo destino de Chelsea Manning, a militar que divulgou os documentos. A delatora, cujo nome de batismo � Bradley e fez uma cirurgia de mudan�a de sexo na pris�o, foi condenada em 2013 a 35 anos de pris�o pela Justi�a americana.
Livraria da Folha
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenci�rio
- Livro analisa comunica��es pol�ticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
![Muro na fronteira do México com os EUA – Lalo de Almeida/Folhapress Muro na fronteira do México com os EUA – Lalo de Almeida/Folhapress](http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/17177107.jpeg)
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis