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Volta da chuva é alívio para o agro, FMI prevê PIB maior e o que importa no mercado

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São Paulo

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Chove no centro-oeste do Brasil, e os agricultores finalmente começaram o plantio de soja da próxima safra, atrasada devido à seca que assolou o país nos últimos meses.

O repórter Leonardo Vieceli viajou às cidades de Rio Verde e Montividiu (GO). Os relatos feitos à Folha são de otimismo.

↳ A projeção é de uma alta de 13% na safra 2024/2025 de soja, levando ao recorde de 166,3 milhões de toneladas do grão.

Sim, mas… A próxima colheita encontrará um mercado internacional com excesso de produção, com bons números também nos Estados Unidos e Argentina. O resultado é o preço em baixa.

Principal segmento da nossa balança comercial, os produtos da soja (grão, farelo e óleo) deverão render US$ 54 bilhões (R$ 307 bilhões) neste ano.

↳ Em 2023, com preços melhores, o valor foi de US$ 67 bilhões (R$ 381 bilhões). O colunista Mario Zaffalon abordou o tema em seu último texto.

China vs. EUA. A soja do Brasil, porém, pode ser beneficiada em 2025 se Donald Trump ganhar as eleições nos Estados Unidos.

Clientes chineses têm evitado contratos para fornecimento americano, já que há risco de as tensões comerciais entre os países crescerem.

Clima ainda traz apreensão. A volta das chuvas não afastou toda a preocupação dos agricultores porque há o risco de que elas se concentrem no verão, sem entrar no outono.

Também há dúvidas sobre os efeitos do fenômeno La Niña em 2025, hoje com 60% de chance de ocorrer. Ele costuma aumentar as chuvas na amazônia e diminuir no Sul.

Qual é o impacto? O desequilíbrio climático provocado pelo desmatamento gerou um prejuízo de US$ 1,03 bilhão (R$ 5,86 bilhões) na produção de soja e milho na Amazônia de 2006 a 2019, devido a atrasos nas temporadas de chuva.

↳ Os números são de um estudo de pesquisadores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

Ambientalistas alertam que a crise hídrica pode colocar em risco a produção de alimentos no mundo, justamente um dos diferenciais da economia brasileira.

O país é o maior exportador mundial de suco de laranja, carne bovina, café, soja. Também lidera a venda de comida industrializada.

Devido à seca, a produção agrícola total neste ano deverá ser 6% menor.

Mandioca, café, laranja e milho no sudeste foram as culturas mais afetadas, pressionando os preços e contribuindo para uma inflação mais alta este ano.

↳ Destaquei a relação entre chuvas e o crescimento econômico do Brasil nesta edição da newsletter.


Quem vai às agências bancárias

Você foi a uma agência bancária no último mês? Se a resposta for sim, faz parte de 26% dos brasileiros.

O percentual é menor que o registrado no México e na Colômbia, países que têm um nível de digitalização parecido com o nosso.

↳ 74% dos brasileiros, colombianos e mexicanos se sentem seguros para realizar transações online.

Os dados são do instituto Ipsos, que realizou a pesquisa com 1.800 pessoas com mais de 18 anos nos três países.

Segundo a pesquisa, a maioria dos brasileiros prefere usar os aplicativos nos celulares para pagar contas.

Por onde os pagamentos são feitos:

  • 66% usam aplicativos de conta digital.
  • 33% usam internet banking no navegador.
  • 10% vão às agências.
  • 8% pagam contas pelo telefone.
  • 7% pagam pelo caixa eletrônico.

Diferenças geracionais. Outros hábitos foram verificados pela pesquisa, e eles mudam conforme o recorte por idade é feito.

Entre a geração Z, 26% dos jovens nunca fizeram um depósito no caixa eletrônico. Outros 16% jamais tiveram a experiência de ficar na fila do caixa de uma agência e 14% não sabem o que é realizar um saque.

Ao mesmo tempo, cerca de metade das pessoas com mais de 61 anos, chamados de baby boomers, tem contato com as transações digitais.

↳ As carteiras virtuais são conhecidas por 52% e o cartão de crédito virtual por 53%.

↳ A pesquisa considera como geração Z as pessoas de 14 a 25 anos, os millennials como os de 26 a 40, a geração X como os de 41 a 60 e os baby boomers são os que têm ao menos 61 anos.

Novos tempos. O uso do dinheiro em papel tem diminuído no Brasil. Desde que o Banco Central criou o sistema Pix no fim de 2020, os pagamentos digitais dispararam.

Em setembro deste ano, o Brasil registrou um número recorde de operações: foram 227,4 milhões em apenas um dia.


FMI vê PIB maior

O FMI (Fundo Monetário Internacional) agora também concorda: a economia do Brasil crescerá 3% este ano. Até esta semana, a previsão do fundo era de 2,1%, mas havia sido feita em julho.

De lá para cá, dados econômicos mostraram que o ritmo de crescimento do país está mais alto.

↳ O governo Lula espera oficialmente 3,2%, assim como o Banco Central.

↳ E a mediana dos economistas do mercado espera 3,05%.

Por que importa: se o crescimento for confirmado, o ano de 2024 será o terceiro seguido no qual o Brasil cresce ao redor de 3%.

Nos anos anteriores à pandemia, a alta do PIB (Produto Interno Bruto) estava abaixo de 2%.

A década de 2011 a 2020 foi a de pior crescimento da história brasileira, superando os anos 80, devido às duas crises (de 2015/16 e da pandemia).

No mundo. Em comparação com os demais países da América do Sul, a economia brasileira deve crescer acima do Chile (2,5%), Colômbia (1,6%), Equador (0,3%) e Bolívia (1,6%).

↳ Para a economia global, o crescimento deve ser estável em 3,2% em 2024 e 2025.

↳ A China crescerá 4,8%, abaixo da meta de 5% estipulada pelo governo, e os Estados Unidos 2,8%.

O que pensa o FMI. A previsão de crescimento mais robusto para o Brasil se dá pelo fortalecimento do consumo interno e de investimentos na primeira metade do ano.

Isso é visto como reflexo de um mercado de trabalho mais aquecido, transferências governamentais e de um impacto menor do que o esperado das enchentes no Rio Grande do Sul.

Para 2025, o crescimento esperado é de 2,2%, menor devido à política de juros altos do Banco Central.

Sim, mas… Economistas críticos apontam que o ritmo não é sustentável porque seria impulsionado por gastos do governo acima da arrecadação, que deixa as contas no vermelho.

Este seria um dos motivos para a inflação estar em alta. Economistas estimam que o Brasil tem um potencial de crescimento sem gerar inflação menor, ao redor de 2%.

↳ O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comemorou nos Estados Unidos a atualização do FMI.

↳ Para ele, porém, o Brasil não está crescendo devido ao impulso do governo.


Leilões à vista

A próxima semana será marcada por uma série de leilões no Brasil. Entre os principais estão as concessões de dois importantes segmentos rodoviários: a Rota Sorocabana, em São Paulo, e a Rota do Zebu, em Minas Gerais.

↳ No total, as diversas concessões preveem mais de R$ 23 bilhões de investimentos.

↳ Em São Paulo também haverá o leilão para a construção de um lote de escolas e da gestão da Loteria. No Piauí, é o serviço de água e esgoto que serão concedidos.

Rota Sorocabana. A concessão de 30 anos envolve um conjunto de 12 estradas em São Paulo. Entre elas está a Castelo Branco (SP-280) e a Raposo Tavares (SP-270).

↳ O volume de investimentos previsto é de R$ 8,8 bilhões e extensão de 460 km.

Especialistas ouvido pela Folha dizem que a Rota Sorocabana deve atrair um número significativo de propostas, já que as estradas têm características conhecidas.

↳ O leilão será em 30 de outubro.

Na pauta de Tarcísio. Os dois leilões em São Paulo estão os cinco que o governo Tarcísio ainda fará este ano. A chegada da Raposo Tavares à capital faz parte de outra concessão, cujo leilão será em novembro.

No total, o plano de desestatização de empresas e serviços do estado tem 25 projetos previstos.

Rota do Zebu. Em Minas, é o governo federal quem concede a estrada BR-262, que liga Betim (cidade próxima a Belo Horizonte) a Uberaba (MG). O nome faz referência ao gado zebuíno, criado por pecuaristas da região.

O leilão segue uma nova modelagem adotada pelo governo Lula, que dá a concessão a quem oferecer o pedágio mais baixo.

↳ São quase 440 km de extensão e R$ 4,4 bilhões de investimentos previstos.

Tem mais. Avesso a privatizações de empresa públicas, o governo federal tem uma agenda de concessões de serviços. Até o fim de 2025, 22 terminais portuários deverão ser leiloados, garantindo R$ 8,7 bilhões em investimentos.

Os leilões incluem áreas em grandes portos como os do Rio de Janeiro e Itaguaí (RJ), Paranaguá (PR), Fortaleza, Recife, Itaqui (MA), Salvador e Porto Alegre.

↳ Ao todo, há previsão da concessão de 35 terminais.

Um dos mais emblemáticos é o porto de Itaguaí. O governo vai licitar a construção de um terminal que será erguido do zero, em uma área de 249 mil metros quadrados para receber minério de ferro.

A previsão de investimento é de R$ 3,58 bilhões, com um contrato de concessão de 35 anos.

↳ O leilão está marcado para dezembro.

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