Descrição de chapéu The New York Times

Tyson Foods enfrenta processo por marketing enganoso sobre práticas ambientais

Gigante do setor de alimentos do mundo é acusada de enganar clientes com metas inalcançáveis e carne 'ecologicamente correta'

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Karen Zraick
The New York Times

A Tyson Foods enfrenta processo sob acusação de enganar os consumidores com informações falsas sobre o trabalho da empresa para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. A ação foi apresentada nesta quarta (18), nos EUA.

A entidade Environmental Working Group acusou a empresa de fazer declarações falsas em materiais de marketing para aproveitar as "preferências bem-intencionadas" dos consumidores como, por exemplo, dizer que a empresa estava trabalhando para alcançar "emissões líquidas zero" de gases de efeito estufa até 2050 e divulgar sua carne bovina como "climate-smart" —definição equivalente a ecologicamente correta.

A imagem mostra uma prateleira de um congelador com pacotes de produtos alimentícios da marca Tyson. Há pacotes de 'Chicken Selections' e 'Buffalo Style' visíveis. Os pacotes estão organizados em compartimentos transparentes, e um dos pacotes tem o preço de 12,99. O fundo é de um congelador com prateleiras brancas.
Produtos da Tyson Foods expostos em um freezer de supermercado nos Estados Unidos - Anna Moneymaker - 8.ago.2023/Getty Images via AFP

O processo argumenta que a produção industrializada de carne bovina nunca será ecologicamente correta devido ao enorme volume de emissões produzidas no processo de criação de vacas em escala industrial e que a empresa não mostrou evidências de um esforço para alcançar emissões líquidas zero —termo usado para sinalizar objetivos climáticos.

"Estamos tomando uma posição para proteger os consumidores e exigir transparência em uma indústria que afeta significativamente as mudanças climáticas", disse Caroline Leary do EWG.

A Tyson, com sede em Springdale, Arkansas, recusou-se a comentar detalhes do processo. Uma declaração da empresa apenas cita sua "longa história de práticas sustentáveis que abraçam a boa gestão de recursos ambientais".

De acordo com seu site, a Tyson produz cerca de 20% da carne bovina, suína e de frango nos Estados Unidos, além de outros alimentos sob marcas como Jimmy Dean e Hillshire Farm, e é uma das maiores empresas de alimentos do mundo. A empresa detalhou seus planos para alcançar emissões líquidas zero até 2050 em um relatório de sustentabilidade em 2022.

Ser emissão zero significaria não lançar gases de efeito estufa adicionais na atmosfera, o que pode envolver uma contabilidade complicada e muitas vezes controversa. Por exemplo, às vezes o processo envolve "compensações" subtraídas das emissões de uma empresa. Essas compensações podem incluir ações como plantar árvores, usar novas tecnologias de remoção de carbono ou obter "créditos de carbono" investindo em projetos que reduzem as emissões em outros lugares.

O processo alega que as compensações da Tyson seriam "tanto inimagináveis quanto indisponíveis" e pediu à Justiça que proibisse a empresa de fazer "marketing falso ou enganoso".

Ambientalistas têm cada vez mais mirado no que chamam de esforços de "greenwashing" nas corporações, que buscam dar uma aparência ecológica a seus produtos ao anexar descrições vagas ou slogans.

Em Nova York este ano, a procuradora-geral Letitia James processou a gigante brasileira JBS USA por alegações climáticas consideradas enganosas, enquanto a empresa buscava uma listagem na Bolsa de Valores de Nova York.

À época, a JBS disse que discordava das alegações da procuradora-geral e que continuaria a trabalhar com agricultores e outros "para ajudar a alimentar uma população crescente enquanto usa menos recursos e reduz o impacto ambiental da agricultura".

Carrie Apfel, do grupo de direito ambiental Earthjustice, um dos escritórios que representam os autores da ação, apontou para o impacto ambiental que a criação de gado pode ter. As vacas exalam metano, um poderoso gás de efeito estufa, produzem muitos resíduos e requerem espaço para pastar, o que tem contribuído para o desmatamento.

Entre os exemplos de publicidade enganosa citados no processo estava o lançamento de uma marca da Tyson chamada Brazen Beef, anunciada como responsável por menos emissões.

A Tyson já enfrentou outros problemas no ano passado. John Randal Tyson, executivo do alto escalão que havia sido diretor de sustentabilidade, foi suspenso da empresa após ser acusado de dirigir embriagado. Em seguida, a empresa disse que Tyson permanecia em licença médica e estava sendo substituído.

A empresa também está sendo investigada, junto com a Perdue Farms, sobre a utilização de crianças migrantes para limpar matadouros. A investigação foi motivada por um relatório do New York Times sobre trabalho infantil em plantas de processamento de carne.

Nesta quarta, um porta-voz do Departamento de Trabalho confirmou que sua Divisão de Salários e Horas estava investigando a Tyson, mas não forneceu detalhes. A Tyson recusou comentários.

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