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Henrique Meirelles reúne atual e futuro presidente do BC em lançamento de livro

Volume de memórias de ex-ministro da Fazenda conta bastidores inéditos dos governos de Lula, Dilma e Temer

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São Paulo

Henrique Meirelles, 79, parece calmo. Pressionado por uma longa fila que se estendeu por parte do corredor de um shopping center, em pouco mais de três horas, ele recebeu pacientemente uma lista de convidados dos mais diversos espectros políticos em uma livraria na zona oeste de São Paulo nesta terça-feira (24).

Não é algo distante de sua trajetória no poder: de deputado eleito pelo PSDB a presidente do Banco Central do governo Lula, de ministro da Fazenda de Michel Temer, logo após o impeachment de Dilma Rousseff, a ex-secretário do governador João Doria em São Paulo.

Um homem sorridente está em primeiro plano, posando para a foto em uma livraria. Ao fundo, prateleiras repletas de livros iluminadas por luzes quentes. Há pessoas indistintas ao fundo, criando um ambiente de evento social.
Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BC - Mathilde Missioneiro - 27.mar.23/Folhapress

"São desafios diferentes. O de presidente do BC é um desafio técnico; o cargo de ministro é político, tem de lidar com muita chiadeira", disse, ao ser questionado pelo último na fila de autógrafos de seu livro "Calma sob Pressão" (Ed. Planeta; 191 págs.; R$ 59,90).

Hoje desafetos políticos, Lula e Temer também dividem os prefácios do livro de Meirelles. O petista diz que ele o ajudou a dar credibilidade, inclusive internacional, ao seu governo. Temer o definiu como "um bom ouvinte".

"Deve ser bom ouvinte mesmo, as pessoas ficam vinte minutos falando com ele e a fila não anda", comentou o professor Francisco Santos, 43, à espera de autógrafos com dois exemplares para dar de presente.

Em seu livro de memórias, Meirelles revela que Lula pediu que ele cortasse juros para atingir a meta de crescimento.

"Nós vamos fazer a política monetária correta e o Brasil vai crescer mais do que 5%", argumentou o ex-banqueiro e candidato à Presidência em 2018 pelo MDB, que também foi sondado para assumir o lugar de Joaquim Levy na Fazenda antes que o governo Dilma acabasse.

Também parece simbólico que o lançamento tenha contado com a presença do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto (ele próprio alvo da pressão do presidente pelo corte de juros), e do indicado para assumir o posto, Gabriel Galípolo.

Segundo Meirelles, o BC ter se tornado independente no governo de Jair Bolsonaro e sob o comando do próprio Campos Neto não reduziu o tamanho do desafio de ocupar o cargo.

Enquanto Campos Neto transitou acompanhado de assessoras e evitou perguntas, com tratamento de celebridade, Galípolo recebeu abraços dos convidados e pedidos de selfie, mas também apenas cumprimentou a imprensa.

"Acho que Lula só não veio por estar em Nova York", brinca o estudante de economia Fernando Barcellos, 24. "Mesmo que não concorde com tudo do Meirelles, não dá para negar que ele já fez coisas que muitos economistas só conseguem sonhar."

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