Inflação dos salgadinhos faz empresas buscarem alternativas para reconquistar clientes

Resultados trimestrais da PepsiCo mostram que consumidores estão comprando menos produtos das marcas Frito-Lay

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Julie Creswell Danielle Kaye
The New York Times

Será que US$ 6 (R$ 32) é muito caro para um pacote de Ruffles?

Depois de quase três anos de aumentos de preços, sinais de que os consumidores já não aguentam mais estão começando a surgir. Na quinta-feira (11), a gigante de alimentos e bebidas PepsiCo divulgou uma queda de 0,5% em relação a 2023 das receitas do segundo trimestre de seu braço de salgadinhos Frito-Lay, resultado de uma queda de 4% nas vendas na categoria.

Na divulgação dos resultados, os executivos da PepsiCo foram questionados se o preço de alguns de seus salgadinhos populares, como os chips de tortilla Tostitos e as batatas Ruffles, está simplesmente alto demais.

Carrefour da França anunciou em janeiro que não venderá mais Pepsi e batata frita Lay's na França por alta de preços - Stephanie Lecocq - 4.jan.2024/Reuters

Os executivos reconheceram que alguns consumidores estão cada vez mais atentos aos preços, com famílias de todos os níveis de renda buscando mais valor.

"Claramente há um consumidor que está mais desafiado e um consumidor que nos diz que em partes específicas de nosso portfólio, eles querem mais valor para permanecer com nossas marcas", disse o CEO da PepsiCo, Ramon Laguarta.

Para fazer com que mais pessoas peguem pacotes nas prateleiras, a PepsiCo disse que pretende reduzir os preços ou oferecer mais promoções em certos salgadinhos e outros produtos.

"Há algum valor a ser devolvido aos consumidores após três ou quatro anos de muita inflação", disse Laguarta.

A PepsiCo não é a única empresa de alimentos e bebidas que efrenta dificuldades com consumidores que mudaram seus hábitos de compra nos últimos meses. Como os preços das commodities e da mão de obra dispararam nos últimos anos, empresas de alimentos e bebidas, bem como restaurantes, responderam aumentando constantemente os preços.

No entanto, agora, alguns consumidores estão sem recursos, comprando menos ou deixando de lado algumas marcas em favor outras mais baratas.

A inflação, especialmente a inflação de alimentos, provavelmente será um tema crucial nas eleições presidenciais dos Estados Unidos deste ano. Nesta quinta-feira (11), o governo relatou que o índice de preços ao consumidor geral havia desacelerado para 3% em junho na base anual, abaixo de 3,3% em maio e bem menor que o pico de 9,1% em 2022.

Mas o custo dos alimentos em supermercados e restaurantes está substancialmente mais alto do que há quatro anos, mesmo que o aumento dos preços tenha diminuído nos últimos meses.

Os altos preços não são apenas consequência do aumento dos custos de commodities e mão de obra, mas também de fabricantes de alimentos, varejistas e cadeias de restaurantes tentando satisfazer investidores, incluindo fundos de pensão e outros.

Preços mais altos aumentam as margens de lucro e pagam bilhões de dólares em dividendos e recompras de ações.

No entanto, agora, à medida que as vendas das empresas de alimentos e o tráfego de clientes de alguns restaurantes começam a diminuir, fabricantes e redes de alimentos estão começando a considerar a redução de preços ou a oferta de promoções para atrair os consumidores de volta.

No final de junho, o McDonald's começou a oferecer uma refeição de baixo custo de US$ 5 (R$ 27) por um período limitado de um mês.

A Whole Foods disse que reduziu os preços de um quarto dos produtos em suas lojas. E a Target disse que planeja reduzir os preços de 5.000 "produtos do dia a dia" nos próximos meses, incluindo leite, pão e fraldas.

A PepsiCo disse que as receitas gerais cresceram cerca de 1% no trimestre encerrado em 15 de junho, para US$ 22,5 bilhões, e que o lucro líquido aumentou 10,4%, para quase US$ 3,1 bilhões, em relação ao ano anterior.

Mas uma análise mais aprofundada de alguns números revelou fragilidades em muitos dos negócios norte-americanos da empresa.

Seu segmento de barras de café da manhã e lanches, Quaker Foods North America, relatou uma queda acentuada de 18% nas receitas e uma queda de 34% no lucro operacional devido em grande parte a um recall de alimentos que começou no final do ano passado envolvendo possível contaminação por salmonela de produtos de uma fábrica de Danville, Illinois. Em abril, a PepsiCo decidiu fechar permanentemente a fábrica.

Mas os analistas em uma teleconferência com os executivos da PepsiCo na manhã de quinta-feira estavam mais focados em seu negócio de salgadinhos.

Definir uma estratégia de preços que reflita o tanto que os consumidores estão dispostos ou não a gastar ajudará a reverter a queda em muitos dos setores da empresa, disse Laguarta aos analistas.

"Vemos diferentes comportamentos acontecendo em todos os lugares. O denominador comum é que o consumidor está mais cauteloso", disse Laguarta. "Mas ele está disposto a gastar em áreas onde veem valor."

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.