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Repercussões do Copom, Petrobras quer mais óleo antes de transição e o que importa no mercado

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Victor Sena
São Paulo

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O dia seguinte

A decisão do Banco Central de interromper o ciclo de cortes na taxa básica de juros e mantê-la em 10,5% por unanimidade foi vista por economistas ouvidos pela Folha como algo positivo. Além disso, a decisão também teria sido técnica.

↳ Parte deles, porém, avalia que ainda havia margem para novos cortes de juros. Veja aqui.

Críticas. Integrantes do PT, partido do presidente da República, criticaram o Banco Central e falaram em "sabotagem". O presidente do Sebrae, Décio Lima, também atacou o Banco Central pela manutenção da taxa. O dia de hoje deve ser de mais repercussões em Brasília.

Folhapress

Por que importa: a Selic serve de referência para outras taxas de juros do mercado.

O movimento era esperado devido à piora no cenário econômico. Na última reunião, o Copom (Comitê de Política Monetária) já havia sinalizado cautela e fez um corte menor que os anteriores.

Com a manutenção, o colegiado ignora a pressão feita pelo governo e pelo próprio Lula na véspera.

Consenso. A decisão desta quarta-feira (19) foi defendida por todos os nove membros, incluindo Gabriel Galípolo e mais três indicados por Lula. O placar era monitorado, pois, na última decisão, houve divergência. Saiba aqui como funciona o Copom.

↳ Gabriel Galípolo é cotado para assumir o comando da instituição no fim do ano e foi cobrado pelo líder do governo no Senado, Randolfe Rodrigues, para votar pelo corte de juros.

Os motivos. O Copom justificou a decisão dizendo que "o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas [em relação à meta] demandam maior cautela".

O comitê afirmou que se manterá "vigilante" e que eventuais ajustes futuros serão ditados pelo "firme compromisso de convergência da inflação à meta". O mercado espera que a pausa dure até o fim do ano.

Turbulências. Nas últimas semanas, um conjunto de fatores deixaram o cenário para a economia brasileira pior: os Estados Unidos não devem cortar os juros tão cedo, a expectativa de inflação subiu e o governo segue sem projetos para cortar gastos.

↳ O resultado? Dólar e contratos de juros futuros em alta.

Lula vs. Campos Neto. A decisão de hoje era aguardada com ansiedade, já que as últimas críticas de Lula sobre o comando do BC vieram na véspera. O petista disse que seria "triste" se o Copom mantivesse os juros e que Campos Neto trabalha contra o país.

Sobrou para o Tarcísio. O gatilho para as novas críticas foi a série de encontros entre Campos Neto e figuras ligadas ao bolsonarismo, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que ofereceu um jantar ao presidente do Banco Central.

↳ Para Lula, Tarcisio influencia mais o BC do que ele e parece estar feliz com a taxa de juros em 10,5%.


Como ficam os investimentos

A manutenção da Selic em 10,5% reforça a atratividade dos investimentos em renda fixa, principalmente os isentos de Imposto de Renda.

↳ Nesta categoria, estão algumas debêntures, a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) e a LCI (Letra de Crédito Imobiliário).

↳ Esses investimentos são formas de emprestar dinheiro para empresas.

  • A repórter Júlia Moura mostra como ficam esses produtos e outros mais conhecidos, como a poupança, os CDBs e os títulos do Tesouro. Leia aqui.

No seu bolso. A taxa Selic funciona como "piso" para outras taxas de juros porque define o que seria uma espécie de valor justo do crédito no país. Ela impacta os financiamentos e empréstimos, mas também os retornos de muitos investimentos.

↳ O título do governo Tesouro Selic, por exemplo, rende sempre o valor da taxa. Se ela cair ou subir, o rendimento acompanha.

Investimentos baseados no CDI (Certificado de Depósito Interbancário) também seguem ela de perto. Uma debênture ou CDB pode pagar 105% do CDI, por exemplo.

Na economia. A taxa básica de juros é uma das principais ferramentas para controlar a inflação, porque ela pode estimular ou esfriar a economia.

Quando a taxa cai, como aconteceu até abril, a economia é estimulada com incentivo ao consumo e crédito mais barato.

Cautela. Como uma taxa mais baixa estimula o consumo e a expansão econômica, o movimento só costuma acontecer quando o Banco Central tem segurança de que não há risco de inflação. Na decisão de ontem, a instituição alertou para os riscos.

Para aprofundar:


Chambriard em defesa do petróleo

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, fez uma forte defesa de novas explorações de petróleo em sua cerimônia de posse nesta quarta-feira (19), apesar dos apelos internacionais pela redução no consumo de combustíveis fósseis.

↳ O evento teve a presença do presidente Lula e ministros no Rio de Janeiro.

A justificativa: para Chambriard, a exploração de petróleo é necessária para que seja possível "bancar a conta" da transição energética. A executiva, porém, citou os projetos da empresa em energias renováveis e redução de emissões.

A perfuração de poços na região da Foz do Amazonas é uma das bandeiras da nova presidente, já que a região do pré-sal vai gerar menos petróleo a partir de 2030. Hoje, o Brasil está entre os 10 maiores produtores de petróleo do mundo.

Entenda: a Petrobras trava um embate com a área ambiental do governo para explorar a área. Em 2023, o primeiro pedido foi negado pelo Ibama.

↳ No evento de posse, a defesa da exploração de petróleo recebeu novamente apoio do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Lula, porém, não tocou no tema.

A gestão. Magda tomou posse de fato em maio para substituir Jean Paul Prates, demitido por Lula após longo processo de fritura patrocinado por Silveira e pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa.

↳ Ela recebeu a missão de acelerar obras para que o presidente consiga mostrar resultados a tempo da campanha eleitoral de 2026.

↳ Como prioridade, estão encomendas à indústria naval brasileira, aportes em fertilizantes e a viabilização de um polo gás-químico em Uberaba (MG). Leia mais.

Dividendos. A Petrobras paga nesta quinta-feira a segunda parcela dos proventos referentes ao resultado de 2023. O valor será de R$ 1,46 por ação.

↳ Desse valor, R$ 0,57 se referem ao previsto na política de remuneração. Outros R$ 0,89 são extraordinários, aprovados depois da crise que culminou na saída de Jean Paul Prates.

Na posse de Magda, os dividendos foram assunto.

  • "Ninguém quer que nenhum acionista tenha um centavo de prejuízo. Se investiu, tem direito a ter seu retorno do investimento. Ninguém quer que a Petrobras seja uma empresa deficitária, que ela perca dinheiro", afirmou o presidente Lula.
Magda Chambriard e Lula durante a posse da nova presidente da Petrobras no Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli/Folhapress

Ferrari elétrica

O primeiro carro elétrico da Ferrari custará pelo menos 500 mil euros (R$ 2,9 milhões) e será lançado até o final de 2025. A decisão vem depois das concorrentes de luxo e a produção será pequena para manter a exclusividade tradicional da marca.

Caro? O preço, revelado pela agência Reuters, está bem acima do valor médio da Ferrari e de outros elétricos topo de linha, que custam por volta de 350 mil euros (R$ 1,9 milhões).

↳ Os 500 mil euros não incluem funções extras, nem toques pessoais, que acrescentam ao menos 15% no valor.

Correndo atrás. As montadoras tradicionais ficam para trás da Tesla e da BYD no segmento elétrico. Veja em números:

↳ A BYD lidera, com 22% de share, seguida pela Tesla, com 13%. Juntas, somam 35%.

↳ As tradicionais BMW, Ford, GM, Honda, Hyundai, Kia, Mercedes-Benz, Nissan, Renault, Stellantis, Toyota e Volkswagen somam juntas apenas 30% do mercado de elétricos.

Porém… No segmento de elétricos de luxo, as tradicionais têm força. Entre esses modelos, a BMW fica em segundo lugar no ranking de vendas. Em seguida, vem a Mercedes.

A Ferrari entra tímida nesse mercado. A expectativa é de uma produção de 6 mil unidades ao ano. A Tesla, por exemplo, produziu 1,8 milhão em 2023. A BMW, 376 mil.

O novo carro elevaria sua produção total para 20 mil unidades. Hoje, as listas de espera para alguns modelos podem chegar a dois anos. A exclusividade é vista como uma das forças da marca.

Crescimento. Dentro do segmento luxo, os elétricos devem pular de 6% em 2021 para 46% em 2031, segundo a consultoria Oliver Wyman.

↳ Em entrevista à Folha, o CEO da Mercedes-Bens no Brasil concorda. Para ele, o futuro do segmento de luxo é necessariamente elétrico.

Quanto ao segmento elétrico em geral, a perspectiva é de que 20% dos 17 milhões de carros vendidos sejam elétricos ou híbridos. Essa fatia deve chegar a 100% em 2035, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).

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