A Noruega ofereceu, nesta quarta-feira (26), grandes áreas da região do Ártico para sua primeira rodada de concessão para mineração no fundo do mar e pretende permitir a exploração durante o primeiro semestre de 2025, disse o Ministério de Energia do país.
O país pode se tornar o primeiro do mundo a iniciar a mineração comercial em águas profundas, esperando extrair minerais necessários para painéis solares, turbinas eólicas e baterias de carros elétricos utilizados para substituir a energia de combustíveis fósseis.
"O mundo precisa de minerais para a transição verde, e o governo quer explorar se é possível extrair minerais do mar de forma sustentável na plataforma continental norueguesa", disse o ministro de Energia, Terje Aasland, em comunicado.
O governo já havia dito que dados preliminares oficiais de recursos mostraram áreas com uma quantidade substancial de metais e minerais, que vão desde cobre até elementos de terras raras.
Em janeiro, o Parlamento norueguês votou a favor da abertura de cerca de 280 mil km² de áreas oceânicas entre a ilha de Jan Mayen e o arquipélago de Svalbard para exploração de minerais do leito marinho.
Os 386 blocos propostos na quarta-feira cobrem cerca de 38% da área total aberta pelo Parlamento, e a seleção foi baseada em contribuições da indústria, destacou o ministério.
No entanto, a mineração no fundo do mar recebeu críticas de ambientalistas preocupados com a perspectiva de que a busca por lucro irá explorar uma das últimas partes do ambiente natural que é relativamente intocada e pouco compreendida. Os ativistas entraram na Justiça para conter a empreitada.
O WWF, que entrou com uma ação judicial em maio, condenou o projeto divulgado nesta quarta-feira, dizendo que foi um golpe significativo para a reputação do país como guardião responsável dos oceanos.
O Greenpeace afirmou que os blocos propostos ocupam uma área "chocantemente grande", dadas as advertências anteriores de cientistas sobre o impacto potencial nos ecossistemas frágeis.
Os planos de exploração de minerais do leito marinho também enfrentam oposição de vários países, incluindo a França, que pediram a suspensão para ter mais tempo para entender melhor o impacto nos organismos das águas profundas.
Na terça-feira, o Conselho da União Europeia afirmou que observa "com preocupação" os planos de mineração da Noruega, enfatizando a necessidade de uma avaliação de impacto completa.
O governo norueguês disse que a fase inicial de exploração terá um impacto mínimo nos organismos que estão no fundo do mar e que as empresas precisarão de aprovações antes que qualquer produção possa começar.
Com reportagem adicional de David Stanway, na Cidade de Singapura
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