Vídeos enganam ao sugerir que o arroz a ser importado pelo governo federal é feito na China com plástico e papel. Posts com vídeo do processo de fabricação de arroz em máquinas da empresa chinesa SunPring, verificados pelo Comprova, sugerem incorretamente que o grão produzido por esse equipamento é feito de plástico e será comprado pelo Brasil. Na verdade, a empresa reprocessa grãos quebrados e dá ao produto o formato de um grão de arroz normal.
A SunPring explica no site que seu arroz é artificial e pode ser feito com milho, trigo, aveia e soja, além de grãos quebrados de arroz como matéria-prima. É possível ainda incrementar nutrientes como cálcio, zinco e ferro. Em nenhum momento é cogitado o uso de papel ou plástico na produção do grão.
E, diferentemente do que afirmam os posts, o governo federal não prevê a importação de arroz artificial. Segundo edital da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o arroz importado deve ser tipo um, ou seja, o de melhor qualidade, da safra 2023/2024. O documento detalha ainda que o produto deverá ter aspecto, cor, odor e sabor característico de arroz beneficiado, sendo vedada a aquisição de arroz aromático. A medida adotada pelo governo federal tem por objetivo suprir a demanda após perdas na safra do Rio Grande do Sul, maior produtor do país, devido às enchentes.
A Conab disse que o arroz poderá ser comprado de todos os países produtores e exportadores de arroz, mas as variedades precisam ser compatíveis ao consumo brasileiro, conforme Instrução Normativa do Ministério da Agricultura e Pecuária número 6/2009. Essa normativa da Conab especifica que o arroz importado é proveniente da espécie Oryza sativa L., uma das mais cultivadas globalmente, como mostra detalhamento feito pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
O autor do post enganoso foi procurado, mas não respondeu até a publicação deste texto.
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