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Petrobras sob nova direção, lucro do Nubank em alta e o que importa no mercado

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Victor Sena
São Paulo

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Jean Paul Prates não é mais o presidente da Petrobras. A decisão do presidente Lula (PT) foi confirmada na noite desta terça-feira (14).

Quem deve assumir a presidência da companhia é Magda Chambriard.

Quem é ela: engenheira química e ex-funcionária da estatal, onde trabalhou por 22 anos. Comandou a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) durante o governo Dilma Rousseff.

Não foi surpresa. Lula já demonstrava insatisfação com o trabalho de Prates havia meses. O primeiro atrito entre eles surgiu na discussão sobre o pagamento dos lucros referentes a 2023.

Relembre: no início do ano, o Conselho de Administração da companhia decidiu por não distribuir os dividendos extraordinários aos acionistas. A decisão foi rachada e colocou em oposição também ministros.

Lula teria ficado contrariado com declarações de Prates de que a orientação para reter dividendos partiu do governo. Também se incomodou com a repercussão ruim entre investidores.

↳ Para o presidente, a decisão deveria ter sido melhor comunicada.

O governo acabou recuando semanas depois e aprovou a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários em assembleia no fim de abril.

A situação ficou em banho-maria… Prates pediu audiência a Lula durante a crise para esclarecer sua situação no cargo, mas o presidente não chegou a recebê-lo.

Mas voltou a se intensificar… Quando o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, deu entrevista à Folha e disse reconhecer que havia um conflito entre seu papel e o de Prates.

Nesta terça, a Petrobras divulgou seus resultados financeiros do primeiro trimestre e Prates comemorou na rede social X (antigo Twitter), apesar do recuo de 38% no lucro. Veja mais sobre os números da companhia aqui e aqui.

E agora? A troca de comando foi vista com preocupação por economistas ouvidos pela Folha.

↳ Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, a Petrobras segue sofrendo ingerências preocupantes por parte do governo, a política de precificação não está pacificada e há defasagens acumuladas de preços que terão que ser revistas.

Mais sobre a sucessão:

O nome de Magda Chambriard já era cotado por Lula, assim como o presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) Aluízio Mercadante.

Em entrevista, Magda já defendeu a exploração da Margem Equatorial, área na foz do rio Amazonas com potencial risco ambiental para a atividade petroleira.

Ela é vista pelo mercado como um quadro de perfil mais desenvolvimentista do que Prates e defende o papel do setor de petróleo como indutor do desenvolvimento industrial do país, em pensamento alinhado ao do governo Lula.

Jean Paul Prates, agora ex-presidente da Petrobras - Adriano Machado - 20.dez.2023/Reuters

Década perdida

A crise das chuvas no Rio Grande do Sul paralisou nove em cada dez empresas do setor industrial gaúcho. Para a federação de indústrias do estado, haverá uma década perdida na economia.

Por quê? Além de danos à infraestrutura das fábricas, as chuvas destruíram estradas por onde chegam matérias-primas e se escoa a produção.

previsões de que o PIB (Produto Interno Bruto) do estado neste ano caia 2%, impactando também a inflação do país com a crise na oferta de certos produtos agrícolas. Antes da tragédia, a previsão era uma alta de 3,5%.

  • As perdas na safra de grãos, por exemplo, foram de 851 mil toneladas.

Enquanto a capital Porto Alegre segue alagada, mais medidas para aliviar o impacto econômico são divulgadas. Entre as mais recentes:

Fábrica de aço totalmente alagada em São Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre - Pedro Ladeira/ Folhapress

Ao todo, o governo federal já direcionou R$ 17 bilhões direto para o estado. Entenda os detalhes desse orçamento aqui.

E mais: Lula nomeou Paulo Pimenta como ministro extraordinário para reconstrução do RS, mas a decisão não foi bem vista pelo PSDB.

Lucro em alta no Nubank

A receita e o lucro do Nubank tiveram forte alta no primeiro trimestre, mas o indicador de inadimplência assustou investidores na noite de terça durante o "after market" (período extra de negociação depois do fechamento do pregão) da Bolsa de Nova York.

  • As ações chegaram a cair num primeiro momento, mas depois subiram.

O trimestre em números:

Receita: US$ 2,7 bilhões (R$ 13,8 bilhões), alta de 69%.

Lucro líquido: US$ 379 milhões (R$ 1,9 bilhões), alta de 14%.

Inadimplência de curto prazo (até 90 dias): alta de 4,1% para 5%.

A expansão da receita em 69% indica uma aceleração, já que no fim de 2023 ela vinha crescendo num ritmo menor, de 57%.

Alerta? Banco justificou alta da inadimplência como parte da sazonalidade e disse que o índice veio em linha com as tendências e expectativas do mercado.

Análise feita pela Folha com as finanças dos quatro maiores bancos do Brasil mostra que a inadimplência de Itaú, Banco do Brasil, Bradesco e Santander é menor. No Bradesco, por exemplo, ela é de 4,8%, enquanto no Itaú está em 2,70%.

  • A média da inadimplência em todo o sistema financeiro é de 3,20%.

Para entender: um indicador que ajuda a analisar as finanças do banco de forma mais simples é o retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês). Ele mede quanto uma empresa consegue gerar valor a partir desses recursos.

↳ O ROE do Nubank alcançou 23% no trimestre, patamar considerado muito positivo.

↳ Itaú e Banco do Brasil têm ROEs em torno de 21%.

Na última semana, o Nubank revelou que alcançou a marca de 100 milhões de clientes, a maioria deles no Brasil. O México tem sido outro mercado alvo da companhia.

Em um ano, as ações do Nubank subiram cerca de 105%, repercutindo principalmente a virada da operação de prejuízo para lucro entre 2022 e 2023.

Alívio na inflação argentina

Os preços seguem em alta na Argentina, mas desaceleraram em abril. A inflação do mês foi uma variação de "apenas" 8,8%, abaixo dos 11% de março.

O número parece alto, mas… É a primeira vez que a inflação fica abaixo de dois dígitos desde outubro.

  • O pico havia sido em dezembro, quando os preços aumentaram 25,5%.
  • A partir de então, a inflação foi a 20,6% (janeiro), a 13,2% (fevereiro) e a 11% (março).

Apesar da baixa, o acumulado em 12 meses aumentou de 288% para 289%. A alta inflação no país forçou o banco central a lançar uma nova cédula de 10 mil pesos.

Boa notícia para Milei

O governo de Javier Milei havia prometido uma inflação abaixo de 10% para este mês. Os números desta terça (14) podem ser considerados uma vitória política para o presidente.

Por que caiu? A queda da inflação mês a mês é atribuída principalmente aos amplos cortes de gastos do governo, que incluem paralisação de obras e fim do reajuste a salários e pensões.

A redução na emissão de pesos para bancar o governo também é apontada como uma razão para a inflação mais fraca.

A inflação de abril veio a público um dia após o FMI anunciar que a oitava rodada de negociação da dívida argentina vai muito bem —um dos dados alardeados pelo governo foi o saldo positivo nas contas públicas do trimestre.

↳ Com o argumento de que o governo teve resultados melhores do que os esperados, o órgão internacional deve chancelar a liberação de mais US$ 800 milhões (R$ 4,1 bilhões) ao país.

Logo depois do anúncio de inflação mais baixa, o banco central do país anunciou um corte nos juros de 50% para 40% ao ano.

↳ Apesar da redução, as taxas ainda estão mais baixas que a inflação e não conseguem esfriar a economia. No entanto, a redução pode oferecer algum alívio econômico ao país.

Reformas na mão do Senado

Além dos cortes, Milei tenta a aprovação no Congresso de um conjunto de leis para reformar a economia argentina. A Câmara deu o aval, mas ainda falta o do Senado, onde o governo não tem nem 10% dos assentos.

Entre os principais pontos:

  • Autorização para privatização de nove estatais, entre elas a Aerolíneas e a petrolífera Enarsa;
  • Permissão para o presidente decidir sobre algumas áreas da administração pública sem precisar de aval do Congresso por um ano;
  • Implementação de uma pequena reforma trabalhista que flexibiliza regras para contratação;
  • Redução na isenção do imposto de renda;
  • Mudança em regra que permite aposentadorias com menos de 30 anos de contribuição;

Mais sobre a Argentina:

Sem rigidez fiscal, Milei seria pato manco, diz economista que é amigo do argentino.

Kirchnerismo se perdeu de suas origens, diz Alberto Fernández.

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