A Petrobras reuniu na terça-feira (7) em Houston, nos Estados Unidos, representantes de estaleiros nacionais e estrangeiros para tentar fomentar parcerias para a construção de equipamentos no Brasil.
O diretor de Engenharia, Tecnologia e Serviços da estatal, Carlos Travassos, diz que o objetivo é retomar a capacidade da indústria local para garantir o cumprimento de exigências de conteúdo nacional em seus contratos.
Ele defende que o esforço é diferente do primeiro ciclo de atração de estaleiros nos primeiros mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que terminou com canteiros de obras fechados e empresas em recuperação judicial.
"O que a gente está tentando fazer agora não é uma iniciativa da Petrobras para recuperar a indústria naval", afirma Travassos. "A gente está construindo uma estratégia de negócio."
O diretor diz que a Petrobras vem encontrando dificuldades com escalada de custos dos equipamentos e excesso de concentração de fornecedores após fusões entre operadores de plataformas de petróleo globais.
O cenário vem provocando atrasos em plataformas com maior exigência contratual de compras no Brasil, como duas unidades para produzir petróleo em Sergipe e outra no Rio de Janeiro.
"A gente está aqui resolvendo um problema que está posto. Eu tenho projetos a serem implementados que têm requisitos de conteúdo local", diz ele.
A carteira de encomendas da Petrobras tem atualmente quatro plataformas de produção já aprovadas e outras sete em estudo. Outras dez já foram licitadas e estão em construção.
O encontro em Houston reuniu 11 estaleiros estrangeiros e 11 estaleiros nacionais, muitos deles investigados pela Operação Lava Jato após a descoberta do esquema de corrupção coordenado por um cartel de empreiteiras.
A Petrobras defende parcerias para que etapas em que a indústria nacional é mais competitiva sejam realizadas no país. É o caso, por exemplo, dos módulos industriais que ficam no convés das plataformas.
Representantes do setor, porém, defendem que a demanda da Petrobras não é suficiente para garantir a competitividade da indústria. Questões como financiamento e tributos seriam dificultadores.
"Já vimos que aumentar exigência de conteúdo local é insuficiente", disse o secretário-executivo da Abespetro (Associação Brasileira das Empresas de Bens e Serviços de Petróleo), Telmo Ghiorzi.
O setor pede taxas de juros menores no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), mudanças nas exigências de garantias dos financiamentos e manutenção de regime tributário especial chamado Repetro.
Atualmente, os estaleiros construídos no Brasil durante as primeiras gestões petistas operam bem abaixo da capacidade, a maior parte com reparos de embarcações.
A retomada dessa indústria é uma promessa de campanha de Lula, que conta com a Petrobras para garantir demanda ao setor. Além das plataformas, a empresa prevê a contratação de navios e embarcações de apoio à produção de petróleo.
O governo vem trabalhando em um plano de ação para tentar deslanchar o programa, coordenado pelo Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), mas a demora no início das obras já gera queixas de sindicatos aliados.
O repórter viajou a convite da Petrobras
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