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Membros do BC concordam que política monetária deve ser cautelosa e flexível, diz Guillen

Diretor do BC afirma autarquia têm visão comum sobre como agir cautelosamente e com compromisso da meta da inflação

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Reuters

O diretor de política econômica do Banco Central, Diogo Guillen, defendeu nesta quinta-feira (23) flexibilidade na condução da política monetária.

Ele afirma que membros do Copom (Comitê de Política Monetária) têm a visão comum de que devem agir com cautela, sem sinalizar próximos passos e firme com compromisso em trazer a inflação à meta.

Falando em seminário do European Economics & Financial Centre, Guillen se absteve de comentar se o ciclo de afrouxamento monetária chegou ao fim.

"Sobre se terminou ou não trata-se mesmo de ter uma política monetária flexível, sem orientação, e entender como o cenário vai evoluir para pensar no próximo movimento", disse.

Um homem vestindo terno e gravata está sentado atrás de uma mesa com microfones e uma placa com seu nome e título, aparentemente participando de uma sessão formal ou audiência
Diretor de política econômica do BC, Diogo Guillen, durante sabatina com CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), em 2023. - Edilson Rodrigues/Agência Senado

O diretor do BC disse que o comprometimento com a meta é essencial para ancorar as expectativas, atualmente acima do objetivo de 3% da autarquia para este ano e os quatro seguintes. Segundo Guillen, a percepção de potencial leniência do BC em trazer a inflação para a meta pode explicar parte do desvio.

A partir do próximo ano, a maioria do Copom será formada por diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que nomeou quatro nomes para autarquia.

Todos os indicados por Lula votaram por um corte de 0,5 p.p (ponto percentual), enquanto os diretores remanescentes do governo de Jair Bolsonaro (PL) optaram pela desaceleração do ritmo de redução.

Isso tem gerado preocupações no mercado, especialmente depois da decisão dividida do BC em sua última reunião, no início deste mês, de reduzir a taxa Selic em 0,25 p.p, para 10,5% ao ano, após seis cortes consecutivos de 0,5 p.p.

"Houve muita atenção e drama [sobre a divisão do BC]", disse Guillen.

"Na verdade, acho que o que talvez seja mais importante foi que todos concordaram que a política monetária deve ser mais cautelosa, deve ser mais contracionista e deve ser mais flexível, sem nenhuma orientação sobre os próximos passos."

Ele também defendeu que a ancoragem das expectativas de inflação é um fator importante na condução do nível dos preços de volta à meta e também fornece credibilidade às autoridades monetárias.

Após fazer considerações sobre a economia brasileira, Guillen disse que houve progresso na redução da inflação, mas que ainda há um caminho a percorrer.

Em uma análise mais ampla do cenário global, o diretor disse acreditar que todas as economias emergentes devem conduzir a política monetária de forma mais cautelosa.

Por fim, Guillen apontou que o BC vai rever a sua estimativa atual de uma taxa de juro neutra de 4,5%, mas evitará incorporar alterações de alta frequência que criam ruído neste ajustamento.

IMPACTO DA TRAGÉDIA NO RS

No seminário, Guillen afirmou que ainda há muita incerteza por parte do BC sobre a perspectiva de inflação no Brasil, o que inclui, segundo ele, dúvidas sobre como a tragédia climática no Rio Grande do Sul vai impactar a leitura dos preços.

O diretor afirma que é cedo para estimar o impacto econômico das enchentes que têm devastado a região, mas sinalizou que desastre pode afetar temporariamente inflação de alimentos e cadeias de suprimentos.

De acordo com ele, a inflação cheia e de serviços surpreenderam para cima no início do ano, com uma composição melhor nos últimos meses.

Até o momento, a tragédia no Rio Grande do Sul já deixou pelo menos 163 mortos e afetaram mais de 2,3 milhões de pessoas, com mais de 580 mil pessoas desalojadas.

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