Governo eleva a 2,5% projeção para a alta do PIB em 2024 e vê inflação maior

De acordo com a pasta, nova previsão não considera impactos da fortes chuvas no Rio Grande do Sul

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Brasília | Reuters

A SPE (Secretaria de Política Econômica) do Ministério da Fazenda melhorou de 2,2% para 2,5% sua projeção para o crescimento econômico do Brasil em 2024, ao mesmo tempo em que passou a enxergar uma pressão de preços maior neste ano, mostrou boletim divulgado nesta quinta-feira (16).

A pasta também informou que sua previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2025 está em 2,8%, mesmo patamar estimado em seu boletim macrofiscal anterior, divulgado em março.

De acordo com a secretaria, a nova previsão de crescimento para este ano não considera os impactos da calamidade provocada pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul.

A SPE do Ministério da Fazenda melhorou de 2,2% para 2,5% sua projeção para crescimento econômico do Brasil em 2024.
A SPE do Ministério da Fazenda melhorou de 2,2% para 2,5% sua projeção para crescimento econômico do Brasil em 2024. - Ricardo Moraes/Reuters

"A magnitude do impacto depende da ocorrência de novos eventos climáticos, de transbordamentos desses impactos para estados próximos e do efeito de programas de auxílio fiscal e de crédito nas cidades atingidas pelas chuvas", disse a SPE no documento.

A secretaria avaliou que o PIB do Rio Grande do Sul, com peso aproximado de 6,5% no PIB brasileiro, deverá registrar perdas principalmente no segundo trimestre, parcialmente compensadas ao longo dos trimestres posteriores.

Para a SPE, atividades ligadas à agropecuária e indústria de transformação deverão ser as mais afetadas na medição da atividade a nível nacional, porque são mais representativas no PIB do Rio Grande do Sul que na média do PIB brasileiro.

As projeções da Secretaria para o PIB nacional seguem mais otimistas que o mercado, que aposta em alta de 2,09% neste ano e 2,00% em 2025, segundo o boletim Focus do Banco Central.

Em 2023, o PIB brasileiro cresceu 2,9%, impulsionado por uma safra recorde de grãos e forte resultado das indústrias extrativas, com destaque para petróleo e minério de ferro.

De acordo com a Secretaria, a melhora na projeção de atividade refletiu "crescimento robusto" das vendas no varejo e serviços, aumento na geração de empregos e expansão das concessões de crédito, além de uma maior contribuição do setor externo diante da depreciação cambial.

"Os sinais de recuperação do investimento, baseados na expansão de indicadores de atividade na construção civil e no crescimento das importações de bens de capitais, também auxiliaram nesse sentido", apontou.

A pasta revisou para baixo as projeções para 2024 na agropecuária, de -1,3% para -1,4%, e na indústria, de +2,5% para +2,4%. Contudo, os recuos foram mais que compensados por uma reavaliação para cima da estimativa de desempenho para o setor de serviços, de +2,4% para +2,7%.

A atualização oficial dos dados elaborados pela SPE serve como base para que governo revise a estimativa de receitas e despesas e projete se deve cumprir as regras fiscais para ano, já que desempenho da economia influencia a arrecadação de impostos. A avaliação é feita a cada dois meses.

O documento com prognósticos fiscais será apresentado pela equipe econômica na próxima semana. Na divulgação de março, a Fazenda apontou necessidade de bloquear R$ 2,9 bilhões do Orçamento para cumprir o limite de despesas do arcabouço fiscal, apesar de as contas estarem dentro da margem de tolerância da meta fiscal.

Também nesta quinta (16), o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, afirmou que a pasta projeta um número menor de cortes na taxa Selic e espera uma taxa mais elevada ao fim do ciclo de afrouxamento do que alguns meses atrás, por causa da mudança no cenário internacional.

Mello destacou mudanças na previsão de cortes dos juros nos Estados Unidos como principal fator que impactou a expectativa de reduções da Selic.

INFLAÇÃO MAIS ALTA

Em relação à inflação, a SPE passou a ver alta de 3,70% do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) este ano, acima da previsão de 3,50% do último boletim. Para o próximo ano, a previsão foi calculada em 3,20%, ante 3,10% previstos em março.

A meta estipulada pelo governo para a inflação é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.

Nesse caso, a SPE informou ter incorporado às suas projeções os impactos da catástrofe no Rio Grande do Sul.

"O aumento nas estimativas para a inflação captura tanto os efeitos da depreciação cambial recente nos preços livres como os impactos das fortes chuvas no Rio Grande do Sul na oferta e nos preços de produtos in natura, arroz, carnes e aves", disse.

Para Secretaria, os preços desses alimentos devem subir de maneira mais pronunciada nos próximos dois meses, mas parcela relevante desse aumento deve ser devolvida nos meses seguintes, com a normalização da oferta.

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