Após um momento de tensão com um novo ataque de Israel ao Irã, os mercados globais se acalmaram e recuperaram perdas nesta sexta-feira (19). O dólar, que havia começado o dia subindo, devolveu os ganhos e passou a registrar queda ante o real, e a Bolsa brasileira engatou alta minutos após a abertura. A avaliação foi de que não deve haver uma escalada no conflito no Oriente Médio.
No fim, o dia foi é de recuperação: os juros futuros brasileiros, que avançaram no início da semana, caíram, dando fôlego ao Ibovespa.
As ações da Petrobras registraram forte alta e foram as mais negociadas da sessão em meio a expectativas sobre o pagamento dos dividendos extraordinários retidos da companhia.
Nesta sexta, também ocorreu o vencimento de opções sobre ações. As opções são contratos que dão ao titular o direito de vender ou comprar um ativo numa data específica no futuro por um valor pré-determinado.
O vencimento de opções, ou seja, a data limite para exercer esse direito, sempre ocorre na terceira sexta-feira do mês, o que impacta o preço dos ativos no pregão do dia.
A maior alta do dia foi da Petz, que avançou 37,14% após ter anunciado uma negociação para fusão com a Cobasi.
Com isso, o Ibovespa terminou o dia em alta de 0,75%, aos 125.124 pontos, enquanto o dólar caiu 0,97%, cotado a R$ 5,199. Os papéis preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras subiram 4,06%.
Na semana, no entanto, o Ibovespa acumula queda de 0,65%, e o dólar, valorização de 1,52%
"O Ibovespa parece seguir a mercê do peso da Petrobras, que por sua vez oscila conforme o noticiário sobre a distribuição dos dividendos extraordinários. Enquanto não há uma decisão, o papel segue volátil, ora precificando o pagamento do montante, ora descontando o não recebimento dos dividendos extras", afirma Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
A deliberação sobre a distribuição de dividendos da companhia ocorrerá na assembleia geral de acionistas, marcada para o dia 25 de abril.
No câmbio, profissionais do mercado afirmaram ser natural que, após os excessos recentes, o dólar passasse por um dia de ajustes. No meio da tarde, às 15h28, o dólar à vista marcou a cotação mínima de R$ 5,1858 (-1,24%).
Durante a tarde, em palestra em Nova York, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a defender que a autarquia só intervenha no mercado de câmbio em caso de disfuncionalidades —e não em função da alta das cotações.
"Se o câmbio está se valorizando porque as pessoas estão comprando dólar, deve ser porque as pessoas perceberam um risco que é maior. E você não quer que essa variável não reflita o risco", disse.
Campos Neto afirmou ainda que o Brasil depende do dólar mesmo depois que o governo optou por reduzir sua dívida externa e compensá-la com o aumento da dívida interna, num movimento que ocorreu a partir do início dos anos 2000.
Segundo ele, parte dos detentores dos títulos públicos brasileiros são estrangeiros que precisam vender dólares e comprar reais para fazer operações. Com isso, movimentos na curva de juros acabam impactando a demanda por dólar.
Afora o pronunciamento de Campos Neto, não houve eventos relevantes para o mercado nesta sexta.
"Hoje é um dia de agenda um pouco esvaziada, sem nenhuma divulgação macroeconômica relevante, o que significa menos potencial para más notícias. A gente vem de uma sequência de dias com muitas notícias negativas no sentido de que haverá menos cortes de juros do que o previsto. Foi um dia de acalmada de fluxo, de descompressão", afirma Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.
Com Reuters
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