Os conselheiros da Petrobras alinhados ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva rejeitaram na quinta-feira (7) a proposta de pagamento de dividendos extraordinários aguardados pelos investidores.
A surpresa afetou os mercados ao sinalizar uma crescente influência de Lula sobre as decisões das empresas estatais.
A rejeição do conselho aos dividendos propostos foi vista como uma vitória para o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que indicou muitos dos conselheiros da companhia e, assim como Lula, tem pressionado para que a Petrobras aumente os investimentos.
O pagamento proposto teria sido de centenas de milhões de dólares, em comparação com os mais de US$ 3 bilhões que os analistas previam, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.
Cinco membros do conselho nomeados pelo governo votaram contra os dividendos extras, juntamente com um sexto diretor que representa os trabalhadores, disseram as pessoas.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, absteve-se de votar. Ele se viu preso entre satisfazer os desejos de Lula e a pressão de outros acionistas para continuar entregando alguns dos melhores retornos do setor.
A Petrobras não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários.
As reservas da empresa permanecerão em um fundo destinado a dividendos, que poderá ser distribuído aos investidores a qualquer momento, disse o diretor financeiro, Sergio Caetano Leite, em teleconferência com analistas.
A reação do mercado à decisão do conselho foi severa. As ações despencaram até 13% nesta sexta-feira (8). O Bank of America disse que o anúncio dos dividendos destaca o risco da influência do governo nas decisões de investimento e rebaixou a recomendação para as ação a neutra. O dólar também subiu.
Muitos investidores apostavam que a Petrobras continuaria a distribuir dividendos aos investidores para ajudar o governo, o seu maior acionista, a reforçar os cofres públicos.
Em vez disso, a empresa preferiu manter o dinheiro, enquanto procura aumentar os gastos com exploração e fazer aquisições em energias renováveis, bem como em petróleo e gás.
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