Um motor movido a etanol para o mercado agrícola foi anunciado pela John Deere em Hannover (Alemanha), que sedia a Agritechnica, principal feira de máquinas agrícolas no mundo, como alternativa ao uso do diesel no campo.
A fabricante de máquinas agrícolas, de construção e florestal afirma que, pelo fato de o etanol ser um combustível de alta octanagem, é uma opção viável para os motores de combustão interna de alto desempenho.
A iniciativa de substituição do diesel pelo etanol se soma a outras apresentadas na própria Agritechnica e também por outros fabricantes. Máquinas movidas a biometano ou mesmo energia elétrica são apontadas como alternativas mais sustentáveis para a agricultura.
Segundo a John Deere, a solução anunciada na Alemanha será "amplamente focada no mercado brasileiro", que já conta com redes bem consolidadas de produção e distribuição de etanol, devido ao uso já difundido do combustível especialmente a partir de 2003, quando surgiu o motor flex para carros de passeio.
Um dos principais produtores de etanol do mundo, o Brasil moeu na safra 2023/24, iniciada em abril, 560,54 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na região centro-sul, 14,06% mais que as 491,46 milhões de toneladas registradas no mesmo período da safra 2022/23, segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).
Das 258 usinas ainda em operação na atual safra, 241 processam cana, 8 fazem etanol a partir do milho e 10 são flex.
A venda de etanol soma 18,21 bilhões de litros na safra vigente, 4,35% acima do registrado na safra anterior, em igual período.
"O motor a etanol é mais uma iniciativa para seguirmos liderando esta jornada de transformação, enquanto apoiamos os produtores em sua desafiadora missão de garantir segurança alimentar a uma população global crescente", disse, por meio de nota, o presidente da John Deere Brasil, Antonio Carrere.
Na Agritechnica, a Fendt também mostrou o trator E 107 Vario, movido 100% a energia elétrica.
Em dezembro do ano passado, a CNH Industrial apresentou protótipos de dois novos tratores, um movido a gás liquefeito e outro elétrico.
Mais silenciosos que os modelos existentes e com a proposta de reduzir custos e serem mais sustentáveis ambientalmente, os tratores foram concebidos com o objetivo de atender tanto produtores maiores, caso do veículo movido a gás liquefeito, quanto pequenos, foco da opção elétrica.
Um outro modelo da New Holland, fabricado na Inglaterra, é movido a biometano e usa dejetos de porcos para o abastecimento. Ele já está em uso em uma fazenda de Mato Grosso do Sul.
O anúncio da John Deere, conforme a empresa, vai ao encontro de metas de sustentabilidade para 2026 e 2030, que abrangem não só as emissões da empresa, mas também em ajudar a reduzir insumos e emissões de clientes e fornecedores. Entre elas estão apresentar até 2026 uma solução viável de motor de baixa/livre emissão de carbono e entregar um trator com sistema totalmente autônomo e elétrico ao mercado.
A Agritechnica começou no último dia 12 e terminará sábado (18) em Hannover. Com 2.700 expositores de 53 países, tem a previsão de receber 400 mil visitantes de 135 nacionalidades.
A Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) tem um pavilhão na feira que abriga nove empresas.
Uma delas é a SaveFarm, indústria gaúcha que levou para a Alemanha uma solução de inteligência artificial para pulverizadores, que segundo a empresa reduz o consumo de defensivos em até 95%.
Em sua primeira edição após o início da pandemia da Covid-19, ocorre em meio ao cenário global incerto, como os impactos da guerra da Rússia contra a Ucrânia e os desafios das mudanças climáticas.
Nesse ponto, a organização da feira cita em comunicado que já estão sendo implementadas por produtores europeus medidas para usar recursos de forma eficiente, como rotação de culturas e redução no consumo de diesel.
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