A Eletrobras informou nesta segunda-feira (14) que Wilson Ferreira Junior apresentou ao conselho de administração a sua renúncia ao cargo de presidente da companhia.
Para o seu lugar, o conselho elegeu Ivan de Souza Monteiro, que presidia o colegiado. Ex-funcionário de carreira do Banco do Brasil, ele comandou a Petrobras no fim do governo Michel Temer (MDB).
Para a função de presidente do conselho foi eleito Vicente Falconi Campos, que, por sua vez, será substituído por Felipe Villela Dias.
O anúncio pegou de surpresa o mercado de energia, segundo a Folha apurou. Ferreira Jr. esteve na Bolsa pela manhã, em São Paulo, para acompanhar a cerimônia de capitalização da Copel (Companhia Paranaense de Energia). Na sequência, almoçou com investidores no banco BTG.
Os colegas relatam que ele não expressou nenhuma preocupação ao longo do dia.
A saída, no entanto, ocorre em um momento delicado, de atritos com o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que se opôs à privatização da companhia, e tenta ampliar o poder da União em sua gestão.
A AGU (Advocacia-Geral da União) ingressou no STF (Supremo Tribunal Federal) com uma ADI (ação direta de inconstitucionalidade) pedindo que o governo tenha voto proporcional à sua participação acionária.
O bloco que reúne União, BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social) e seu braço de participações BNDESPar tem cerca de 35% das ações ordinárias, mas atua como um minoritário após a capitalização.
Pessoas que acompanham a Eletrobras contam que Ferreira Jr. vinha tendo uma relação difícil com integrantes do conselho em relação à qual seria a melhor estratégia para o futuro da companhia, especialmente com o governo.
Nesse aspecto, Ivan Monteiro, que participou de gestões petistas, teria melhor trânsito. Ele foi vice-presidente do Banco do Brasil e, depois, diretor financeiro da Petrobras durante o governo Dilma Rousseff (PT).
Esta foi a segunda passagem de Ferreira Jr. pela empresa. Executivo conceituado no setor de energia, havia presidido a companhia de julho de 2016 a janeiro de 2021. Saiu para assumir a BR Distribuidora, onde fez o processo de reestruturação para formar a hoje Vibra Energia.
Renunciou ao comando da empresa em 20 de julho do ano passado para retornar à Eletrobras como primeiro presidente da companhia após a privatização. Na semana passada, após divulgar lucro de R$ 16 bilhões da empresa no segundo trimestre, foi otimista ao fazer um balanço da gestão.
Comemorou o avanço em medidas de redução de custos, como a implementação de planos de demissão voluntária, e de limpeza do balanço da companhia, com negociações para encerrar processos judiciais relativos aos empréstimos compulsórios tomados nos anos 1970.
"Nossa mensagem final para vocês é: estamos passando por uma fase de transformações", afirmou. "Meu time está trabalhando junto por apenas um trimestre, mas já estamos fazendo a diferença."
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