Quase a metade das startups do setor agro no Brasil trabalham no segmento conhecido como "depois da fazenda", que inclui plataformas de negociação de produtos e serviços de armazenamento e logística. De 1.730 agtechs, 756 atuam nessa área (44,4%).
Os dados são do Radar Agtech Brasil 2022, realizado por Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), SP Ventures e a Homo Ludens Research & Consulting.
Também estão inseridas nessa categoria startups que desenvolvem alimentos inovadores, como hambúrgueres e leites à base de plantas, e as empresas de plantio urbano.
Uma delas é a BeGreen, que há cinco anos produz hortaliças livres de agrotóxico nas cidades. "Queria criar algo que tivesse impacto positivo no ambiente", afirma o CEO Giuliano Bittencourt.
Além de abastecer restaurantes e mercados, a startup mantém parcerias com empresas e oferece planos de assinaturas de caixas alimentos para o consumidor final.
Em cinco anos, a BeGreen recebeu mais de R$ 16 milhões em investimentos e, nos últimos 18 meses, passou de três para oito fazendas pelo país.
Segundo Shalon Silva de Souza Figueiredo, supervisora de ambientes para inovação na diretoria de negócios da Embrapa, o crescimento do número de startups ajuda a ampliar o investimento em inovação. "As agtechs trazem o dinamismo do mundo urbano, especialmente por meio de novas tecnologias, gestão e nanotecnologia", diz.
Para o diretor-executivo da Abstartups (Associação Brasileira de Startups), Luiz Othero, o setor começou a se abrir para inovação recentemente. "O agronegócio representa um terço do PIB e ainda há muito a ser explorado", diz.
Na comparação com o Radar Agtech Brasil de 2019, o segmento que mais cresceu em participação percentual foi de startups que trabalham "dentro da fazenda" —saindo de 397 (35%) para 705 (41,4%). Fazem parte desse setor empresas de gestão, equipamentos e monitoramento, entre outras.
É nesse ramo que atua a BioGyn Soluções Entomológicas, que trabalha com o controle biológico de pragas. Criada em 2018, a companhia surgiu a partir de um projeto que foi selecionado pelo CEI/UFG (Centro de Empreendedorismo e Incubação da Universidade Federal de Goiás).
A agrônoma Rízia da Silva Andrade, CEO e diretora de produção da empresa, conta que, até agora, foram investidos R$ 760 mil no negócio.
A biofábrica fica em Goiânia e seu produto principal é o Trichogramma pretiosum, vespas capazes de atacar lagartas nas lavouras.
A companhia atende de 10 a 15 clientes por mês em seis estados. "O que nos motiva é observar um mercado crescente de agricultura orgânica e de segurança alimentar livre de agrotóxicos", diz Rízia.
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