O terceiro dia seguido de bloqueios ilegais em estradas já afeta a rotina de moradores das cidades da região de Campinas, interior de São Paulo. Em Limeira, o prefeito Mario Botion (PSD) decretou situação de emergência pública por causa da falta de combustíveis em postos. A Folha entrou em contato com vários deles, mas as ligações não foram atendidas.
O decreto determina que os postos reservem ao menos 5% do combustível (gasolina, etanol e diesel) disponível para vender aos veículos oficiais do município que realizam serviços essenciais, como ambulâncias. Todos os postos da cidade são obrigados a garantir a reserva para o município.
Segundo a prefeitura, se os 5% de reserva de combustível não garantirem a prestação de serviços essenciais, o município poderá bloquear a venda para os demais consumidores, como forma de garantir o atendimento aos serviços públicos essenciais. A medida gerou filas em postos da cidade.
A Prefeitura da Estância de Amparo informou que, por causa dos bloqueios, a partir desta quinta-feira (3), não haverá coleta de lixo na cidade, já que não é possível dar vazão aos resíduos sólidos destinados à estação de transbordo localizada no antigo aterro sanitário de Amparo. A estrutura chegou ao limite, com capacidade máxima de armazenamento alcançada.
O material seria normalmente destinado ao aterro sanitário localizado em Paulínia, porém, não é possível chegar ao destino final devido aos bloqueios ilegais dos manifestações antidemocráticas.
"A prefeitura solicita a compreensão de todos, mas informa que a partir de amanhã será impossível promover a coleta de lixo, assim solicita que não sejam colocados os resíduos nas ruas, até que a situação seja amenizada", afirmou, em nota.
A coleta de lixo hospitalar também foi suspensa.
Segundo a assessoria de Amparo, representantes dos municípios de Águas de Lindoia, Monte Alegre do Sul, Serra Negra, Tuiuti, Morungaba, Vargem, Pinhalzinho e Toledo, essa última em Minas Gerais, que também usam o transbordo de Amparo, farão uma reunião extraordinária para buscar alternativas.
Em Campinas, os bloqueios provocaram nesta quarta-feira (2) uma redução na oferta de produtos na Ceasa (Centrais de Abastecimento de Campinas).
Segundo o presidente da Ceasa Campinas, Valter Greve, até o momento os estoques estão garantindo o comércio normal de produtos, mas os efeitos no abastecimento poderão ser sentidos caso os bloqueios de rodovias continuem nos próximos dias.
A Apas (Associação Paulista de Supermercados) informou que orientou, na última segunda-feira, os 4.500 supermercados associados a antecipar a logística em relação às suas lojas e seus centros de distribuição, a fim de garantir que o setor consiga abastecer a sociedade de forma segura e sem interrupção.
"Pontualmente, alguns supermercados de algumas regiões do Estado de São Paulo, apesar de todos os esforços, passaram a relatar a falta de alguns itens dos setores de frutas, legumes, verduras e do açougue", afirma a entidade, que diz acreditar que a situação estará normalizada nos próximos dias.
Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), as multas aplicadas em razão dos bloqueios já são quase 2.000 e ultrapassam R$ 18 milhões.
A Folha não conseguiu contato com prefeitos.
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