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Embarques de suco de laranja crescem para a China, mas seca e geada derrubam exportações

Fruta sofreu com calor intenso, geada e seca na safra 2021/22, que resultou em laranjas menores e queda nos pomares

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Ribeirão Preto

Os embarques de suco de laranja cresceram de forma significativa para a China, mas as exportações brasileiras apresentam queda na atual safra devido a problemas climáticos enfrentados no último ciclo.

É o que mostram dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) compilados pela CitrusBR, associação dos exportadores que reúne Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus Company.

As exportações de suco de laranja de julho do ano passado a abril, ou seja, em dez meses da safra 2021/22, fechou com volume total de 813.696 toneladas, o que representa queda de 5,21% em comparação com o mesmo período da safra passada, quando as empresas exportaram 858.384 toneladas.

Pomar novo de laranja afetado pela seca no interior paulista; fruta não se desenvolveu e murchou
Pomar novo de laranja afetado pela seca no interior paulista; fruta não se desenvolveu e murchou - Divulgação

O cenário climático foi ruim para a laranja no campo na safra 21/22, graças à ocorrência de geada, seca e ao calor intenso, que resultaram em laranjas menores e queda da fruta nos pomares, o que derrubou a produção no cinturão citrícola formado pelo interior paulista e pelo Triângulo Mineiro.

Foram colhidas 262,97 milhões de caixas de laranja de 40,8 quilos cada, segundo o Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), 31,2 milhões de caixas a menos que a previsão inicial.

Como comparação, o total perdido por conta das intempéries climáticas representa 64% da safra de 47 milhões de caixas esperada da Flórida (EUA), um tradicional polo citricultor.

O faturamento com os embarques de suco, porém, cresceram 5% no ano safra, alcançando US$ 1,33 bilhão (R$ 6,55 bilhões, ao câmbio desta quinta-feira), ante US$ 1,26 bilhão (R$ 6,21 bilhões) registrados no mesmo período do ano safra passado.

"Essa redução de 5% confirma a tendência que alertamos em fevereiro de que, devido aos problemas da safra afetada pelo clima, não seria possível atender o sistema internacional. Não dá para saber qual será o percentual de perda nesses dois meses finais, mas está em linha com o que era esperado", afirmou Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR.

De acordo com ele, as duas safras pequenas seguidas geraram a redução nos estoques. Enquanto em 2019/20 a safra foi de 386,8 milhões de caixas, nas duas últimas foram de 268,3 milhões e 262,97 milhões, respectivamente.

"É um fenômeno bem raro, considerando que a citricultura alterna anos de produtividades maiores, com bienalidade positiva, com produtividades menores, bienalidade negativa."

Até 19/20, essa alternância era registrada com regularidade, mas esse ciclo foi quebrado pelos problemas climáticos. Em 2017/18, a safra no cinturão citrícola foi de 398,3 milhões de caixas (de alta bienalidade), total que caiu a 286 milhões na temporada 2018/19, de baixa, conforme o Fundecitrus.

Isso mostra que, mesmo em um ano em que a produção estava no ciclo de baixa ela foi maior que as duas últimas registradas.

A Europa segue como principal mercado do suco de laranja nacional, com 63,87% das compras totais, seguida de EUA (19,92%), China (8,09%), Japão (3,9%) e Austrália (1,05%).

Apesar da estabilidade em relação ao ranking de importadores do suco brasileiro, a China importou um volume 50,89% maior do que o registrado na safra anterior. Foram 65.615 toneladas, ante as 43.486 do período 2020/21. Já o faturamento cresceu 53,64%.

O total exportado para a China nos últimos dez meses é maior que o volume das últimas dez safras.

Para a Europa as exportações caíram 5,36%, alcançando 518.013 toneladas, enquanto o faturamento cresceu 3,85%. Já para os EUA o volume teve ligeira queda de 0,4%, com 161.534 toneladas, mas com alta de 18,93% nas receitas.

"Este ano teria condições de aumento nas exportações principalmente porque temos a China puxando um volume maior. A Europa teria a tendência de estabilidade e EUA de aumento de importações devido à baixa produção na Flórida, a menor da história", afirmou o diretor-executivo.

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