Leilão do Rodoanel Norte é suspenso por 'cenário econômico adverso'

Governo mencionou a elevada inflação do setor de construção civil e a alta da Selic

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André Romani
São Paulo | Reuters

O leilão de concessão do trecho Norte do Rodoanel, previsto para esta quarta-feira (27), foi "suspenso temporariamente", disse o governo do Estado de São Paulo, que alegou o impacto de incertezas macroeconômicas na atração de investidores.

"O cenário de inflação crescente, juros altos e escassez de insumos impõe o adiamento temporário do leilão do Rodoanel Norte para que se possa fazer uma adequação do modelo de concessão à atual conjuntura nacional", disse o governo paulista em comunicado no site da agência estadual de transportes, Artesp.

O governo mencionou especificamente a elevada inflação do setor de construção civil e a alta da Selic, a taxa básica de juros, como alguns "dos entraves para o crédito de longo prazo aos investidores —que se tornou mais caro e pouco atrativo".

Foto de 2020, quando auditoria apontou problemas estruturais nas obras do trecho norte do rodoanel - Zanone Fraissat - 6.fev.2020/Folhapress

Leilão de rodovias estaduais atraem poucos investidores

A disparada da inflação, que encarece os insumos da construção, e uma distante perspectiva de lucros ameaçam a realização dos leilões das rodovias estaduais de Minas Gerais, São Paulo e Paraná previstos para este ano e que tentam atrair cerca de R$ 55 bilhões em investimentos ao longo de 30 anos.

Diante das incertezas, Minas Gerais decidiu adiar o certame de um novo anel viário para retirar o tráfego de cargas da região urbana. O leilão estava previsto para ocorrer em duas semanas.

A inflação da construção já ultrapassa 30% contra os 11,30% do IPCA acumulado até abril. A tendência é de alta diante do aumento do preço do insumo asfáltico (derivado de petróleo) e do aço.

Segundo consultores que assessoram grupos de investidores interessados nos projetos, há muita incerteza. A inflação da construção já ultrapassa 30% contra os 11,30% do IPCA acumulado até abril. A tendência é de alta diante do aumento do preço do insumo asfáltico (derivado de petróleo) e do aço.

Além disso, os juros elevados fecham as portas do crédito de longo prazo para o financiamento desses investimentos.

Muitos desses grupos preferem concentrar investimentos nos projetos federais, que já possuem pedágios construídos. Os estudos de demanda (tráfego) realizados já levaram as praças de cobrança em consideração.

Nas rodovias estaduais, essas praças terão de ser construídas. Ainda segundo os consultores, os interessados terão de investir primeiro para faturar depois, enquanto nas vias federais esses grupos já começam gerando receitas de pedágio.

Outro ponto desfavorável é o modelo de leilão. A maior parte dos projetos prevê descontos nos pedágios. Vence o grupo que oferecer o maior desconto, o que reduz ainda mais sua margem de receita futura.

Por isso, o governo federal avalia que o programa estadual de concessões não deverá prejudicar os leilões previstos até o final do mandato de Jair Bolsonaro (PL).

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