A União Europeia aprovou nesta segunda-feira (14) novas sanções contra a Rússia pela invasão à Ucrânia, que incluem o magnata Roman Abramovich na lista de cidadãos russos afetados pelas restrições.
A nova enxurrada de embargos também compreende vetos de investimentos no setor de energia russo, exportações de bens de luxo e importações de produtos siderúrgicos da Rússia.
A presidência rotativa do Conselho Europeu tuitou que os representantes dos países do bloco chegaram a um acordo em Bruxelas de um quarto pacote de sanções a pessoas e empresas "envolvidas no ataque à Ucrânia".
As medidas entram em vigor após a publicação no diário oficial da UE ainda nesta terça-feira (15).
Segundo a Comissão Europeia, as sanções incluem "uma proibição abrangente de novos investimentos no setor de energia russo".
A medida atingirá as importantes petrolíferas Rosneft, Transneft e Gazprom Neft, mas os membros da UE ainda poderão comprar petróleo e gás delas, disse uma fonte da UE à Reuters. Também haverá uma proibição total de transações com algumas empresas estatais ligadas ao complexo militar-industrial do Kremlin.
A comissão estima que o veto das importações de aço da Rússia afete 3,3 bilhões de euros (R$ 18,3 bilhões) em produtos.
Empresas da UE também não poderão exportar bens de luxo com valor superior a 300 euros, incluindo joias. As exportações de carros que custem mais de 50 mil euros também serão proibidas.
O pacote também proíbe as agências de classificação de crédito da União Europeia de emitir classificações para a Rússia e para empresas russas.
As últimas sanções seguem três rodadas de medidas punitivas que incluíram o congelamento de ativos do banco central russo e a exclusão do sistema bancário Swift de alguns bancos do país.
As novas medidas também congelam os ativos de mais líderes empresariais que apoiam o Estado russo, incluindo o proprietário do clube de futebol Chelsea, Roman Abramovich. Os bens do magnata fora do território da UE —incluindo iates e mansões de luxo— podem ser confiscados.
O Reino Unido e o Canadá já incluíram Abramovich em suas próprias listas de cidadãos russos sancionados. O anúncio do Reino Unido de sancionar Abramovich impediu inclusive uma tentativa do magnata de vender o clube de futebol.
Segundo um dos diplomatas consultados pela AFP, a razão declarada para sancionar Abramovich é que ele é um "oligarca russo que tem laços estreitos e de longa data com [o presidente] Vladimir Putin", a quem tem "acesso privilegiado".
Além disso, considera-se que ele fornece "uma fonte substancial de receita" ao governo russo.
Não existem 'intocáveis'
No fim de semana, o iate Solaris, de 140 metros de comprimento, de propriedade de Abramovich, foi visto chegando a um porto de Montenegro, país que não faz parte da UE, mas tem ambições de ingressar no bloco. A embarcação havia saído de Barcelona dias antes.
Abramovich, de 55 anos, tem uma fortuna estimada em US$ 12,4 bilhões (R$ 62,8 bilhões, na cotação atual), segundo a revista Forbes, e há rumores de que possui meia dúzia de iates. O magnata russo também adotou nacionalidades portuguesa e israelense.
O comissário europeu do Comércio, Valdis Dombrovskis, disse nesta segunda-feira que "não há ninguém intocável, como você verá, esta lista de oligarcas está em contínua expansão, não apenas com magnatas, mas também com oficiais russos e militares de alto nível".
Dombrovskis acrescentou que pessoas consideradas "ativas na máquina de propaganda da Rússia" também estavam na lista.
A economia da Rússia deverá encolher acentuadamente devido a sucessivas rodadas de sanções impostas pela UE, Estados Unidos e vários aliados, visando o Banco Central da Rússia.
Em 24 de fevereiro, Putin ordenou que as tropas russas iniciassem operações em território ucraniano, desencadeando sanções ocidentais sem precedentes contra a Rússia e provocando um êxodo de empresas estrangeiras do país.
A resposta coordenada dos Estados Unidos e da UE fez da Rússia o país mais sancionado do mundo, fazendo com que o rublo caísse livremente e acelerando a inflação, além de aumentar os temores de calote da dívida.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, condenou, nesta segunda-feira a invasão "bárbara" da Ucrânia e confirmou um quarto pacote de sanções contra o Kremlin.
Borrell disse que Moscou atira não somente contra os militares ucranianos, mas também contra os civis. Lembrou ainda que, na cidade estratégica de Mariupol, no sul da Ucrânia, "mais de 2.400 civis foram mortos" desde o início da invasão.
"A guerra de Putin não diz respeito apenas à Ucrânia, mas também à segurança e à estabilidade do nosso continente europeu. Afeta todos nós", disse Borrell, em uma coletiva de imprensa em Skopje, na República da Macedônia do Norte.
Mais de 2,6 milhões de ucranianos fugiram dos combates, "o maior movimento desde a Segunda Guerra Mundial", acrescentou.
Borrell também confirmou um quarto pacote de sanções contra o comércio russo, o acesso ao mercado, o pertencimento às instituições financeiras internacionais e a exportação de artigos de luxo, mirando especificamente nos setores siderúrgico, do carvão e da energia.
"Isto será outro grande golpe para a base econômica e logística, sobre a qual o Kremlin está construindo a invasão e tirando os recursos para financiá-la", afirmou o chefe da diplomacia europeia.
O líder diplomático da UE qualificou os Bálcãs Ocidentais como "prioridade estratégica" para o bloco europeu.
"Este é, espero, o momento de despertar para a Europa", completou, após se reunir com o primeiro-ministro da Macedônia do Norte, Dimitar Kovačevski.
"É o momento de dar um novo impulso ao processo de ampliação e de fixar firmemente os Bálcãs Ocidentais na União Europeia", insistiu.
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