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Crise na Europa encarece petróleo
A possibilidade de uma guerra na Europa seguiu afetando os mercados nesta segunda-feira (14) e ajudou a levar os preços do barril de petróleo do tipo Brent, a referência internacional, para acima de US$ 96 (R$ 500) no fim da noite, em alta de mais de 1,5%.
O que explica: as cotações da commodity já estavam no maior patamar desde 2014 com a retomada das economias e a decisão da OPEP e de seus aliados –entre eles a Rússia– de não elevar o atual avanço no ritmo de produção.
- As tensões envolvendo uma eventual invasão à Ucrânia e seus desdobramentos pressionam ainda mais os preços. A Rússia tem papel importante no fornecimento de petróleo e de gás natural para a Europa.
- Um conflito e a imposição de sanções abalariam esse abastecimento e diminuiriam ainda mais a oferta de energia no mundo.
Reflexo: a escalada das cotações do petróleo pressiona os preços dos combustíveis, que têm impacto relevante sobre os índices de inflação dos países. Isso deve dificultar ainda mais o trabalho dos bancos centrais para esfriar a alta dos preços.
Nas Bolsas: os principais índices europeus, americanos e asiáticos fecharam o dia em queda, refletindo as tensões na Europa.
No Brasil, o Ibovespa foi mais uma vez na contramão do mundo e encerrou o dia em alta de 0,29%, a 113.899 pontos, dando força à análise de que as ações daqui seguem como refúgio de estrangeiros em busca de ativos baratos. O dólar recuou 0,47%, a R$ 5,217.
Petrobras: mesmo com o petróleo em alta, as ações da estatal caíram 2,25%. A companhia é foco de pressão política acerca dos preços dos combustíveis no país.
Em entrevista à agência Reuters, o presidente Joaquim Silva e Luna despistou sobre novos ajustes nos preços de gasolina e diesel diante da tensão entre russos e ucranianos.
A reestreia do Valores a Receber
As primeiras horas do retorno do Sistema de Valores a Receber do Banco Central foram marcadas por dezenas de milhões de consultas de brasileiros e, como não poderia deixar de ser, por memes.
Entenda: a ferramenta de devolução de dinheiro esquecido nos bancos voltou ao ar no fim da noite de domingo (13). Nesta primeira fase, são R$ 3,9 bilhões disponíveis para resgate.
- Esses recursos são oriundos de contas-correntes ou poupanças encerradas com saldo disponível ou recursos de consórcios esquecidos, por exemplo.
- A consulta é feita com o CPF e a data de nascimento ou CNPJ e a data de abertura da empresa. Caso haja valores a serem resgatados, o sistema indica uma nova data para que o usuário confira o saldo disponível e solicite sua transferência.
- Esta segunda consulta exigirá uma conta no portal gov.br com nível de segurança ouro ou prata, considerados mais seguros. Confira aqui um passo a passo de como atualizar seu cadastro no sistema.
E quem não encontrou valores a receber? Há, no total, R$ 8 bilhões disponíveis para devolução, e haverá uma segunda fase para o resgate, em maio.
Usuários que não encontraram valores a receber nessa primeira etapa aproveitaram para fazer aquilo que os brasileiros fazem como ninguém: usaram a decepção como combustível para os memes.
Bombou: a ferramenta foi acessada por mais de 37 milhões de usuários até as 18h30 desta segunda (14). Outra enxurrada de acessos havia acontecido em janeiro, quando o BC anunciou o novo recurso, e fez com que o site fosse retirado do ar.
Batalha dos brinquedos
Novo episódio da disputa envolvendo as fabricantes de brinquedos Hasbro e Estrela. O TJ-SP autorizou que a brasileira fique com marcas como Banco Imobiliário, mas ordenou que repasse à americana outras famosas, como Detetive e Jogo da Vida, e ainda destrua os potes de massinha Super Massa.
Entenda o caso: as duas empresas eram parceiras desde os anos 1970, quando a Estrela lançou os produtos da Hasbro no Brasil, com adaptações ao mercado local - o Monopoly virou Banco Imobiliário, enquanto o The Game of Life virou Jogo da Vida, para ficar em dois exemplos.
Em 2007, a Estrela teria parado de pagar os royalties pelo uso das marcas, mas manteve a produção e venda dos produtos. A brasileira diz que as marcas são dela, porque foram adaptadas e apresentam diferenças dos produtos originais. A disputa se arrasta desde então.
Reviravolta: em novembro do ano passado, uma determinação judicial ordenou que esses jogos adaptados deveriam ser assumidos no país pela americana Hasbro. Mas a Estrela recorreu, e agora algumas marcas continuam com ela, enquanto a maioria vai para a Hasbro.
Além disso, a brasileira foi condenada a pagar R$ 50 milhões em royalties à americana.
Quem fica com quem:
- Continuam na Estrela: Banco Imobiliário, Comandos em Ação e Senhora Cabeça de Batata.
- Vão para a Hasbro: Genius, Guerra das Aranhas, Super Massa, Lig4, Sploft, Jogo do Tubarão, Fábrica Feliz, Guitarra do Bebê, Dr. Trata Dentes, Cilada, Jogo da Vida, Jogo da Vida Moderna, Vida em Jogo, Combate, Detetive, Leilão de Arte e Vira Letras.
E agora? Com a publicação do acórdão, passam a contar os prazos judiciais para pagamento de royalties e destruição das massinhas. Mas as duas empresas devem recorrer, e a disputa pode se arrastar ainda mais.
Multas em sequência para a Apple na Holanda
A Apple foi multada em 5 milhões de euros (R$ 29 milhões) pela quarta semana seguida na Holanda por não permitir que produtores de apps do país usem plataformas de pagamento diferentes aos da própria companhia americana.
Entenda: essa é uma batalha que a empresa mais valiosa do mundo enfrenta já há algum tempo. A App Store exige que os desenvolvedores usem o sistema de pagamento da empresa, que cobre de 15% a 30% de comissão.
- O caso é alvo de uma turbulenta batalha judicial nos EUA envolvendo a Apple e a Epic Games, fabricante do sucesso Fortnite, que a acusa de monopólio ilegal.
- Até agora, a Apple ganhou nove de dez acusações. Na única que perdeu, conseguiu uma decisão de um tribunal superior para adiar a ordem de abrir a App Store para plataformas de pagamentos rivais.
No caso holandês, a Apple afirma que cumpriu a ordem de dezembro das autoridades locais, mas elas afirmam que a companhia ainda não fez as alterações exigidas.
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