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Google e Microsoft planejam investir bilhões para reforçar defesa dos EUA contra ataque hacker

Biden recebeu mais de 20 presidentes-executivos de empresas para discutir segurança cibernética

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Dave Lee
Londres | Financial Times

Diversas das maiores empresas de tecnologia americanas assumiram compromissos em valor de bilhões de dólares quanto a esforços para melhorar as defesas cibernéticas deficientes dos Estados Unidos, depois de uma conferência de cúpula na Casa Branca nesta quarta-feira (25).

Joe Biden recebeu mais de 20 presidentes-executivos de empresas dos setores de tecnologia, energia, bancos, seguros e educação, a fim de discutir as muitas deficiências nas capacidades de defesa cibernéticas dos Estados Unidos.

O presidente, acompanhado por seus secretários do Comércio, Energia e Segurança Interna, falou ao grupo depois de diversos grandes ataques contra a infraestrutura dos Estados Unidos, entre os quais a ação de hackers contra a Colonial Pipeline, em maio, e da proliferação de ataques de “ransomware” que afetam empresas e serviços públicos.

Biden, na Casa Branca, após reunião com time de segurança nacional e líderes do setor privado para discutir como melhorar a cibersegurança dos EUA - Leah Millis - 25.ago.2021/Reuters

Tim Cook, da Apple, Sundar Pinchai, do Google, Satya Nadella, da Microsoft, e Andy Jassy, da Amazon, estavam entre os executivos que compareceram.

“A realidade é que a maior parte de nossa infraestrutura essencial é controlada e operada pelo setor privado”, disse Biden em suas declarações iniciais. “E o governo federal não é capaz de enfrentar esse desafio sozinho”.

O presidente queria que o evento servisse como “um chamado à ação” contra as causas básicas das atividades online nocivas, disse um importante funcionário do governo, com ênfase em resolver o problema da escassez de profissionais capacitados em segurança cibernética. Os Estados Unidos têm cerca de 500 mil postos de trabalho em aberto nessa área de atividade.

Depois da reunião, a Casa Branca anunciou que o Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia trabalharia com as empresas a fim de melhorar a integridade da “cadeia de suprimento do software” —os pontos fracos identificados dentro da colcha de retalhos de tecnologias e protocolos que embasam muitos serviços.

Pichai disse que o Google, da Alphabet, participaria da iniciativa e investiria mais de US$ 10 bilhões em segurança cibernética nos próximos cinco anos. A companhia prometeu treinar 100 mil americanos para trabalhar em ramos relacionados.

Arvind Krishna, presidente-executivo da IBM, disse que sua empresa treinaria 150 mil profissionais de segurança cibernética nos próximos três anos, trabalhando em estreito contato com as faculdades e universidades negras.

A Microsoft, que foi vítima de um ataque cibernético em março, disse que investiria US$ 20 bilhões em segurança cibernética nos próximos cinco anos, um ritmo de investimento quatro vezes superior ao atual. Além disso, a empresa prestaria US$ 150 milhões em serviços técnicos a governos, locais e no plano nacional.

A Amazon, que não mencionou uma quantia específica sobre o custo de seus esforços, anunciou que forneceria ao público o material de treinamento que oferece aos seus empregados para que se protejam contra ataques cibernéticos.

Também anunciou que alguns clientes da AWS receberiam aparelhos de autenticação por fatores múltiplos gratuitamente, a fim de oferecer uma camada adicional de segurança no processo de login.

A Casa Branca anunciou que a Apple também havia assumido o compromisso de pressionar por segurança cibernética mais forte por parte de seus fornecedores.

Jamie Dimon, do banco JPMorgan Chase, e Brian Moynihan, do Bank of America, estavam entre os executivos do setor bancário que compareceram. Outras companhias envolvidas incluíam a ADP, que fornece software para administrar folhas de pagamento, e as companhias de energia ConocoPhillips e PG&E.

Diversas empresas de seguros também participaram da reunião. A Resilience, que oferece seguros para operações de computação, anunciou que exigiria que os seus clientes mantivessem um padrão mínimo de segurança cibernética como condição para receber cobertura.

A reunião aconteceu em um momento no qual o Congresso está deliberando medidas para combater a sucessão de ataques cibernéticos que atingiram o setor público e o setor privado nos últimos 12 meses, os mais severos dos quais teriam aparentemente sido realizados por indivíduos ou organizações localizados na Rússia e China.

Em dezembro, um ataque contra a SolarWinds, uma companhia de informática de Austin, Texas, envolveu a inserção de códigos de software nocivos em softwares usados por pelo menos nove agências do governo federal americano, e cerca de 100 empresas, disseram as autoridades. Os atacantes parecem ter sido capazes de explorar essa vulnerabilidade por pelo menos nove meses.

Em resposta, a Lei de Notificação de Incidentes Cibernéticos, proposta no mês passado com apoio bipartidário, busca impor regras mais severas quanto à revelação de ataques cibernéticos por empresas que trabalhem com o governo federal ou operem infraestrutura crítica.

Em julho, Biden assinou um memorando de segurança nacional que delineava objetivos de desempenho em termos de segurança cibernética para a infraestrutura crítica do país, que inclui serviços essenciais como energia, água e transportes.

Isso se seguiu a uma ordem executiva que impunha padrões mínimos de segurança para softwares vendidos ao governo.

Tradução de Paulo Migliacci

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