O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nesta terça-feira (2) que a ação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Petrobras, com a troca de comando da estatal, gerou efeito econômico ruim. Para ele, no entanto, é preciso respeitar a decisão do presidente, que tem a palavra final.
Após fazer críticas à elevação de preços de combustíveis, Bolsonaro pediu a saída do presidente da Petrobras, o liberal Roberto Castello Branco, indicado por Guedes. Em seu lugar, foi indicado o general Joaquim Silva e Luna.
“É compreensível politicamente a atitude. Do ponto de vista econômico o efeito foi ruim, essa foi a nossa conversa interna”, disse o ministro, em entrevista à rádio Jovem Pan.
“A minha visão sobre estatais é conhecida. Agora, eu tenho que respeitar o presidente da República, ele diz ‘é isso aqui que eu quero agora’, ele tem o direito”, afirmou.
Para o ministro, o domínio da Petrobras cria um problema político sério. Isso porque, como o setor está nas mãos da estatal, o governo acaba levando a culpa sempre que há elevação de preços dos combustíveis.
“O ônus e o bônus estão caindo na própria presidência. Já que a estatal continua estatal, o povo vai sempre cobrar do governo uma atitude em relação ao preço de um produto que você tem a presença do Estado na exploração, no refino e na distribuição, mesmo que ela repita práticas internacionais”, disse.
Guedes afirmou ser a favor da privatização de estatais, mas ponderou que Bolsonaro sempre foi muito claro em dizer que não quer vender Petrobras, Caixa e Banco do Brasil.
“O presidente é quem tem a última palavra” afirmou, ressaltando que está dando prioridade à privatização da Eletrobras.
O ministro ainda afirmou que estatais com capital aberto e ações listadas na Bolsa de Valores são uma anomalia. Ele usou como exemplo a própria Petrobras, que está na Bolsa e segue práticas de governança, o que não impediu o envolvimento em esquemas de corrupção em governos anteriores.
Na entrevista, Guedes ainda confirmou que o governo vai relançar o programa que permitiu acordos para cortes de jornada e salário de trabalhadores. Como mostrou a Folha, a medida deve durar quatro meses e vai usar recursos do seguro-desemprego para bancar a compensação paga a trabalhadores afetados.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) também participou da entrevista. Lira defendeu que se encontrem outros recursos para ajudar a financiar o combate à pandemia de Covid-19.
“Eu acho que já é hora de a Câmara se posicionar junto com o Senado para um dinheiro aí que está retido nas contas da Lava Jato, em torno de R$ 1,3 bilhão, R$ 1,4 bilhão, isso ser rapidamente resolvido e revertido para compra de vacinas”, disse.
Alinhado a Guedes, Lira voltou a defender que o Congresso tenha participação mais efetiva no Orçamento.
"Defendo a desvinculação geral do Orçamento, mas, neste momento, o Senado, penso, não irá aprofundar essa discussão, vai vir com um texto paralelo que não machuca em hipótese alguma os limites de transparência dos gastos públicos, dos limites, dos gatilhos, das oportunidades dos botões de calamidade.”
Lira falou sobre o almoço que teve nesta terça com governadores e disse não ter notado qualquer tipo de cobrança financeira.
“Nós aqui representamos a sociedade que quer ver o Brasil destravado, que quer ver o Brasil crescer, que não tenham interesses ao redor da cadeira que eu represento hoje, nem político-partidárias pessoais, nem político-partidários a nível de já estar se especulando aqui eleição de 2022”, disse.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.