Produtores de petróleo aprovam corte histórico na produção em meio à pandemia

Na maior redução de todos os tempos, países continuarão diminuindo os freios à produção por dois anos

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Dubai e Londres

A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), Rússia e outros países produtores de petróleo concordaram neste domingo (12) com um corte na produção em volume recorde, representando 10% da oferta global, para apoiar os preços do petróleo em meio à pandemia do coronavírus.

O grupo, conhecido como Opep+, fez acordo para redução da produção em 9,7 milhões de barris por dia (bpd) em maio e junho, depois de quatro dias de negociações e após a pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, para impedir a queda de preços.

O acordo foi fechado em uma videoconferência neste domingo. A redução é quatro vezes maior do que a praticada durante a crise financeira de 2008.

Plataforma de petróleo de Peregrino, no Rio de Janeiro - Ricardo Borges/Folhapress

No maior corte na produção de petróleo de todos os tempos, os países continuarão diminuindo gradualmente os freios à produção por dois anos até abril de 2022.

Medidas para conter a disseminação do coronavírus destruíram a demanda por combustível e reduziram os preços do petróleo, pressionando os orçamentos dos produtores de petróleo e prejudicando a indústria de xisto dos Estados Unidos, que é mais vulnerável a preços baixos devido aos seus custos mais altos.

"O grande acordo com a Opec+ está feito. Isso salvará centenas de milhares de empregos nos Estados Unidos", escreveu Trump no Twitter, agradecendo o presidente russo, Vladimir Putin, e o rei Salman, da Arábia Saudita, por terem viabilizado o acordo.

A Opep+ também disse que queria que produtores de fora do grupo, como Estados Unidos, Canadá, Brasil e Noruega, cortassem mais 5% da produção ou 5 milhões de bpd.

O ministro de Minas e Energia do Brasil, Bento Albuquerque, disse na sexta-feira (10) que, por questões legais, o governo brasileiro não tem influência sobre o mercado de petróleo, sendo apenas responsável pelas políticas públicas do setor.

Também afirmou que a Petrobras, que é controlada pela União, já reduziu sua produção em 200 mil bpd, o que representa 20% do total das exportações de petróleo do Brasil.

Canadá e Noruega sinalizaram disposição para cortar e os Estados Unidos, onde a legislação também dificulta a atuação em conjunto com cartéis como a Opep, disseram que sua produção cairia acentuadamente neste ano devido aos baixos preços.

A assinatura do acordo da Opep+ foi adiada desde quinta-feira (9) pela resistência do México aos cortes de produção que foi solicitado a fazer.

O presidente do México, Andres Manuel Lopez Obrador, afirmou na sexta-feira que Trump se oferecera para fazer cortes extras nos EUA em seu nome, uma oferta incomum de um Trump que há muito se opõe à Opep.

Trump, que havia ameaçado a Arábia Saudita com tarifas sobre o petróleo se o país não resolvesse o problema de excesso de oferta do mercado, disse que Washington ajudaria o México pegando "parte da folga" e sendo reembolsado mais tarde.

Neste domingo, o México afirmou que reduzirá sua produção de petróleo em 100 mil barris por dia a partir de maio.

A Opep+ havia pedido ao México que diminuísse a produção em 400 mil bpd.

O Ministério da Energia do Azerbaijão disse que os Estados Unidos compensarão o México cortando a produção em outros 300 mil bpd. O patamar representa 50 mil bpd a mais do que Lopez Obrador e Trump haviam concordado anteriormente.

Uma autoridade mexicana confirmou o anúncio do ministério.

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