O presidente da Boeing, Dennis Muilenburg, afirmou que a fabricante americana de aviões cometeu um erro ao implementar um sistema defeituoso de aviso de cabine na aeronave 737 Max.
O reflexo, disse neste domingo (16) na feira Paris AirShow, é que a empresa levará tempo para reconquistar a confiança de clientes após os dois acidentes fatais.
Muilenburg afirmou que a Boeing falhou na comunicação com os reguladores e clientes, mas defendeu engenharia e design de software que estão no centro das investigações sobre os acidentes que levaram crise à companhia aérea multinacional.
Em março, um dos aviões modelo 737 Max caiu na Etiópia deixando 157 mortes. Foi o segundo acidente com o aparelho, que entrou em operação comercial em 2017.
O caso anterior havia ocorrido em outubro de 2018, na Indonésia, com 189 mortos.
Após a queda do avião da Ethiopian Airlines, o modelo sofreu uma suspensão mundial, trazendo prejuízos a companhias que compraram o jato em busca de maior eficiência no consumo de combustível.
Muilenburg reconheceu que a empresa cometeu um erro ao não revelar que o sistema de alerta defeituoso do cockpit de seu 737 Max para reguladores e clientes, e disse que essa falha tem sido objeto de análise de reguladores globais.
Muilenburg, que está sob duras críticas a respeito do projeto do 737 Max, que é uma versão atualizada do mais vendido jato do mundo, e da forma como a Boeing lidou com a crise, disse que “estamos vendo ao longo do tempo cada vez mais convergência entre os reguladores” sobre quando a aeronave deve retornar ao serviço.
Ele disse esperar que o Max volte a voar ainda neste ano e que 90% dos seus clientes participem de sessões de simulação de voo com o software MCAS atualizado, já que a empresa trabalha para garantir um voo de certificação junto aos reguladores em breve.
A Boeing diz que seguiu procedimentos de engenharia ao projetar o 737 Max.
Questionado sobre como os procedimentos falharam na captura de falhas aparentes no software de controle do MCAS e na arquitetura de sensores, Muilenburg disse: “Claramente, podemos fazer melhorias, e entendemos isso e faremos essas melhorias”.
Desde o segundo acidente com o avião, que deixou o modelo em solo, as ações da Boeing acumulam queda de quase 20%. A baixa recente não foi suficiente, porém, para zerar os ganhos do ano. A fabricante de aeronaves acumula valorização de 7,7% em 2019.
A concorrente Airbus também tem se queixado dos danos causados ao mercado pelo acidente da Boeing.
Mesmo o lançamento planejado de uma nova versão de longo alcance da bem sucedida família de jatos A320neo da Airbus, a A321XLR, não deve acabar com a incerteza do setor, disseram analistas.
“A crise da Boeing no Max não é a nuvem mais sinistra, porque pode ser resolvida, mas os números de tráfego são realmente assustadores”, disse Richard Aboulafia, analista do Teal Group.
Outros rejeitam uma recessão, citando a necessidade de trocas de aeronaves para cumprimento de regras ambientais. “A única solução que a indústria tem é uma aeronave mais eficiente”, disse John Plueger, presidente da Air Lease.
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