Só será possível dizer que o ano de 2019 na economia terá sido ruim se a aceleração prevista para os próximos meses não se confirmar, diz o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato.
Após cortar a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do ano de 1,9% para 1,1%, ele defende que o cenário é positivo e que os ruídos políticos são secundários.
O crescimento do PIB de 1,1% não nos leva a mais um ano perdido?
Quando há uma revisão do primeiro trimestre, isso impacta estatisticamente o PIB. Esperamos crescimento de 0,4% [no segundo trimestre], 0,6% [terceiro] e 0,8% [quarto]. No final do ano, o PIB anualizado está crescendo a 3,5%. Se a gente estiver certo, o sentimento é que as coisas estão caminhando. Terá sido um ano em que o PIB acelerou.
Há uma previsão de que o governo precisará fazer novos cortes de gastos. O quanto afetará o crescimento?
Os contingenciamentos são fruto de dois fenômenos: baixo crescimento da economia e arrecadação, que tem caído. A segunda coisa é ter pouquíssimo espaço no Orçamento, o que só explicita a urgência da reforma da Previdência.
Mas sem o governo, como a economia vai se recuperar?
O setor privado tem que ser o protagonista, e, para que a equação feche, a taxa de juros tem que cair e a incerteza tem que ser menor. Não é necessário que haja impulso fiscal [do governo].
Os ruídos de comunicação do governo não pioram a incerteza?
O preponderante é a agenda econômica positiva. Se ela prevalecer, o ruído dos temas políticos são todos secundários. A reforma da Previdência tem ganhado tração, e a gente imagina que vá ser aprovada entre julho e agosto.
Vocês esperam que a Selic termine o ano em 5,75%, e a inflação, em 4%. Não é um juro real muito baixo?
Será inédito, sem ser causado pela alta de inflação. Se a incerteza aumenta e a inflação está comportada, o BC corta juro.
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