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Por que você deve se importar com a beleza vegana

Demanda por produtos sem ingredientes de origem animal está levando indústrias a tomar nota

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Selo "leaping bunny", que certifica empresas de produtos de higiene e beleza e de artigos domésticos que não testam em animais
Selo "leaping bunny", que certifica empresas de produtos que não testam em animais - Reprodução
Andrea Cheng
The New York Times

​Antes vistos por alguns como pessoas que se preocupam com a saúde e por outros como pessoas altamente exigentes com sua alimentação, os veganos estão em alta.

A “The Economist” declarou 2019 o ano do vegano, informando que um quarto dos “millenials” se identificam como veganos ou vegetarianos. Celebridades como Beyoncé e Jay-Z incentivam seus fãs a tornar-se veganos. Um relatório de 2018 indicou que a indústria alimentícia vegana cresceu 20% em relação ao ano anterior, com vendas chegando a US$3,3 bilhões.

Essa demanda por tudo o que é vegano está levando outras indústrias a tomar nota, especialmente a indústria da beleza.

“O setor da beleza segue o da alimentação, porque usamos muitos dos mesmos ingredientes”, disse Tata Harper, fundadora da marca Tata Harper de produtos de beleza naturais, predominantemente veganos. “Se os ingredientes são bons para se ingerir, normalmente também são ótimos para ser aplicados sobre a pele.”

O que “beleza vegana” significa realmente?

Existem vários termos ligados à beleza vegana que causam confusão. Exemplo: “cruelty free”, ou “sem crueldade”. Muitas pessoas presumem que vegano e “cruelty free” sejam a mesma coisa.

Em termos muito simples, beleza vegana significa produtos de beleza que não contém ingredientes animais. Cruelty-free descreve um produto que não foi testado em animais. Em outras palavras, é possível um produto vegano ter sido testado em um animal e é possível um produto cruelty-free conter ingredientes de origem animal.

A confusão é agravada pela ausência de diretrizes da Food and Drug Administration (FDA, a agência americana que regula alimentos e medicamentos). Algumas poucas organizações criaram selos para indicar se um produto é vegano ou "cruelty free"; o mais reconhecido deles é o Leaping Bunny Program (programa coelho saltitante), que certifica empresas de produtos de higiene e beleza e de artigos domésticos que garantem que não haja testes com animais em nenhuma fase do processo de produção.

“Um produto acabado pode ser declarado 'cruelty-free', mas isso não é o bastante”, explicou o dermatologista Dennis Gross, cuja linha de produtos para a pele é certificada pelo Leaping Bunny Program. “A maior parte dos testes com animais ocorre ao nível dos ingredientes. Com o Leaping Bunny Program, você tem 100% de certeza de que não ocorreram testes com animais no laboratório.”

Ingredientes de origem animal versus ingredientes veganos

Entre os ingredientes comuns de origem animal encontrados em produtos de beleza estão o mel, cera de abelhas, lanolina (gordura extraída da lã de ovelhas), squalene (óleo de fígado de tubarão), carmine (besouros esmagados), gelatina (ossos, tendões ou ligamentos de bovinos ou suínos), alantoína (urina de vaca), âmbar cinza (vômito de baleia) e placenta (órgãos de ovelhas).

São inofensivos, mas tampouco nos fazem mais bem que os ingredientes veganos. E a ideia de passar na pele os ingredientes animais encontrados em hidratantes, cosméticos e xampu pode não agradar a todos.

“Os ingredientes de origem animal não são comprovadamente superiores de nenhuma maneira, e existem alternativas veganas sadias”, disse Gross.

Cedendo à demanda dos consumidores

Nos 30 anos passados desde que Kathy Guillermo, uma vice-presidente sênior da Peta (ONG dedicada aos direitos dos animais), começou a fazer campanha contra o uso de animais em experimentos de laboratório, ela pode apontar para dois grandes momentos na indústria que elevaram a consciência vegana no setor de beleza. O primeiro foi em 1990, quando a Estée Lauder e a Revlon pararam de testar seus produtos em animais.

Infelizmente, as mesmas empresas começaram a vender na China, onde os testes de produtos de beleza em animais são obrigatórios para muitos produtos. Isso provocou reações negativas e levou os consumidores a exigir produtos cruelty-free, o que, por sua vez, acabou levando ao desenvolvimento de instrumentação para substituir os testes com animais.

O segundo momento de transformação está ocorrendo agora. Em outubro passado a Unilever, empresa “mãe” da Dove, Axe, Dermatologica e muitas outras marcas, anunciou seu compromisso em não testar todos suas linhas de produtos com animais. “As grandes empresas, as mesmas que resistiram por tanto tempo, agora estão mudando de postura”, disse Guillermo.

Para muitas marcas, segundo ela, a preocupação com o impacto ético e ambiental dos produtos é a questão mais importante colocada pelos consumidores.

“Acho que os consumidores, especialmente os millenials e a geração Z, querem comprar produtos que se enquadrem com seus valores pessoais”, comentou Gross, cujos pacientes regularmente lhe perguntam sobre produtos veganos e cruelty-free. “Isso está levando a grandes transformações na indústria.”

Tradução de Clara Allain

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