Sem perspectiva de grandes investimentos, a BR Distribuidora quer manter pelos próximos anos política de distribuição de elevados dividendos. Na terça (13), a companhia anunciou que repassará a seus acionistas 95% do lucro de 2017, que somou R$ 1,15 bilhão.
Em teleconferência com analistas para detalhar o primeiro balanço após a oferta de ações em bolsa, a direção da companhia controlada pela Petrobras disse que, com dívida controlada e boa geração de caixa, a tendência é que os dividendos permaneçam em patamares elevados nos próximos anos.
Este ano, a companhia distribuirá R$ 1,09 bilhão. A direção da BR disse que deverá manter percentual do lucro que é distribuído aos acionistas alto, a menos que surjam oportunidades de investimento para aplicar a geração de caixa da companhia.
A Petrobras tem 71,25% do capital. Assim, ficará com R$ 776 milhões. Entre os acionistas privados, o maior é a gestora de recursos Lazard, baseada em Nova York, com 5,35% das ações.
O restante das ações está nas mãos de 4.559 investidores pessoa física, 269 investidores pessoa jurídica e 237 investidores institucionais.
A BR fechou 2017 com dívida de R$ 1,3 bilhão, beneficiada por aporte de R$ 6,3 bilhões pela Petrobras para limpar o balanço da subsidiária antes da oferta de ações. A relação entre dívida líquida e geração de caixa era de 1,3 vezes ao fim do ano.
Ela é a maior distribuidora de combustíveis do país em volume de vendas, mas ainda se vê distante dos principais concorrentes em relação a margens de lucro. Sua margem de lucro por metro cúbico vendido, por exemplo, foi de R$ 80 no quarto trimestre de 2017.
A Raízen, que opera com a bandeira Shell, por exemplo, registrou R$ 123 por metro cúbico no mesmo período. O presidente da BR, Ivan de Sá, reconheceu a diferença e disse que a companhia buscar reduzi-la, mas é um processo que levará mais tempo.
IMPORTAÇÕES
Mesmo sendo subsidiária da Petrobras, a BR importou cerca de 15% de seu suprimento de combustíveis em 2017. A companhia, no entanto, prevê redução das importações ao longo de 2018, devido à prática de menores preços pela estatal.
Desde julho de 2017, a Petrobras vem praticando uma política de reajustes diários para enfrentar importações. No quarto trimestre, apertou suas margens e já vem incomodando empresas privadas, que decidiram ir ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) pedir investigação sobre práticas anticoncorrenciais.
O presidente da BR disse que a estatal está finalizando um novo modelo de contrato de venda de combustíveis para as grandes distribuidoras, que deve ser mais competitivo em relação a compras no exterior.
"Devem cair as importações por oportunidade, mantendo apenas aquelas referentes ao uso da capacidade de cada grande distribuidora", afirmou.
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