Planejamento � essencial para conectar infraestrutura
No final dos anos 70 a China tomou uma decis�o importante: determinou que as tecnologias da informa��o e comunica��o n�o eram s� um setor da economia, mas infraestrutura. Isto �, eram capazes de gerar benef�cios para todos os setores da economia.
Quase 40 anos depois, a decis�o chinesa mostrou-se acertada, e o pa�s caminha para disputar a lideran�a de pot�ncia tecnol�gica com os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, a pr�pria ideia tradicional de infraestrutura est� sendo reinventada, integrando-se ou mesmo sendo absorvida cada vez mais pelas tecnologias da informa��o.
Um exemplo dessa tend�ncia � a chamada internet das coisas. Essa express�o designa objetos, servi�os e dispositivos que re�nem tr�s funcionalidades: conectividade, uso de sensores e capacidade computacional.
Eduardo Knapp/Folhapress | ||
![]() |
||
Toda infraestrutura tradicional tende a incorporar esses tr�s elementos. Uma das raz�es � que o acesso a essas tecnologias torna-se progressivamente mais dispon�vel e a custo cada vez mais baixo. Isso tem impacto para v�rios setores que at� pouco tempo pareceriam desconectados, como o agroneg�cio ou a presta��o de servi�os p�blicos nas cidades.
O Brasil tem feito uma aposta nessa �rea. Neste momento, est� sendo finalizado o estudo que vai embasar o Plano Nacional de Internet das Coisas, que definir� qual o papel do governo na coordena��o de esfor�os para promover infraestrutura conectada no pa�s (importante dizer que os autores deste artigo participaram da elabora��o desse estudo).
Hoje j� h� uma s�rie de exemplos que apontam nesse sentido, como a solu��o de ilumina��o p�blica inteligente desenvolvida em uma colabora��o da Emprapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inova��o Industrial), CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunica��es) e parceiros privados.
Trata-se de um modelo que permite gerir a ilumina��o p�blica por meio de uma infraestrutura conectada, que no futuro poder� agregar outras funcionalidades, do monitoramento do tr�fego de ve�culo a refor�o na seguran�a.
Dessa forma, um mesmo sistema de ilumina��o p�blica pode incluir a detec��o de disparos de armas de fogo no per�metro urbano em tempo real, identificando a �rea do incidente, o n�mero de agentes envolvidos e o de tiros e o calibre do armamento.
No campo, v�rias s�o as aplica��es: uso de drones, maior utiliza��o de sensores conectados na produ��o, desenvolvimento de solu��es com an�lise de dados, sistemas de certifica��o automatizados para prevenir desvio.
O futuro do agroneg�cio � a chamada agricultura e pecu�ria de precis�o, intensiva no uso de sensores, conectividade e an�lise de dados.
Um dos gargalos para a amplia��o de uma infraestrutura conectada � justamente a defici�ncia na oferta de conex�o � internet no pa�s.
N�o h� como conectar uma determinada infraestrutura se a pr�pria infraestrutura de conectividade n�o existe.
Com a previs�o de conex�o de milhares dispositivos �s redes de telecomunica��es do pa�s e o consequente crescimento exponencial do tr�fego de dados � fundamental criar modelos de expans�o da internet para permitir investimentos, abrindo caminho para viabilizar esse modelo.
� claro que, ao falar de infraestrutura conectada, � preciso tamb�m ter em mente as quest�es regulat�rias. O primeiro passo para a ado��o de qualquer iniciativa � a aprova��o de uma lei que trate da prote��o aos dados pessoais.
Essa lei estabeleceria quais as regras para a coleta e an�lise de dados, protegendo a privacidade de cidad�os e usu�rios. Implementar infraestrutura conectada sem uma lei desse tipo traria riscos a direitos fundamentais. Privacidade de dados e infraestrutura conectada s�o dois lados da mesma moeda.
Al�m disso, do ponto de vista regulat�rio h� ainda outros dilemas. Dentre eles, como custear a amplia��o do acesso � banda larga.
V�rias alternativas est�o sobre a mesa, como o PLC n� 79/2016, que prop�e altera��o na Lei Geral de Telecomunica��es. Ou ainda, a aplica��o de recursos do Fust (Fundo de Universaliza��o dos Servi�os de Telecomunica��es). Outra possibilidade � a uso de verba proveniente dos Termos de Ajustamento de Conduta firmados pela Anatel.
Ao se tratar de infraestrutura, sobretudo a conectada, n�o tem m�gica. A solu��o tem de ser similar � adotada pela China. � preciso saber aonde se quer chegar, quais os objetivos e as metas, como coordenar os esfor�os entre governo federal, Estados e munic�pios, bem como a maneira de implementar e fiscalizar as a��es necess�rias para executar o plano.
Planejamento de m�dio e de longo prazo n�o costuma ser o forte do pa�s. Nem a coordena��o de esfor�os entre os entes federativos. Esse talvez seja o maior obst�culo para o Brasil fazer decolar sua infraestrutura conectada.
RONALDO LEMOS, advogado e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro
RAMON ALBERTO DOS SANTOS, advogado e especialista em infraestrutura conectada
Livraria da Folha
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenci�rio
- Livro analisa comunica��es pol�ticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 10/07/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | +0,08% | 127.218 | (17h37) |
Dolar Com. | -0,05% | R$ 5,4130 | (17h00) |
Euro | -0,68% | R$ 5,8419 | (17h31) |