Amparado em n�meros, Caldeira explica cinco s�culos de Brasil
Zanone Fraissat/Folhapress | ||
O jornalista e historiador Jorge Caldeira |
N�o faltassem dois meses para o arremate de 2017, seria poss�vel cravar: "Hist�ria da Riqueza no Brasil" (ed. Esta��o Brasil), de Jorge Caldeira, � o grande lan�amento de n�o fic��o do ano no pa�s.
O livro representa o �pice at� aqui da carreira do escritor e jornalista Caldeira, 61, em seus estudos de mais de tr�s d�cadas sobre a hist�ria econ�mica do pa�s.
� o 16� livro dele, cuja bibliografia � composta por obras de prest�gio como "Mau�, O Empres�rio do Reino" (1995), "O Banqueiro do Sert�o" (2006) e "J�lio Mesquita e seu Tempo" (2015).
Para a concep��o de "Hist�ria da Riqueza no Brasil", Caldeira n�o abandonou os m�todos usuais dos historiadores, como a consulta aos documentos de �poca. Mas a excel�ncia do projeto se deve sobretudo a duas outras iniciativas, ambas em ascens�o, embora ainda sejam incomuns no ambiente acad�mico brasileiro.
A primeira foi lan�ar m�o da antropologia para uma leitura mais completa da hist�ria econ�mica, especialmente do per�odo que antecede a chegada dos portugueses e do Brasil col�nia.
Mestre em sociologia e doutor em ci�ncia pol�tica, ambos pela USP, o autor se valeu de uma variedade de estudos de campo, entre os quais se destacam as pesquisas da cultura guarani pelo antrop�logo franc�s Pierre Clastres (1934-1977).
A segunda, e mais importante, decis�o de Caldeira foi usar a econometria, como, ali�s, tem feito nos seus livros mais recentes. Grosso modo, trata-se de um m�todo estat�stico de an�lise de dados econ�micos, que s� se tornou plenamente vi�vel gra�as ao avan�o da tecnologia nas �ltimas quatro d�cadas.
Caldeira n�o � o primeiro historiador brasileiro a recorrer �s fontes da antropologia e da econometria. O car�ter pioneiro da sua obra est�, na verdade, na combina��o exaustiva desses novos conhecimentos e t�cnicas de pesquisa para montar um retrato t�o abrangente, ou seja, mais de cinco s�culos dos rumos econ�micos do pa�s.
Em geral, a historiografia cl�ssica descreve o Brasil col�nia como per�odo em que s� os latif�ndios produziam riqueza, e todo o excedente seguia para Portugal. N�o existia dinamismo mercantil.
O livro rec�m-lan�ado reavalia, para dizer o m�nimo, essa abordagem tradicional.
"Com a acumula��o dos dados, ficou cada vez mais evidente que, no final do s�culo 18, a economia colonial brasileira era pujante, e pujante em decorr�ncia do crescimento do seu mercado interno. Mais ainda, era uma economia bem maior que a da metr�pole", escreve Caldeira no cap�tulo 19.
Tamb�m redimensiona outros per�odos, como o Imp�rio e a Primeira Rep�blica.
Ao comparar dados do Brasil e de outros pa�ses, como os Estados Unidos, Caldeira mostra onde ca�mos do bonde da hist�ria –ou deixamos de peg�-lo.
Por volta de 1800, a economia brasileira tinha porte equivalente � dos EUA. Ao fim do per�odo imperial, nos �ltimos anos do s�culo 19, o peso econ�mico do pa�s representava menos de 10% do ostentado pelos americanos.
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Amparado em n�meros, "Hist�ria da Riqueza no Brasil" poderia resultar em um inextric�vel comp�ndio de estat�sticas. N�o � o que acontece gra�as � capacidade de Caldeira de escrever como um jornalista faz –ou como deveria fazer. Prevalecem no livro a clareza, a flu�ncia e a aten��o ao contexto e �s boas hist�rias.
Outro cuidado do autor �, � luz das diverg�ncias, n�o soar desrespeitoso com os cl�ssicos. Afinal, o acesso �s compara��es entre bancos de dados � muito recente.
Caldeira nos faz crer que seu livro � s� um passo inicial de um longo trabalho de reescrever o passado.
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