Empresas comercializam legumes que iriam para o lixo por serem 'feios'
Seguir um padr�o de beleza tamb�m � um problema para frutas e legumes. Cenouras com duas pontas ou beterrabas tortas nem chegam aos supermercados. Batatas e cebolas feias, quando conseguem um lugar nas g�ndolas, s�o desprezadas pelos consumidores.
Da produ��o at� o ponto de venda, essa discrimina��o gera desperd�cio de alimentos que, apesar de estarem fora dos padr�es, t�m o mesmo valor nutritivo dos outros.
Segundo dados da FAO (�rg�o da ONU para a Agricultura e a Alimenta��o), o Brasil est� entre os dez pa�ses que mais descartam alimentos no mundo. "N�o se sabe o quanto disso se deve � perda de produtos fora das especifica��es, mas sem d�vida � um n�mero importante", diz Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu, que estimula o consumo consciente.
Alberto Rocha/Folhapress | ||
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Frutas e legumes fora dos padr�es vendidos pela empresa Fruta Imperfeita, de SP |
Mas h� gente empenhada em resolver esse problema. Em novembro de 2015, o engenheiro mec�nico Roberto Matsuda, 33, e a engenheira de alimentos Nathalia Inada, 31, criaram o Fruta Imperfeita, um servi�o de delivery de cestas de produtos recusados pelo mercado.
A ideia surgiu a partir de uma conversa com um produtor rural. Ele contou que, se um milho fosse maior ou menor que a bandeja dos supermercados, n�o seria aceito. Com isso, at� 15% de sua produ��o ia para o lixo.
O casal decidiu criar um neg�cio que ajudasse produtores e conscientizasse consumidores. Primeiro, pensaram em abrir uma loja. "Mas o cliente continuaria escolhendo o legume menos imperfeito", diz Matsuda.
Hoje, a empresa tem cerca de mil assinantes de cestas, que s�o entregues em bairros da zona sul e do centro da capital paulista.
O pacote mais vendido custa R$ 96 por m�s e entrega cinco quilos de frutas e legumes por semana. O cliente n�o escolhe o conte�do, que varia de acordo com a disponibilidade dos produtores.
At� agora, a empresa vendeu mais de 300 toneladas de alimentos que seriam descartados. "Temos o pre�o baixo, mas o que fideliza os clientes � a preocupa��o com a sustentabilidade", diz Matsuda.
J� nos supermercados � exatamente o pre�o que pode deixar os feios mais atraentes. Neste ano, as lojas do hipermercado Extra ganharam uma se��o que oferece 20% de desconto em frutas e verduras fora do padr�o. A ades�o dos clientes tem sido alta, segundo Laura Pires, diretora de sustentabilidade do Grupo P�o de A��car.
Em todas as marcas do grupo, os alimentos que acabam esquecidos nas g�ndolas s�o doados a entidades –em 2016, foram 3.733 toneladas a mais de 300 institui��es.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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EMBALAGEM CERTA
Para tentar resolver os problemas das perdas durante o transporte, a Embrapa, em parceria com Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Instituto Nacional de Tecnologia, desenvolveu embalagens espec�ficas para manga, mam�o, morango e caqui.
As frutas passaram por escaneamento 3D para que fossem desenhadas bandejas capazes de acomod�-las em cavidades separadas, diminuindo choques. No caso de manga, mam�o e caqui, a embalagem tem uma estrutura resistente de pl�stico e fibra vegetal, que substitui caixas de madeira ou papel�o e pode ser empilhada, favorecendo a ventila��o das frutas.
J� os morangos s�o acomodados lado a lado, sem sobreposi��o, diferentemente das embalagens convencionais, nas quais as perdas chegam a 40%. No modelo da Embrapa, esse �ndice � inferior a 5%, segundo o pesquisador Ant�nio Gomes Soares, respons�vel pelo projeto.
Patricia Stavis/Folhapress | ||
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Frutas e legumes fora do padr�o vendidos com 20% de desconto em loja do Extra em SP |
Os estudos foram conclu�dos em 2015, e, agora, a transfer�ncia de tecnologia est� sendo negociada com empresas de grande e m�dio porte. "Com isso, ser� poss�vel haver uma maior oferta de produtos sem aumento da �rea plantada", afirma Soares.
Foi o que tamb�m aconteceu na Caisp (Cooperativa Agropecu�ria de Ibi�na), que vende produtos de 150 agricultores da regi�o (a 69 quil�metros de S�o Paulo). Com recursos do governo do Estado, h� dois anos, a cooperativa refrigerou seu galp�o de 3.200 metros quadrados e sua frota de 30 caminh�es.
Al�m disso, adquiriu uma unidade de processamento de saladas, que usa produtos fora do padr�o. Assim, reduziu o descarte de cerca de 22% para at� 12%, segundo Gilberto Endo, gerente-geral da Caisp. O que sobra vira adubo org�nico. "Com menos perdas, sobra mais dinheiro para os cooperados", diz.
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