Setor financeiro direciona mais cr�dito para a economia verde
Eduardo Knapp/Folhapress | ||
![]() |
Bancos brasileiros est�o destinando mais cr�dito para a economia verde. Em 2015, 16,7% dos financiamentos a empresas foram voltados a neg�cios identificados com processos mais limpos e socialmente corretos. No ano passado, essa participa��o cresceu para 18,8%.
A evolu��o est� ligada � norma do Banco Central que inibiu o uso meramente marqueteiro da palavra "sustentabilidade" e obrigou cada institui��o a formular suas pol�ticas de responsabilidade socioambiental.
Na �ltima d�cada, bancos passaram a usar o conceito de sustentabilidade em suas estrat�gias de marketing, o que abriu espa�o para discuss�es sobre a necessidade de regula��o do tema no setor.
Em 2014, saiu a Resolu��o BC 4.327, como a forma de coibir o "greenwashing" (maquiagem verde) no setor e preparar as institui��es para enfrentar riscos sist�micos ligados ao ambiente, em especial mudan�as clim�ticas.
A norma n�o dita procedimentos, mas princ�pios que norteiam bancos ao formularem suas pol�ticas socioambientais. Desde que entrou em vigor, os bancos est�o sujeitos � fiscaliza��o pelo BC.
GEST�O DE RISCO
A resolu��o foi considerada pioneira entre os emergentes pela abordagem de risco -quanto mais um banco financiar empresas do setor de energias f�sseis, mais exposto estar� a um cen�rio de precifica��o de carbono, e sua pol�tica de cr�dito deve avaliar esses impactos futuros.
"A resolu��o trouxe a sustentabilidade para o centro do neg�cio em bancos grandes, m�dios e pequenos. Ela melhora a gest�o de risco e a qualidade do cr�dito", diz M�rio S�rgio Vasconcelos, diretor da Febraban (Federa��o Brasileira de Bancos).
A entidade monitora anualmente o percentual da carteira de cr�dito dos bancos que � dirigido � economia verde -setores que incluem energias renov�veis, efici�ncia energ�tica, agricultura, florestas, �gua, gest�o de res�duos, constru��o, transporte, pesca e turismo.
"Os bancos j� avaliam as atividades que financiam com base nessas defini��es", afirma Vasconcelos.
Quest�es ambientais t�m sido alvo de aten��o do Banco Central nos �ltimos anos. Na crise h�drica que afetou o Sudeste em 2014, o BC tentou precificar a crise financeira que o pa�s atravessaria caso a escassez de �gua levasse � incapacidade produtiva da agricultura e da ind�stria.
"Riscos ambientais e estabilidade financeira est�o ligados", diz Jos� Roberto Kassai, professor da FEA/USP e coordenador do N�cleo de Contabilidade e Meio Ambiente da USP. O mercado tem consci�ncia de que a redu��o de riscos demudan�as clim�ticas ser� feita via instrumentos financeiros, diz ele.
Quanto maior o risco ambiental, maior o custo do cr�dito para o setor, com impactos na valoriza��o dos pap�is negociados em bolsa. "Empresas de capital aberto com grandes externalidades j� sentem esse impacto no pre�o das a��es", diz Kassai.
ECONOMIA DE �GUA
A crise h�drica, por outro lado, representou oportunidade para a Empresta Capital, banco de microcr�dito (empr�stimos de at� R$ 4.000) voltado para pequenos neg�cios e empreendedores informais cuja carteira ativa tem 11 mil clientes.
A empresa financia quem deseja investir em solu��es de efici�ncia energ�tica e de economia de �gua, especialmente em condom�nios.
"Percebemos essa demanda bem forte com a crise de �gua em 2014, e a partir da� come�amos a elaborar produtos espec�ficos. Hoje, 10% da nossa carteira � de cr�dito para efici�ncia de �gua e energia", afirma Ricardo Assaf, que � presidente da Empresta Capital.
Em m�dia, as melhorias trazem economia de �gua de 30% e redu��o de custos de at� 15% para os condom�nios. O programa deu t�o certo que rendeu � empresa, neste m�s, o pr�mio na categoria sustentabilidade da "World Finance", uma das principais publica��es inglesas sobre mercado financeiro.
*
A terra e o dinheiro
Como os bancos t�m adequado suas pol�ticas �s demandas ambientais
Anos 1960
Nos EUA, surgem as primeiras op��es de fundos de investimentos que incluem vari�veis sociais como crit�rio, como os que exclu�am empresas coniventes com o regime de apartheid da �frica do Sul
Anos 1980
S�o criados fundos com foco em �reas promissoras, como tecnologia da informa��o e energias limpas; preocupa��o com impactos ambientais chega ao project finance (grandes projetos de infraestrutura) e ONGs come�am a cobrar bancos
Anos 1990
O Banco Mundial come�a a incorporar pol�ticas de salvaguarda; em 1999, � criado o primeiro �ndice de sustentabilidade, o Dow Jones Sustainability Index, da Bolsa de Nova York
2003
Pressionados por ONGs como a BankTrack, grupo de dez grandes bancos e a IFC (International Finance Corporation) lan�am os Princ�pios do Equador. A partir da�, bancos passam a impor crit�rios socioambientais para financiar grandes projetos
2005
Lan�ado o �ndice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bolsa de Valores de S�o Paulo (atual B3)
2012
Na Rio+20, Banco Central apresenta texto que d� origem � regula��o do tema pelo setor financeiro no Brasil
2014
BC publica resolu��o que institui a pol�tica de responsabilidade socioambiental das institui��es financeiras; norma obriga bancos a formular suas pol�ticas de sustentabilidade
2015
Acordo de Paris � assinado e 195 pa�ses se comprometem a frear mudan�as clim�ticas; setor privado, bancos e seguradoras participaram ativamente das negocia��es
2017
O FSB (Financial Stability Board), que coordena as entidades reguladoras do sistema financeiro, recomenda que bancos cobrem transpar�ncia em rela��o �s informa��es ambientais das empresas que financiam
Fonte: Febraban, Banco Central, FSB
Livraria da Folha
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenci�rio
- Livro analisa comunica��es pol�ticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 10/07/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | +0,08% | 127.218 | (17h37) |
Dolar Com. | -0,05% | R$ 5,4130 | (17h00) |
Euro | -0,68% | R$ 5,8419 | (17h31) |