Fábio Ulhoa Coelho, professor titular de direito da PUC São Paulo, discute, no episódio desta semana do Ilustríssima Conversa, a aparente contradição entre liberdade e igualdade e quais balizas podem ser usadas para conciliar os dois valores.
No recém-lançado "Os Livres Podem Ser Iguais? Liberalismo e Direito" (WMF Martins Fontes), o autor defende que o pensamento liberal foi se reduzindo a uma doutrina econômica ao longo do século 20, a ponto de a ideia de liberdade se tornar um valor absoluto e descolado, por exemplo, das implicações das desigualdades sociais e da pobreza.
Na conversa, Ulhoa Coelho explica por que considera que o pensamento liberal de hoje se apoia em uma espécie de misticismo, que insiste na ideia de que, se o livre mercado puder funcionar sem nenhum impedimento, as pessoas vão cooperar espontaneamente.
O autor critica a supressão das liberdades nas experiências socialistas e diz que o colapso econômico da União Soviética não significa que o liberalismo funciona —muito pelo contrário, ele sustenta que ficou nítido, desde a crise de 2008, que a receita neoliberal está fadada ao fracasso.
Quando se tentou cientificamente fazer um planejamento econômico nos países que passaram pela experiência soviética, não deu certo. Em 1989, isso ficou patente com a queda do Muro de Berlim. O que os liberais falaram nesse momento? Eles reivindicaram a vitória do liberalismo. O que aconteceu foi a derrota da planificação marxista e eles falaram: "O liberalismo venceu". Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Não é porque fracassou a experiência soviética que o liberalismo funciona
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O podcast entrevista, a cada duas semanas, autores de livros de não ficção e intelectuais para discutir suas obras e seus temas de pesquisa.
Já participaram do Ilustríssima Conversa Debora Diniz, acadêmica que se dedica às áreas de gênero e direitos reprodutivos, Deivison Faustino, que desenvolve pesquisas sobre a obra de Frantz Fanon, Fernando Morais, biógrafo de Lula, Sergio Miceli, sociólogo que tratou de Drummond e do modernismo, Daniela Arbex, jornalista que investigou a tragédia de Brumadinho, Tatiana Roque, pesquisadora que discute as relações entre mudanças climáticas e política, Margareth Dalcolmo, que falou sobre a variante ômicron e a perspectiva de tratamento precoce real da Covid-19, Marcelo Semer, autor de livro sobre o Judiciário e a política no Brasil, Eliane Brum, que alertou sobre a necessidade de preservar a Amazônia no contexto atual de crise climática, Renan Quinalha, para quem a LGBTfobia de Bolsonaro atualiza moralismo da ditadura "hétero-militar", Simone Duarte, que defendeu que o 11 de Setembro nunca terminou no Afeganistão, Natalia Viana, que discutiu a politização das Forças Armadas, Camila Rocha, pesquisadora da nova direita brasileira, entre outros convidados.
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