O Brasil não está diante de uma eleição polarizada como outras, dizem a historiadora Heloisa Starling e o cientista político Miguel Lago, mas tem à frente uma disputa inédita que vai definir o futuro da democracia no país.
Starling e Lago acabam de publicar, em coautoria com Newton Bignotto, "Linguagem da Destruição: a Democracia Brasileira em Crise" (Companhia das Letras).
O livro reúne três ensaios individuais, que convergem na interpretação do bolsonarismo como uma nova linguagem e como uma força que corrói a democracia de dentro para fora, com o potencial de permitir a emergência de formas totalitárias.
Neste episódio, os autores discutem as características da língua que Jair Bolsonaro (PL) fala —talhada para virar memes, gerar indignação nas redes sociais e desacreditar o conhecimento e a autoridade, transformando tudo em opinião— e a dificuldade das instituições responderem ao que ele diz.
A maior força do discurso do presidente, para Miguel Lago, é a ideia de eliminar as construções coletivas que limitam o poder dos mais fortes, devolvendo a eles o direito de devorar os mais fracos, como em um faroeste.
Heloisa Starling, por sua vez, afirma que Bolsonaro está ligado a uma utopia reacionária com raízes na linha dura do regime militar, anticomunista e ainda mais autoritária que os generais da ditadura, e na herança do nazismo e do integralismo no Brasil.
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O podcast entrevista, a cada duas semanas, autores de livros de não ficção e intelectuais para discutir suas obras e seus temas de pesquisa.
Já participaram do Ilustríssima Conversa Fábio Ulhoa Coelho, professor de direito que ponderou sobre as relações entre liberdade e igualdade, Debora Diniz, acadêmica que se dedica às áreas de gênero e direitos reprodutivos, Deivison Faustino, que desenvolve pesquisas sobre a obra de Frantz Fanon, Fernando Morais, biógrafo de Lula, Sergio Miceli, sociólogo que tratou de Drummond e do modernismo, Daniela Arbex, jornalista que investigou a tragédia de Brumadinho, Tatiana Roque, pesquisadora que discute as relações entre mudanças climáticas e política, Margareth Dalcolmo, que falou sobre a variante ômicron e a perspectiva de tratamento precoce real da Covid-19, Marcelo Semer, autor de livro sobre o Judiciário e a política no Brasil, Eliane Brum, que alertou sobre a necessidade de preservar a Amazônia no contexto atual de crise climática, Renan Quinalha, para quem a LGBTfobia de Bolsonaro atualiza moralismo da ditadura "hétero-militar", Simone Duarte, que defendeu que o 11 de Setembro nunca terminou no Afeganistão, Natalia Viana, que discutiu a politização das Forças Armadas, entre outros convidados.
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