O jornalista e escritor Fernando Morais, que lançou em novembro de 2021 o primeiro volume da biografia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é o convidado desta semana do Ilustríssima Conversa.
Morais trabalhou em grandes veículos de imprensa, como a revista Veja, e foi deputado estadual de São Paulo entre 1979 e 1987 —nessa época, quando acompanhava e dava apoio às grandes greves de metalúrgicos do ABC, capitaneadas por Lula, ele o conheceu.
Autor das biografias de Olga Benário, Assis Chateaubriand e Paulo Coelho, entre outros livros, Morais começou a trabalhar na biografia do ex-presidente em 2011. A princípio, a obra seria um relato da trajetória política de Lula entre 1980, período de criação do PT, e o fim do seu segundo mandato presidencial, em 2010. A tempestade política brasileira dos anos seguintes, no entanto, mudou os rumos do projeto.
O primeiro volume de "Lula: Biografia" (Companhia das Letras) começa narrando os bastidores da prisão do petista em abril de 2018 e os seus 580 dias encarcerado na sede da Polícia Federal em Curitiba para depois voltar à juventude do ex-presidente.
Neste episódio, o escritor fala sobre a recepção da obra e sobre os comentários de falta de isenção que foram dirigidos à biografia. Morais critica a imprensa e diz que o segundo volume, cuja publicação está prevista para 2023, vai tratar do mensalão, da Operação Lava Jato e de outros escândalos de corrupção.
Ele também defende que Lula saiu muito melhor da prisão, com um espírito mais combativo, e que as articulações políticas em curso, como a negociação para Geraldo Alckmin ser seu vice na chapa da próxima eleição presidencial, fazem sentido para fortalecer a candidatura e ampliar as chances de derrotar Jair Bolsonaro (PL).
Eu estou convencido de que o Lula que saiu da prisão é infinitamente melhor que o Lula que entrou. Ele leu lá mais que muito intelectual de nariz arrebitado leu. Ele também ficou impressionado com a quantidade de revoltas populares que houve no Brasil e que nunca ensinaram na escola [...]. O Lula que saiu da cadeia é um anti-imperialista. Ele passou a ter clareza enorme dos interesses do imperialismo no Brasil
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O podcast entrevista, a cada duas semanas, autores de livros de não ficção e intelectuais para discutir suas obras e seus temas de pesquisa.
Já participaram do Ilustríssima Conversa Sergio Miceli, sociólogo que tratou de Drummond e do modernismo, Daniela Arbex, jornalista que investigou a tragédia de Brumadinho, Tatiana Roque, pesquisadora que discute as relações entre mudanças climáticas e política, Margareth Dalcolmo, que falou sobre a variante ômicron e a perspectiva de tratamento precoce real da Covid-19, Marcelo Semer, autor de livro sobre o Judiciário e a política no Brasil, Eliane Brum, que alertou sobre a necessidade de preservar a Amazônia no contexto atual de crise climática, Renan Quinalha, para quem a LGBTfobia de Bolsonaro atualiza moralismo da ditadura "hétero-militar", Simone Duarte, que defendeu que o 11 de Setembro nunca terminou no Afeganistão, Natalia Viana, que discutiu a politização das Forças Armadas, Camila Rocha, pesquisadora da nova direita brasileira, Antonio Sérgio Guimarães, que recuperou a história do antirracismo no Brasil, Eugênio Bucci, que defendeu que redes sociais extraem o olhar de seus usuários, entre outros convidados.
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