A máxima "se o produto é de graça, você é o produto" se tornou conhecida para sintetizar o modelo de negócios de gigantes da internet.
Ao usar aplicativos e redes sociais, as pessoas concordam em entregar dados pessoais, que permitem que os algoritmos conheçam, muitas vezes, seus hábitos e desejos melhor que elas mesmas.
Para Eugênio Bucci, jornalista e professor titular da Escola de Comunicações e Artes da USP, essa é só uma parte da história. Em "A Superindústria do Imaginário" (Autêntica), o convidado desta semana do Ilustríssima Conversa argumenta que o que move as big techs, além da coleta de dados pessoais, é o extrativismo do olhar dos seus usuários.
Em vez de usuário, aliás, ele prefere o termo trabalhador. Ao postar uma foto ou rolar o feed de uma rede social, diz, as pessoas estão trabalhando sem saber disso e sem ser pagas.
Bucci defende que, em um capitalismo movido pela produção de narrativas e imagens, olhar significa participar de mecanismos de fabricação de sentido, como a reputação de uma marca ou uma identidade pessoal.
Neste episódio, o autor tratou do novo tipo de valor gerado nesse processo e apropriado monopolisticamente pelos conglomerados globais de tecnologia e discutiu os riscos que a superindústria do imaginário cria para a democracia.
As empresas mais valiosas da história do capitalismo são os conglomerados monopolistas globais de hoje. Eles são tão valiosos porque extraem o olhar, canalizando-o como trabalho, têm o mapa da mina dos circuitos inconscientes do desejo de cada um e encontraram uma mão de obra inesgotável e gratuita
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O podcast entrevista, a cada duas semanas, autores de livros de não ficção e intelectuais para discutir suas obras e seus temas de pesquisa.
Já participaram do Ilustríssima Conversa Rafael Mafei, autor de livro sobre a história do impeachment no Brasil, Kauê Lopes dos Santos, que debateu a economia política de Gana, Rosa Freire D’Aguiar, organizadora de coletânea de cartas de Celso Furtado, Fábio Kerche e Marjorie Marona, que fizeram um balanço dos dois primeiros anos do governo Bolsonaro, Regina Facchini e Isadora Lins França, organizadoras de livro sobre direitos LGBTI+ no Brasil, Alessandra Devulsky, autora de livro sobre racismo e colorismo, Idelber Avelar, que discutiu a ascensão do bolsonarismo, Christian Dunker, psicanalista que reconstituiu a história da depressão, Lira Neto, que narrou a saga dos judeus sefarditas até o Recife, Roberto Simon, autor de livro sobre o apoio da ditadura brasileira ao golpe contra Allende, no Chile, entre outros convidados.
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