Como é possível que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nunca tenha se sentido ameaçado por um impeachment, apesar das inúmeras evidências de crimes de responsabilidade cometidos por ele, antes e durante a pandemia?
Essa é uma das questões abordadas no Ilustríssima Conversa desta semana por Rafael Mafei, professor da Faculdade de Direito da USP e autor de "Como Remover um Presidente: Teoria, História e Prática do Impeachment no Brasil" (Zahar).
Para Mafei, Bolsonaro comete crimes de responsabilidade em série e não há dúvidas sobre a viabilidade jurídica de seu impeachment. No entanto, falta fechar a complicada equação política para colocar o processo em marcha, o que poderia acontecer com grandes manifestações de rua ou perda de apoio no Congresso, por exemplo.
O pesquisador argumenta que, por não ser responsabilizado, o presidente tem todos os estímulos para concretizar suas ameaças de sabotar as eleições de 2022 e que a aposta da oposição em enfrentar Bolsonaro nas urnas —em vez de defender seu impeachment antes— é, no mínimo, perigosa.
Neste episódio, Mafei também discute as condições jurídicas, políticas e sociais para afastar presidentes no Brasil, partindo das lições dos impeachments de Fernando Collor e Dilma Rousseff.
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O podcast entrevista, a cada duas semanas, autores de livros de não ficção e intelectuais para discutir suas obras e seus temas de pesquisa.
Já participaram do Ilustríssima Conversa Kauê Lopes dos Santos, que debateu a economia política de Gana, Rosa Freire D’Aguiar, organizadora de coletânea de cartas de Celso Furtado, Fábio Kerche e Marjorie Marona, que fizeram um balanço dos dois primeiros anos do governo Bolsonaro, Regina Facchini e Isadora Lins França, organizadoras de livro sobre direitos LGBTI+ no Brasil, Alessandra Devulsky, autora de livro sobre racismo e colorismo, Idelber Avelar, que discutiu a ascensão do bolsonarismo, Christian Dunker, psicanalista que reconstituiu a história da depressão, Lira Neto, que narrou a saga dos judeus sefarditas até o Recife, Roberto Simon, autor de livro sobre o apoio da ditadura brasileira ao golpe contra Allende, no Chile, Heloisa Buarque de Hollanda, que situou as principais tendências do pensamento feminista contemporâneo, entre outros convidados.
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