Di�rio do Rio: Livro mostra como viol�o superou desprezo das elites
Folhapress | ||
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O cantor, compositor e violonista Paulinho da Viola, em foto de 1972 |
O viol�o � carioca de ado��o. Aquele sujeito de fora que, em contato apaixonado com a cidade, logo se torna �ntimo. Mais at�: um nativo, mesmo que nascido longe.
Filho da viola, tamb�m com seis cordas, surgiu na Europa na segunda metade do s�culo 18. Chegou ao Brasil com a fam�lia real em 1808 e, ao trocar os sal�es da corte pelas ruas do Rio, foi de in�cio desprezado, por andar em m�os de mulatos, malandros e personagens como Policarpo Quaresma, o prot�tipo do nacionalista exaltado cujo triste fim Lima Barreto narra em seu romance.
Viol�o e Identidade Nacional |
Marcia Taborda |
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A violonista e historiadora Marcia Taborda acaba de lan�ar o DVD "Viola e Viol�o em Terras de S�o Sebasti�o" (Tratore, R$ 39,90), gravado ao vivo na Sala Cec�lia Meireles, em que passa a limpo a hist�ria social do instrumento, a batalha para lhe dar respeitabilidade e sua import�ncia para os g�neros musicais cultivados na cidade: modinha, lundu, choro, maxixe, samba e samba-can��o, bossa nova.
Autora do livro "Viol�o e Identidade Nacional" (Civiliza��o Brasileira) e coordenadora do N�cleo de Estudos do Viol�o da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Taborda ilustra sua pesquisa com obras executadas com base em grava��es originais.
Da aula-espet�culo fazem parte "Gu�rdame las Vacas", um tema do espanhol Luis de Narv�ez, "Corta-Jaca", de Chiquinha Gonzaga, "Abismo de Rosas", de Am�rico Jacomino, e "Gra�na", de Jo�o Pernambuco, entre outras pe�as.
CHICHARROS E BELDROEGAS
Ao longo de mais de 60 anos trabalhando como jornalista, Rubem Braga produziu cerca de 15 mil textos. Muitos deles, perdidos nas cole��es de jornais e revistas, t�m merecido lombada de livros: despachos da Europa, cr�nicas sobre assuntos como m�sica popular, artes pl�sticas, pol�tica.
Dois novos t�tulos sa�ram pela editora Global, selecionados e prefaciados por Gustavo Henrique Tuna: "O Poeta e Outras Cr�nicas de Literatura e Vida" [102 p�gs., R$ 32] e "Dois Pinheiros e o Mar e Outras Cr�nicas sobre Meio Ambiente" [104 p�gs., R$ 35]. No primeiro deles, Braga constata: "N�o temos mais um Agripino Grieco".
Um de nossos cr�ticos mais irreverentes, Agripino Grieco (1888-1973) morava num casar�o do M�ier. Duas salas no fundo viviam cheias at� o forro com mais de 40 mil livros. Algumas de suas tiradas ficaram c�lebres: "Dele, s� lerei as obras p�stumas", ou "Este escritor ir� longe! Foi para Montes Claros".
Em texto de 1984, publicado na "Revista Nacional", escreve Rubem Braga: "Um cr�tico liter�rio capaz de desancar os escritores med�ocres quando eles ficam importantes, ocupam posi��es nos �rg�os culturais do governo, s�o eleitos para a Academia. Nossa literatura est� cheia de chicharros e beldroegas que n�o apenas ganham todos os pr�mios como tamb�m decidem a quem premiar com viagens, dinheiro e honrarias".
E completa: "Como faz falta um Agripino Grieco". Segue fazendo.
LUZ CHAPADA
A hist�ria das vigas da Perimetral —seis delas pesando 110 toneladas— que simplesmente desapareceram em 2013, durante as obras do Porto Maravilha, j� virou folclore. Mas n�o s� elas sumiram.
As antigas lumin�rias do Arco do Teles, no Centro, n�o voltaram –e ningu�m sabe onde est�o. � �poca da Olimp�ada, elas foram substitu�das por modernos refletores retangulares de luz chapada e inc�moda. Como a �rea � tombada pelo Iphan, havia a promessa da prefeitura de que a troca seria provis�ria. Mais de um ano depois, parece que virou definitiva.
PASSEIO NO CEMIT�RIO
Voc� est� andando na rua e v� a rodinha em frente a um monumento ou a um pr�dio do tempo da col�nia. Pode apostar: l� est� o arquiteto e professor de hist�ria Milton Teixeira, deitando conhecimento. Com ele, a melhor maneira de conhecer o Rio � a p�.
Seus pr�ximos passeios, gratuitos, ser�o a cemit�rios, ambos em 28/9. Das 9h �s 11h, lidera uma visita ao S�o Jo�o Batista, casa de alguns dos t�mulos mais concorridos da cidade: Santos Dumont e Carmen Miranda, al�m do mausol�u da Academia Brasileira de Letras. Das 14h30 �s 16h30, � a vez do S�o Francisco Xavier, onde se concentra uma turma da m�sica —Dolores Duran, Cartola, Elizeth Cardoso, Emilinha Borba, Jamel�o— e o belo jazigo do bar�o do Rio Branco.
ALVARO COSTA E SILVA, o Marechal, 54, � jornalista e colunista da Folha. Escreveu "Dicion�rio Amoroso do Rio de Janeiro" (Casar�o do Verbo).
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