Descrição de chapéu Arte da censura

Na Rússia, ser artista sempre foi perigoso; agora muitos já perderam as suas esperanças

'Nada de bom me espera aqui', afirma jovem que pretende fugir de seu país por não ver possibilidade de trabalhar sem censura

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A imagem mostra um sapato marrom enterrado na neve, com cadarços soltos se estendendo para fora e pregados, como a impedir que o sapato se movimente. O fundo é uma paisagem de inverno com árvores escuras e um céu nublado

Adams Carvalho

Moscou

A russa Sofya Chibisguleva fala muito bem o inglês. E com um sotaque londrino, a jovem artista nascida e criada em Moscou explica por que ela quer ir embora de seu país.

"Estou planejando fazer isso [emigrar] muito em breve. Todos que eu amo e respeito foram embora. Alguns deles foram para a prisão", diz.

Só que até quem fala muito bem um idioma tropeça numa sílaba ou outra de vez em quando. "Minha família quer muito que eu ‘viva’… Que eu ‘vá’, desculpe", corrige-se. "Eles sabem que nada de bom me espera aqui."

É comum falantes de inglês confundirem "live" com "leave", como fez Sofya no parágrafo acima —afinal as sílabas tônicas das duas palavras têm fonemas muito próximos.

Não é impossível, porém, que o leve erro de pronúncia também tenha a ver com o constante estado de alerta em que ela se encontra ultimamente.

A artista formada na Central Saint Martins de Londres faz um trabalho com um certo teor político, às vezes na forma de poesia, em outras, sátira. Ora mais direto, ora nas entrelinhas.

Sofya tem cabelos curtos, olhos e pele clara; ela olha paraa câmera
A artista russa Sofya Chibisguleva - Folhapress

A história recente mostra que criticar o governo Vladimir Putin não costuma terminar bem para quem abre a boca.

Em 2012, a ONG de direitos humanos OVDinfo conseguiu identificar cinco casos de artistas que foram processados criminalmente —dos quais três eram integrantes da banda Pussy Riot e um era o irmão mais novo de Alexei Navalni, Oleg. O número dá uma diminuída nos anos seguintes e se mantém relativamente baixo até 2021, quando seis artistas são processados. No ano seguinte, quando começa a guerra na Ucrânia, o número pula para 24 artistas.

Pelo menos 1.059 pessoas foram processadas criminalmente na Rússia desde a invasão da Ucrânia por se posicionarem contra a guerra. A OVDinfo ainda foi capaz de localizar pelo menos 101 casos de perseguição extrajudicial envolvendo artistas —e 645 envolvendo todos os tipos de ocupação— os casos vão de eventos cancelados a obras censuradas.

O campo temático para trabalhos artísticos se estreitou. Política, gênero e sexualidade são territórios perigosos. Em março deste ano, a Rússia adicionou o que chama de "movimento internacional LGBTQIA+" a uma lista de entidades "terroristas e extremistas". Dois meses antes, a Duma aprovou uma lei que permite às autoridades confiscar dinheiro, propriedades e outros ativos de pessoas condenadas por questionar o Exército do país e a ofensiva militar contra a Ucrânia. Chamar a guerra de "guerra" também pode dar problema —para quem não quer problema com a Justiça, o melhor é chamar de "operação especial militar".

Um estudo do portal independente russo The Bell afirma que pelo menos 650 mil pessoas emigraram do país entre fevereiro de 2022 e julho de 2024.

Talvez não seja o caso de chamar de "paranoia" a urgência de Sofya em deixar a sua terra natal.

A fila anda

Poucos momentos na história russa foram tão livres quanto os anos 1990 —para o bem e para o mal.

"Quando eu dou aulas sobre a arte da década de 1990 e conto histórias dos anos 1990 aos meus alunos, eles sempre ficam surpresos com o quão longe você podia ir, comparando com o momento atual", diz a historiadora Sasha Obukhova. "Era totalmente livre."

"Era incrível", diz o ator e diretor Ruslan Malikov. "Mas em algum momento até eu comecei a me engasgar com isso."

"Esta liberdade irrestrita era para todos. Para aqueles que queriam criar arte e para quem queria sair com um tanque de guerra no meio da rua", conta o diretor de teatro.

A década começa com uma forte quebra institucional. Morre a União Soviética, e outro Estado surge, a Federação Russa. "Este país recém-nascido teve que assumir o controle da economia, dos programas sociais, indústria, mercado financeiro", diz Obukhova. "E a cultura estava no final da fila."

A fila enfim andou e, em 1999, o primeiro caso envolvendo um artista e seu trabalho artístico foi levado a tribunal, lembra Obhukova.

Em dezembro de 1998, no Manege, um importante centro de exposições de Moscou, o artista Avdei Ter-Oganyan exibiu a performance artística "Jovem Ateu", durante a feira Art-Manege 98.

O trabalho consistia na disposição de uma série de pequenos quadros baratos contendo imagens de santos cristãos ortodoxos. Os quadros eram vendidos por um preço simbólico e o novo proprietário podia fazer o que quisesse com a santa que acabara de adquirir. Alguns não fizeram nada, só levaram para casa. Outros rabiscaram bigodes, óculos e pirocas cartunescas. Houve ainda quem preferisse, ali no meio daquela feira arte, golpear a santa com machadadas.

Foi o bastante para um escândalo político começar a se desenrolar. Pessoas saíram em grandes manifestações, houve uma cobertura midiática inflamada. Um repórter chegou a perguntar se Ter-Oganyan era satanista, ao que ele respondeu: "não, que coisa estúpida. Neste caso, defendo liberdade de expressão e de pensamento."

"Me disseram que eu poderia pegar de dois a quatro anos, alguns anos de prisão", diz Ter-Oganyan à Folha. "Bem, eu estava completamente despreparado para isso." Ter-Oganyan então fugiu para a República Tcheca e só voltou para a Rússia duas décadas depois.

No fim dos anos 1990, naquela jovem Federação Russa, quem ganhava cada vez mais espaço e trânsito político era a Igreja Ortodoxa Russa, lembra Ter-Oganyan. "Eu era uma pessoa muito ingênua e não imaginava que isso seria possível. Eu não estava nem um pouco interessado em política naquela época", diz o artista. "Dei à Igreja o que parecia ser uma situação oportuna."

Manual de sobrevivência

Para a artista e curadora Ilmira Bolotyan, existem apenas algumas formas de trabalhar com a arte contemporânea hoje em dia. "A primeira é não trabalhar", diz, soltando uma risada, como quem prefere rir do que chorar. Ela explica que muitos artistas preferiram voltar sua atuação profissional para áreas que costumam não fazer muito barulho, como cuidar de arquivos.

"E a segunda é usar a situação para sucesso comercial", diz. "Se você criar algo comercial em arte contemporânea, você consegue estar no topo, você está em uma situação muito boa agora."

Esse raciocínio faz sentido se levarmos em consideração que a economia russa vem mantendo uma certa robustez e que as sanções comerciais impostas pelo Ocidente incentivam os ricos russos a consumirem internamente.

O Fundo Monetário Internacional prevê que a economia russa crescerá 3,2% em 2024, impulsionada por gastos militares. Esse valor é mais alto do que o previsto para os Estados Unidos, zona do euro, Reino Unido e Japão. Em julho deste ano, o Banco Mundial passou a classificar a Rússia como um país de renda alta. Enquanto isso, a lista de bilionários russos cresceu e hoje conta com 120 nomes na lista da Forbes –15 a mais que em 2023 e 37 a mais que em 2022.

"Abstracionismo, que há 40 anos era considerado um ato criminoso, agora é ok", diz a historiadora Sasha Obukhova.

"Se você quiser fazer arte abstrata, faça. É muito bonito. E talvez você tenha sucesso no mercado de arte porque nossos ricos querem algo para decorar suas casas", diz. "Mas ativismo político na arte não é tão bem visto pela sociedade. É por isso que alguns artistas saem do país, porque eles não conseguem trabalhar", diz Obukhova.

Estranho e perigoso

No início do período soviético, no início do século 20, o Estado mantinha controle da arte por meio dos chamados sindicatos artísticos. O realismo socialista se tornou o único estilo estético aceitável para os membros dessas organizações criativas e nada mais podia ser feito sem bater de frente com as autoridades.

Daí surgiram os conceitos de arte oficial e arte não oficial, isto é, underground, clandestina. Na época do chamado Degelo soviético, a arte abstrata não era mais proibida —mas isso não quer dizer que arte de vanguarda era vista com bons olhos pelos poderosos.

Em 1962, o então líder soviético Nikita Kruschev entrou no mesmo Manege em que Ter-Oganyan causaria rebuliço 36 anos depois. Era uma exibição comemorando os 30 anos do Sindicato dos Artistas da URSS.

Havia muitas obras enaltecendo o povo e os ideais soviéticos, mas havia outras que fugiam dos ideais do realismo socialista. Dessas, Kruschev não gostou. Chamou aquilo que viu de "pederastia" e que "tinha vontade de cuspir".

Mais tarde, nos anos 1970, exposições clandestinas de arte não oficial eram desmanteladas com escavadeiras pelo governo repetidas vezes.

Hoje em dia, na Federação Russa, não são poucos os entraves para a criação artística. É por isso que Ilmira Bolotyan, quando questionada sobre o futuro da arte russa, faz uma ponte com o passado. "Eu acho que será como era na União Soviética. Haverá arte oficial e outra não oficial", diz. "A história está sempre se repetindo neste território. Será um período longo ou curto? Certamente será interessante, como sempre, neste território. E estranho. E perigoso."

Ponte Sibéria-Brasil

A primeira opção de destino para Sofya Chibisguleva é o Reino Unido, onde fez graduação e mestrado.

Contudo, sua lista também inclui lugares mais distantes, mas isso seria mais um plano B.

Ela tem um duo artístico, o Mainline Group, com uma outra artista russa, sua amiga Lena Kilina, originária da Sibéria, que hoje mora em São Paulo.

"Estou tentando lugares um pouco mais perto de casa, já que o Brasil é muito longe e seria difícil para minha família me ver e isso é importante para eles. Mas se o Reino Unido não der certo, estou super considerando o Brasil."

Os trabalhos do duo incluem o curta-metragem "Leave", gravado no Michocão, que trata da emigração dos artistas e do desamparo que muitos deles sentem neste momento. "Toasts" é uma série feita em Zoom na qual Chibisguleva e Kilina fazem pastiches de discursos de autoridades russas.

"É difícil explicar coisas russas às vezes", diz Kilina. Ela diz que as primeiras palavras que vêm à sua mente quando pensa na Rússia atual são "catarse" e "tragédia". "Mas esses últimos anos são extremos. Com a guerra, mudou absolutamente tudo", diz.

"A palavra guerra é proibida. A palavra paz proibida. Você não pode criticar nada sobre o exército. É crime."

No Brasil, Kilina canta sobre guerra e outras coisas. Ela tem uma banda, chamada Meta Golova. Na canção "Na Trone", ela declama, em russo: "Queimando em vermelho pelo vento, foguetes estão voando!/ Mais vermelho queimando,/ anoitece no Oeste,/ falta ar./A morte subiu ao trono...".

A imagem apresenta duas cenas distintas. Na parte superior, uma mulher está deitada no chão, parcialmente escondida atrás de um botijão de oxigênio, com mangueiras enroladas, em um ambiente urbano com paredes de concreto. Ela usa uma blusa preta e luvas brancas. Na parte inferior, a cena é invertida, mostrando uma mulher sentada em uma mesa, com um ambiente mais escuro e iluminado por uma luz suave, enquanto interage com um dispositivo eletrônico. A mesa tem alguns objetos e uma cadeira visível.
Lena Kilina (em cima) e Sofya Chibisguleva, membros do dua artístico Mainline Group; Lena mora em São Paulo e Sofya em Moscou - The Mainline Group/Divulgação

Guerra e paz

"Eu diria, em geral, o ponto de virada politicamente, não só para os artistas, mas para todos, foram os protestos na Praça Bolotnaya", diz Sofya Chibisguleva sobre a onda de manifestações que tomou a Rússia entre 2011 e 2013.

Naquele momento, diz a artista, o governo optou por uma abordagem de perseguir pessoas nas artes e cultura e educação e na ciência.

"Porque antes disso, eu diria que talvez as autoridades não os considerassem realmente como uma ameaça. Eles estavam muito mais preocupados com os oponentes políticos", diz.

A coisa começou a piorar em 2021, quando aconteceram os protestos contra a prisão de Alexei Navalni, célebre opositor de Putin que morreu em fevereiro deste ano. "Foi aí que as autoridades tornaram-se violentas com as pessoas, em grande escala, víamos pessoas sendo detidas e torturadas, numa escala massiva. Antes, esse tipo de coisa acontecia, mas não tão… Não era tão popular, vamos colocar assim", diz.

De lá para cá, alguns casos ganharam manchetes internacionais. Em São Petersburgo, a artista Sasha Skochilenko foi condenada a sete anos de prisão por uma performance em que colocou mensagens antiguerra em cinco etiquetas de preço de produtos de supermercado. Ela foi solta após dois anos na prisão, como parte de um acordo de troca de prisioneiros, no qual também foi solto o jornalista do Wall Street Journal Evan Gershkovitz e outras 22 pessoas. As negociações envolveram Estados Unidos, Alemanha, Rússia e Belarus.

No campo das artes cênicas, a diretora Evgenia Berkovitch e a dramaturga Svetlana Petrichuk foram condenadas a seis anos de prisão pela peça "Finist, o Bravo Falcão", que narra a história de mulheres russas que se casam com terroristas islâmicos, uma alegoria para falar do machismo na sociedade russa. A peça ganhou a Máscara de Ouro, prestigiosa premiação do teatro russo. Berkovitch e Petrichuk foram colocadas na lista de "terroristas ou extremistas".

Já outra artista, Yulia Tsvetkova, foi indiciada por ter feito uma série de ilustrações retratando mulheres com pelos pubianos fartos, rugas, celulite, estrias e músculos, além de representações abstratas de vulvas. Ela foi acusada de distribuição de pornografia, o que pode ser punido com até seis anos de prisão. Tsvetkova foi absolvida após quase três anos presa, mas promotores recorreram da decisão. A artista decidiu fugir do país.

O dramaturgo Mikhail Durnekov, que já escreveu uma peça sobre a anexação da Crimeia. Após se posicionar contra a invasão da Ucrânia, Durnekov foi removido do Sindicato dos Trabalhadores do Teatro da Rússia. O Departamento de Cultura de Moscou cancelou todas as apresentações de peças do artista. Ele fugiu para a Finlândia, com receio de sofrer represálias.

Em comum, essas pessoas participaram de manifestações ou se posicionaram publicamente contra a guerra ou contra a política anti-LGBT de Putin.

A própria Sofya Chibisguleva chegou a ser detida por alguns dias em meio à onda de protestos pró-Navalni, no início desta década, por causa de uma ilustração de um utensílio de limpeza. Na época, o opositor havia um vídeo sobre o "palácio de Putin". Segundo o vídeo,o presidente russo estaria construindo uma mansão nababesca na costa do Mar Negro. Entre as novas aquisições de Putin, estaria uma escova sanitária, daquelas de limpar privada, de 700 euros (cerca de R$ 4.200) —num país em que 13,5 milhões viviam abaixo da linha da pobreza em 2023, segundo o Rosstat, agência de estatística do Esado russo. O objeto virou uma metáfora da insatisfação com o governo e passou a ocupar mãos de manifestantes por todo o país —e foi tema de uma ilustração de Sofya. A figura do objeto vinha com os dizeres "faço consórcio para comprar escova sanitária", como parte de uma performance-piada em que ela convidava outros manifestantes a fazer uma vaquinha metafórica para inteirar os 700 euros.

"Eu estava com uma mochila porque sabia que iria a uma manifestação e que provavelmente seria detida. Muitos russos sabiam que se você for a um protesto, você tem que levar um kit de sobrevivência, com remédios essenciais, um par de meias, um pouco de água, um pouco de comida, seu passaporte, um telefone extra, um banco de energia, porque é provável que, se você for detido, você estará lá por no máximo duas semanas.", conta a artista.

"Coisas terríveis estão acontecendo agora, absolutamente terríveis", diz o pioneiro Avdei Ter-Oganyan. "O governo age de forma muito truculenta porque não entende com o que está lidando." Ele dá o exemplo do artista e ativista Piotr Verzilov, porta-voz do grupo Pussy Riot, que juntou-se às Forças Armadas da Ucrânia. "Eles [autoridades] realmente veem essas pessoas como perigosas, mas eles não conseguem diferenciar quem é quem [dentro da comunidade artística]. Portanto, o governo age como um grupo monstruosamente primitivo", pondera o artista.

Ter-Oganyan diz que vê principalmente artistas jovens indo embora. "Existe uma polarização de opiniões incrível. Uma intensidade tão incrível que eu não vi na década de 1990." E essa polarização, ele diz, é temperada pelo que ele chama de "política pop". "Não existem categorias políticas. Puramente emoções", opina o artista.

"Quando a guerra começou, uma grande quantidade de jovens diziam ‘não podemos viver num país que iniciou uma guerra", como se esta guerra não existisse desde 2014", diz o artista, ecoando a visão de muitos russos de que a guerra com Ucrânia teria, na verdade, começado com a invasão da Crimeia, dez anos atrás.

"Houve conversas sobre como era possível estudar arte quando há uma guerra. Bem, as guerras no mundo contemporâneo acontecem o tempo todo, por assim dizer, certo?"

A imagem apresenta uma máscara estilo balaclava, grande e vermelha, com orifícios para os olhos e a boca, emergindo de um solo com neve, com fumaça preta saindo de ambos os olhos da máscara. O cenário é sombrio, com um céu azul claro e uma vegetação escura ao fundo
Adams Carvalho

Eu fico

Segundo o instituto independente Levada, em agosto de 2024, 85% dos russos apoiavam o andamento do governo Putin —estava na faixa dos 60% nos meses anteriores à guerra.

"A maioria da minha família apoia Putin e apoia o que está acontecendo hoje em dia na Ucrânia, por exemplo", diz a siberiana Lena Kilina, em português.

Diferente de sua amiga Sofya, moscovita da gema, Lena conta que sua família é do interiorzão da Rússia.

Ela conta que até tentava mandar artigos e informações para seus parentes, mas o diálogo foi ficando cada vez mais truncado. "Ah, não tem conversa. Eu desisti um pouquinho, na verdade."

Ela diz que seu pai a chama jocosamente de "pyataya kolonna", ou "quinta-coluna", expressão usada para definir pessoas que atuam contra seu povo, favorecendo o inimigo numa guerra.

Os ânimos para tentar encontrar pontes entre grupos que se opõem também não têm ganhado eco em Moscou.

"Agora, não há protestos, porque as pessoas não têm esperança. E especialmente para as artes, não me vejo capaz de ter uma carreira aqui como artista sem censura", diz Chibisguleva .

"Neste ponto, para mim, estar segura e poder sair sem ficar monitorando constantemente meus arredores, procurando policiais ou algo assim, parece um luxo."

Ela diz que tem encontrado dificuldades burocráticas para conseguir um visto de artista no Reino Unido, sobretudo para conseguir cartas de recomendação de residentes de lá. Segundo ela, as pessoas têm receio de se associar com cidadãos russos e isso manchar de alguma forma a reputação deles.

Mas ela deve ficar um tempo em Moscou ainda. Em junho, seu pai foi diagnosticado com câncer. Entre emigrar logo e cuidar de seu pai, Chibisguleva escolheu a segunda opção.

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