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‘Twisters’, do diretor Lee Isaac Chung, é um bom produto de sua época

Mesmo quando acerta, no entanto, o longa-metragem atende mais a demandas de mercado do que às suas boas ideias

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Twisters

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  • Classificação 12 anos
  • Autoria Lee Isaac Chung
  • Elenco Daisy Edgar-Jones, Glen Powell e Anthony Ramos

Um erro recorrente na atual onda de remakes e reboots de Hollywood é o da insistência em reproduzir o original no novo filme. "Twisters", a continuação do "Twister" de 1996, brinca com essa armadilha logo no início, com um grupo novo de estudantes atrás de tornados.

Mulher sentade em um carro
Daisy Edgar-Jones as Kate, in Twisters directed by Lee Isaac Chung. - Melinda Sue Gordon/Universal Pic/Melinda Sue Gordon

De repente, um dos instrumentos meteorológicos do primeiro capítulo surge na picape dirigida por eles, como se preservado pela força da nostalgia.

A expectativa aí é que a sequência, a exemplo do sétimo "Star Wars", use o aparelho para inundar a tela de elementos, falas e personagens do antecessor. Mas o brinquedo, batizado de Dorothy, se perde em um rastro de destruição de um tornado que atinge os jovens. Nesse momento, o filme parece avisar o público de que o que vem a seguir está longe de um repeteco.

O que é uma bela mentira, em tempo, mas que pega bem para a produção —até porque a piada diverte pela sutileza. No fundo, o longa de Lee Isaac Chung segue passos parecidos com os da trama dos anos 1990, do diretor Jan de Bont.

Mas a continuação cria vantagens dentro desse cercadinho. Primeiro porque as mudanças de rumo são suficientes para deixar a trama imprevisível. Com o público, a continuação acompanha o ritmo de seus tornados, que estão sempre confundindo os protagonistas sobre a sua escala.

Um bom exemplo está na nova protagonista, Kate, vivida por Daisy Edgar-Jones. Como o personagem de Bill Paxton no original, ela volta ao corredor dos tornados americano depois de jurar uma aposentadoria precoce.

O estado do Oklahoma também mudou desde 1994, com um avanço nítido do aquecimento global. Um amigo de Kate, que a convence a voltar à região, chega a dizer que financiou a sua pesquisa do fenômeno graças à preocupação das empresas.

Para piorar, o campo da ciência do clima está dizimado. Além da iniciativa privada, que tem seus interesses escusos, Kate descobre o avanço das redes sociais na caçada. Ela encontra um grupo de YouTubers, apelidados de domadores de tornados, que vão atrás dos temporais pela adrenalina e pela audiência.

Assim, temos de novo dois grupos perseguindo as mesmas nuvens negras no interior americano. Apesar das reviravoltas, "Twisters" diverte nessas coincidências, ainda mais quando encontra a ação frenética de ir atrás e, depois, fugir de um tornado. Nesse ponto, Lee Isaac Chung não é Jan de Bont, mestre holandês da fotografia que tinha um prazer pela alta velocidade. Mas o diretor americano usa com sabedoria a câmera na mão para se aproximar da destruição, fazendo bom uso do suspense onde é possível.

Além da ação, "Twisters" tem à mão um elenco recheado de novos talentos, em uma versão anabolizada do original. Vira uma sessão de batismo de jovens astros, de Glen Powell —de "Assassino por Acaso"— a David Corenswet —o novo Super-Homem—, que faz uma ótima imitação de Cary Elwes. Reiterações como essa reforçam o filme como experimento controlado de sua produtora, a Amblin, de Steven Spielberg. Mesmo quando a continuação acerta, ela atende mais a demandas do que a boas ideias.

Lee Isaac Chung aspira a Spielberg antes de Jan de Bont em seus impulsos artísticos. Tudo isso ajuda a reforçar a grande influência do diretor de "Jurassic Park", mas deixa "Twisters" um tanto limitado. O filme é o bom aluno e, de novo, um produto da época.

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